domingo, 18 de fevereiro de 2007

discos de pianista sob suspeita

Quando morreu, em junho do ano passado, a pianista britânica Joyce Hatto deixou para trás uma legião de fãs que nos últimos anos haviam criado um culto em torno de seu trabalho. Após um início de carreira promissor, ela abandonou os palcos nos anos 70 por motivos de saúde e passou a se dedicar apenas a gravações de autores como Chopin, Rachmaninoff e Liszt. Arquivados por muito tempo, os discos começaram a ser lançados nos últimos anos, tranformando-se logo em peças de colecionador, segredo revelado de um talento sobre o qual se conhecia muito pouco - o "New York Times" chegou a se referir a ela como uma das mais interessantes pianistas do século 20. Pois agora a "Gramophone" publica em seu site um artigo em que questiona a autenticidade da maior parte de suas gravações. O editor da revista, James Inverne, descobriu a fraude de maneira bem peculiar. Ao tentar salvar em seu computador uma faixa de um dos discos da pianista, a máquina lhe avisou que aquele arquivo já estava gravado, só que com o nome de outro pianista. Foi o ponto de partida de uma série de pesquisas que comprovaram os plágios. Mais informações você encontra no site da Gramophone, onde há também links para sites em que as gravações de Hatto e as originais podem ser comparadas. Para ler, clique aqui. A história já repercute em outros veículos, como o New York Times. Para ler, clique aqui.

Um comentário:

Unknown disse...

É uma história parecida com a das gravações atribuídas a Jacques Klein -- incluídas pela Masterclass em sua coleção de Grandes Pianistas -- e que, depois, graças à audição atenta de um crítico francês, constatou-se que era um recital da pianista grega Rena Kiriakou. Nesse caso, pelo menos, não havia a intenção de fraude -- era apenas uma questão infeliz de troca de caixas, no arquivo. Agora, fazer passar como suas as gravações de outros artistas é coisa para entrar para a história das grandes fraudes: -- o escocês James McPherson publicando os seus próprios poemas, e atribuindo-os a um poeta gaélico que teria se chamado Ossian mas, na realidade, nunca existiu; -- Bettina Brentano publicando uma extensa correspondência (toda falsa) dela com Goethe (a própria Bettina, uma mitômana de carteirinha, escreveu todas as cartas, imitando a letra do poeta); -- ou a história daquele genial falsário holandês que pintou vários quadros de Rembrandt e de Vermeer, autenticados por especialistas conhecidos em pintura flamenga.