segunda-feira, 19 de novembro de 2007
criador e criatura
A revista “Veja” traz na edição desta semana um artigo de seu crítico de música Sérgio Martins sobre o maestro John Neschling e a Osesp. A proposta do texto é simples – chegou a hora de pensar em um substituto para Neschling. Os motivos para isso? Martins reconhece todos os feitos do maestro, a construção da Sala São Paulo, a reconstrução dos quadros artísticos da orquestra, a redefinição administrativa que levou à criação da fundação, a capacidade de manter o poder público como grande patrocinador ao mesmo tempo em que buscou e conseguiu apoio cada vez maior da iniciativa privada. No entanto, para Martins, a temporada 2008 recém-anunciada dá sinais de exaustão, estagnação – a orquestra estaria começando a se repetir no repertório, apenas dois ou três maestros e solistas de primeiro time estão entre os artistas convidados. Mais: na conta de Martins, entra também a própria regência, em sua opinião, burocrática de Neschling, que estaria contribuindo no processo de estagnação artística, impedindo o grupo de refinar a sua sonoridade. Em outras palavras: Neschling foi fundamental na reconstrução da Osesp, transformou a orquestra em paradigma na música clássica brasileira mas, enfim, chegou a hora de dar um passo para trás para que a orquestra siga adiante. Você pode ou não concordar com Martins. Mas a questão da sucessão de Neschling é importante na medida em que nos faz pensar na solidez institucional da Osesp. Conhecemos, não é de hoje, a rotina brasileira no que diz respeito a projetos artísticos. Nela, continuidade é palavrão. A cada mudança política, alteram-se também os dirigentes de teatros, orquestras. E os novos chefes, uma vez no cargo, deixam de lado tudo o que já foi feito e iniciam, do zero, sua gestão, querendo deixar a “sua marca” – o que, aliás, raramente acontece. E isso se dá porque os projetos não conseguem atingir, até por questão de tempo, uma solidez, uma rotina equilibrada de trabalho e de resultados que torne difícil a um sucessor derrubar aquilo que foi feito em gestões anteriores. Já dá para dizer sem problemas que a Osesp é um paradigma no cenário musical brasileiro, que atingiu metas jamais sonhadas por outras orquestras do país, seja no que diz respeito à sua estruturação executiva, seja na quantidade e qualidade de concertos. Na nossa conta, portanto, seria uma marca sólida o suficiente para sobreviver a uma mudança de chefia. No entanto, há algumas sutilezas que precisam ser levadas em consideração. Uma das características principais do processo de restauração da Osesp é a maneira como ele se confunde com a imagem do maestro Neschling. Seja pela personalidade forte do maestro, seja por campanhas de marketing habilmente construídas, associou-se nos últimos anos criador e criatura. Não por acaso o maestro tem sobrevivido às inúmeras batalhas, levadas a cabo por parte da crítica, pela classe musical e até mesmo por dois governadores e uma secretária de Cultura, para removê-lo da direção da orquestra; não por acaso, ele sobreviveu no cargo a episódios embaraçosos, como a demissão dos representantes dos músicos da orquestra ou, mais grave, a manipulação da lista de candidatos ao concurso internacional de piano promovido pela Osesp; e, finalmente, não por acaso, sempre que se fala em sucessão, personalidades do mundo artístico e membros do público se lançam contra a idéia, temendo o fim do projeto Osesp. É como se a saída de Neschling significasse, automaticamente, o fim da orquestra e do trabalho que ela vem desenvolvendo. Se é esse o caso, então algo está errado. Se a saída de Neschling significará o fim da Osesp, então a orquestra tem data para acabar? Quantos anos de Osesp ainda temos pela frente, então? Em um contexto como esse, apesar de todas as novidades que o projeto Osesp trouxe para o cenário musical brasileiro, ele insiste em um dos vícios desse universo e, por que não, de toda a vida pública brasileira – a personalização que deposita em uma só pessoa a esperança de salvação e enfraquece as instituições. A solução talvez seja um tanto paradoxal – ao mesmo tempo que o trabalho de Neschling ajudou a resgatar a Osesp, deve ser ele também o responsável por criar na orquestra a solidez que garanta sua existência depois de sua saída, sob o comando de outros maestros. Dez anos depois, está na hora de começar a pensar no assunto.
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12 comentários:
eu não acho que está no hora de pensar em uma sucessão. acho que está na hora de nos preocuparmos com os outros corpos estáveis brasileiros. beijos, pedrita
Acho que uma coisa não invalida a outra Pedrita! Embora a situação dos 'outros corpos estáveis' seja muito mais complexa!
O que se vê no 'politburo cultural' é que secretarias de cultura (municial e estadual) usam o exemplo 'personalista' do Neschling e nomeiam 'técnicos administrativos' em diversos cargos culturais para que façam um "choque de gestão" na pasta (seja lá o que isso signifique!). Com isso não existe 'discussão' cultural nenhuma em nenhum lugar e ficamos presos a burocratas que não entendem nada de arte e cultura!
Neschling teve e tem sim o seu mérito o que não teve nesses 10 anos foi um Secretário de Cultura que pudesse dialogar com ele "no mesmo nível" e discutir um projeto artístico para o Estado, deixando para o próprio maestro esta tarefa.
O resultado é óbvio, o seu próprio desgaste e o desgaste de quem o tirar de lá! Mas o mundo não vai acabar, muito menos a OSESP, teremos apenas uma bela crise para ampliarmos essa discussão.
Bjos
O problema são os argumentos do Sérgio Martins. Dão a impressão de que ele está querendo achar um motivo para forçar uma transição não natural.
Enviei uma carta à Veja. Aí está:
"Após a leitura, na edição de 21 de novembro de 2007, do artigo Como Fugir do Marasmo, assinado pelo Sr. Sérgio Martins, senti-me impelida a me manifestar. Freqüento semanalmente os concertos da OSESP e o que li na reportagem da Veja não condiz com o que tenho testemunhado na Sala São Paulo. A cada semana, o público paulistano é brindado com um programa que sabe dosar compositores já consagrados pelo veredicto popular com outros menos conhecidos, como Kalevi Aho ou Henri Dutilleux. Ousadia e competência já fazem parte da programação da OSESP. São provas disso a presença de peças raramente executadas devido à grande complexidade, como O Sonho de Gerontius (Elgar), o Concerto para Piano de Busoni e, sobretudo, a impecável montagem, sob a regência do maestro Neschling, da ópera Elektra, de Richard Strauss – praticamente ignorada pela imprensa, em uma demonstração de injustiça, parcialidade e falta de sensibilidade. Além disso, deve ser destacada a bem-sucedida turnê da OSESP pela Europa, demonstração de um “milagre brasileiro” segundo o Le Monde, que mereceu críticas extremamente favoráveis da imprensa internacional, bem mais dignas de credibilidade que a fala de um renomado solista anônimo, citado pelo Sr. Martins.
Um olhar na programação de 2008 revela, ao contrário do que escreveu o Sr. Martins, a presença de compositores desconhecidos do grande público, como Alexander Zemlinsky, Erich Korngold e muitos outros, bem como a estréia de obras brasileiras. Dentre os “instrumentistas notáveis”, que não são tão “poucos”, ele se esqueceu dos brasileiros Antonio Meneses e Arnaldo Cohen, bem como de Jean-Philippe Collard, dentre outros. Além disso, uma importante inovação: a intensificação, com a criação do Quarteto OSESP, da presença da música de câmara, prática ainda deficiente no Brasil.
Quanto ao gestual do Maestro Neschling à frente da orquestra, creio que nem eu nem o Sr. Martins tenhamos conhecimento técnico suficiente para avaliá-lo. Diferentemente do Sr. Martins, prefiro me abster a valer-me frases pejorativas e, mais uma vez, anônimas.
Não quero defender que o cargo ocupado pelo maestro Neschling deva ser vitalício. Porém, a transição deve ser conduzida de forma natural e no momento oportuno, sem intrigas ou interferências políticas.
Como cidadã, sinto orgulho da OSESP, de ver meu país representado de forma tão competente, em turnês internacionais e com gravações premiadas. Não só nos concertos, mas também nos programas educacionais da Fundação OSESP e na Academia OSESP, encontro um raro exemplo de bom retorno dos monumentais tributos que pago. "
Além disso: concordo com a Pedrita: devemos nos preocupar com as outras orquestras, para que surjam outras com a qualidade da osesp. Será que basta uma boa orquestra no nosso país? Por que não deixamos em paz o que está funcionando bem e não nos preocupamos em fazer com que outras também funcionem?
Vejam o que a saída, por razões políticas, do ótimo Ira Levin causou na agora decadente Orquestra Municipal.
na qualidade de não paulistano, de um mineiro que mora em BH e que vê de longe, o mais das vezes , o que acontece na OSESP, percebo, por um lado, a tremenda importância que teve a presença do JN frente à construção física ( Sala São Paulo, montagem da base operacional da orquestra e coror, etc.) e artística ( seleção de músicos, sonoridade, etc.) da OSESP. Um conjunto de circunstâncias econômicas ( SP é o estado mais rico..), políticas ( a vontade do Estado, representada pelo Mário Covas) e culturais ( não é São paulo a cidade mais multicultural do país?) fizeram a OSESP tal qual ela é.... sozinho o Neschling não faria um verão... Nesse sentido, penso que o Neschling tenha sido o catalizador, o operacionalizador de tudo o que aconteceu.
Porém, penso que ele - como tantos outros maestros que assumiram a regencia pirncipal e diretoria artística de diversas orquestras pelo mundo (Karajan em Berlim ou James Levine no MET de Ny, para citar somente dois...) - cometeram e cometem o pecado mortal de quererem sempre para si a melhor fatia do bolo, aquela história de "dois delicados para mim, um delicado para você"; essa superexposição cansa o público e dá uma sensação de "deja vù" que acaba produzindo essa vontade de sucessão, de ares novos.
Não sei não, mas tivesse a OSESP um outro maestro principal (ou o termo que se queira) com o peso do Minczuk, ou dois ( O Ira que fez um notável trabalho na sinf. municipal), também, para ficar com nomes conhecidos e palpáveis do cenário paulistano, dividindo com eles o tempo e a programação da OSESP ( no sentido, inclusive de criação dos programas e dos convites aos outros regentes convidados) talvez a situação fosse diferente.
não conheço o Neschling, mas tenho a sensação de que ele não divide com facilidade os spots; se dividisse....
há um principío em gestão empresarial que diz que equipes que brigam entre si são perdedoras, equipes que brigam com outras equipes são vencedoras. Acho que é o caso....
Não posso concordar com algo assim. A reportagem é no mínimo estranha, uma vez que ignora compositores que jamais ouviríamos com boas execuções (exatamente como vem ocorrendo ao longo dos últimos anos), solistas de renome ignorados como o caso de Antonio Meneses e regentes de primeira linha tb. ignorados como Eiji Oue. Da mesma forma ignora as conquistas da orquestra e a qualidade de seus músicos. Acho muito improvável que uma orquestra que sem padrão e que apenas “toca forte” consiga o CD do mês da Gramophone e ter um de seus CDs como finalista entre os 3 melhores concertos gravados em CD no ano. Isso sem falar no Grammy Latino e nas inúmeras criticas internacionais. Como a Fabiana tb. enviei carta a Veja apresentando essa minha opinião.
Sucessão deve ser pensada, mas nunca através de uma ação política ou armações como temos visto ultimamente e sim por mérito ou demérito. A Osesp é a única orquestra que em outubro já apresentou toda a temporada de 2008. A única que já conseguiu terminar a renovação de assinaturas e já começa com as novas. De saída política já nos basta o Ira Levin com o nosso municipal que depois de sua saída vem passando por situações muito difíceis. Sorte da orquestra de Brasília. Aliás... acho curioso como acham que deve haver uma sucessão numa orquestra que consegue montar uma temporada de mais de 130 concertos no ano e já apresentá-la e que vem recebendo elogios da critica internacional especializada, ganhando os prêmios já mencionados e ninguém comenta absolutamente nada a respeito do nosso Municipal. Será que ele está tão bem assim ? Será que o futuro absolutamente incerto... o fato de não sabermos ainda se no ano que vem acontecerá o mesmo que neste segundo semestres ou seja nenhuma montagem de ópera no mais tradicional palco da ópera paulista ???????? Curiosa a prioridade que certas pessoas tem de mudanças em nossas orquestras
Acho interessante ainda colocar um artigo que o jornalista Alberto Dines colocou no site do Observatório da imprensa do dia 20/11/2007, com o titulo "Veja precisa mudar, hora de pensar na sucessao"
Onde ele comenta justamente sobre essa materia da veja.
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=460CIR002
Assino embaixo dos textos da Fabiana e Poletti, se eles assim o permitirem.
Acho incrível, para não dizer revoltante, estar a discutir sucessão na OSESP, a única coisa que funciona surpreendentemente bem, e cada vez melhor, no mundo musical brasileiro.
O texto da VEJA é lamentável!
Aquele cidadão, para escrever o que escreveu, parece não ter nenhuma idéia séria a respeito do que seja a programação de concerto de SP e, com certeza, também desconhece o cenário musical internacional. É triste!
Fabiana, Poletti e Affonso concordo completamente com vocês e com seus argumentos e quero colaborar, adicionando alguns pontos.
1. Por que a imprensa só fala da OSESP quando a crítica é negativa? Por que aparecem comentários somente quando o solista ou o regente ou ambos são estrangeiros? Notável a presença da imprensa escrita em concertos e apresentações fora de São Paulo. Temos comentários das temporadas de outras cidades, onde a grande "novidade" é a execução de um ciclo Mahler, mas de São Paulo e da OSESP, nada. E em São Paulo, pela primeira vez em sua vida musical, temos a oportunidade de assistir durante anos, concertos de grande qualidade semana após semana, sem ter de estremecer nas bases, pensando que pobre destino terão as peças apresentadas. Temos uma orquestra que se aperfeiçoa continuamente, apresentando modificações perceptíveis. Sou assinante da série 'Um Certo Olhar' há 4 anos. É um exercício fascinante perceber quanto essas apresentações de pequenos grupos de câmara são valorizadas pelos músicos e quanto eles se empenham nas interpretações. NUNCA foi detectada a presença de um membro da imprensa nessas apresentações.
2. Não leio Veja e percebo que faço bem; evito ficar brava. "Estagnação"! Será que o crítico já se propos a contar quantas vezes as, assim chamadas, grandes orquestras apresentam cada partitura? Disse Furtwängler que um Brahms fica pronto após a centésima apresentação. Não quero um Brahms cem vezes, mas a mensagem é clara; o amadurecimento da orquestra precisa passar pela repetição. E a maior parte das repetições da OSESP no próximo ano contarão com intérpretes (regentes inclusive) diferentes das apresentações anteriores. Por outro lado, quantas vezes "Tragédia Florentina" foi apresentada em S.Paulo? "Cidade Morta" aparece em programações mensais? As peças de Bartók, de Roussel, para não falar das de Maxwell Davies não me parecem habitar repertórios estagnados.
3. O que quer dizer "instrumentista notável"? Um endeusado pela mídia ou aquele consagrado pelo 'uso'? Percebe-se que o autor da crítica é mais um que fala do que não viu. Os freqüentadores assíduos dos concertos da OSESP já aprenderam a esperar grandes e agradáveis surpresas de nomes praticamente desconhecidos em nosssas paragens. Por outro lado, argumentar que Michel Plasson, Helmut Rilling, Peter Schreier, Piotr Anderszewski, Eiji Oue, Sarah Chang, Jean-Philippe Collard etc não sejam conhecidos, não confere ao conhecimento do mundo musical por parte do Sr. Martins uma credibilidade sequer razoável.
4. Não sei para quem é novidade a informação de que John Neschling não é autor único do fenômeno OSESP. Foi um trabalho de muitas mãos, mas Neschling representa o elo de ligação do que se pretendia e do que se faz. Não defendo cargos vitalícios, mas me parece que a obra de Neschling ainda não terminou. Como bem nota Fabiana, a Academia OSESP precisa ser consolidada, iniciativas como simpósios das orquestras brasileiras são muito importantes para ficar só na primeira edição. Os outros regentes que atuam no Brasil e que tem a mesma capacidade de trabalho, iniciativa, pulso e determinação deveriam ser persuadidos a usar seus atributos para cuidar das tantas instituições decadentes com que temos de conviver. E deixem o Neschling continuar trabalhando!
Quanto ao Neschling não dividir o pódio. Ele já dividiu e não deu certo. Aliás, eu não conheço um exemplo sequer no mundo que tenha dado. No entanto, é só ouvir o entusiasmo revelado por seu regente assistente, Vitor Hugo Toro, quando comenta sua atividade junto à orquestra, para se convencer que este tipo de colaboração parece funcionar bastante bem.
Finalmente, a OSESP está muito bem agora, mas não há garantias de que se não vá se transformar em mais uma bandinha com músicos totalmente desmotivados, após modificações desastrosas e desastradas. A sucessão de Neschling deve ser tratada seriamente e seriedade é o que parece faltar aos críticos, em geral. Leviandade, preferências pessoais por nomes, birras sem sentido não devem ter lugar no processo. A OSESP é motivo de orgulho e quero quer continue assim.
João,
preciso dizer que realmente não dá para discordar de você - tanto é assim que todos os tópicos do Maurício, Fabiana e Mirian acabam discordando é do Martins, né? Divergindo dos seus argumentos, nenhum não entra no mérito tão evidente de seu artigo. Sendo um assinante de primeira hora e participando atualmente de três séries da Osesp, percebo com pesar que tal discussão seja inviável em qualquer fórum público que diga respeito à nossa querida instituição - orkut e o youtube parecem orgão petistas de tão totalmente aparelhados! Acho que finalmente você levanta o ponto certo, no tom certo - e, a rebote desta discussão polêmica, na hora certa.
O ponto que vc Levanta, João é se a Osesp teria condição de sobreviver a saída do maestro. Na minha opinião depende de como a transição é feita. Acredito que tudo o que é feito de forma traumática, as pressas, sem qualquer planejamento pode sim prejudicar um trabalho sólido como o que temos. O que me causa certa angustia, freqüentando semanalmente os concertos da Osesp é como essas discussões começam. Elas nunca se iniciam de forma tranqüila clara, sem ofensas ou acusações, mas sempre após algum episodio discutível que normalmente pode ser rebatido e que sempre parece surgir com o objetivo de forçar uma situação. Sempre que esse tipo de coisa surge, me preocupo muito com possíveis decisões atabalhoadas sem qualquer planejamento, apenas para apresentar respostas simplórias a questões discutíveis. A falta de planejamento sempre foi um dos grandes problemas de nosso país, isso em qualquer área. Não vejo necessidade de mudanças na Osesp, agora, como já falei acima acho que temos outras instituições musicais importantíssimas que precisariam de cuidados e atenção da mídia urgente, como é o caso do nosso municipal, mas quando as mudanças na Osesp ocorrerem torço para que seja da forma mais clara possivel, sem decisões escondidas e com o planejamento necessário.
Acho que a discussão é importante. Afinal diz o João, "já dá para dizer sem problemas que a Osesp é um paradigma no cenário musical brasileiro, que atingiu metas jamais sonhadas por outras orquestras do país, seja no que diz respeito à sua estruturação executiva, seja na quantidade e qualidade de concertos. Na nossa conta, portanto, seria uma marca sólida o suficiente para sobreviver a uma mudança de chefia."
É diante disso que a Osesp não vai acabar e deve começar a planejar a mudança imediatamente. Los Angeles terá o maravilhoso Dudamel a partir de 2009 - e isso foi anunciado em meados de 2006! Ou isso é possível em são paulo ou a estruturação não foi bem feita. Simples assim. Afinal fizeram a fundação para proteger a instituição ou para proteger o Nechiling?
A diferença é que lá fora é tudo público, e por isso o governo não pode fazer transição ao bel prazer. são decisões internas, que por serem delicadas são sempre públicas (interessante sso não?), embora sejam fundações com muito menos dinheiro público que a da osesp. lá se sabe de antemão quanto ganha o maestro, qual o tempo do contrato, se ele é renovável ou não, em que condições, quem ocupará sua posição dali a tres anos... Aqui fica essa coisa obscura, e não se sabe coisa nenhuma! fica esse jogo de comadre, já que o contrato do Nechiling dura sabemos lá quantos anos mais... dicutimos no abstrato, a mercê de golpes de governo e que tais.
Mas sabe o que vai acontecer se ninguém se mexe na imprensa? Se e Conselho não estiver desde já planejando sua sucessão, é óbvio que a tendencia é que, na última hora, acabem renovando com Nechiling (por sinal quem entende de música naquele conselho que parece conselho de banco, por sinal...).
Se isso é devido, Nechiling ficar ou não fica depois do contrato, é algo que deve ser discutido inclusive com a orquestra ou assinantes, sei lá. Talvez o próprio Nechiling elegante como é pode indicar seu sucessor, que deve ser o assistente Vitor Hugo que é excelente. Mas se fica este escandalo cada vez q se toca no asunto, a mudança será sempre para um futuro inalcançável... E mais uma vez o projeto de música clássica mais importanet do brasil vai virar feudo político - um dia Nechiling morre e aí os Sacanas vão colocar quem eles quiserem!
É ao contrario do que diz o Maurício, por pensar na Instituição Osesp que estas matérias na imprensa e esta discussão levantadas pelo João devem acontecer abertamente. E é por adorar o trabalho do Nechiling, mas não confunidir o seu talento com a solidez da instituiçao que só posso ver com bons olhos a matéria da Veja.
Não posso ver com bons olhos a matéria da Veja e isso já comentei fartamente acima. Tudo o que foi levantado por ela tem argumentos facilmente rebatidos, como aliás já foram e podem ser lidos no meu comentário e o de colegas do blog. Tb. não entendo essa questão de obscurantismo. Pelo que sei está tudo definido e pode ser consultado por qualquer pessoa que indague a fundação a respeito. Tb. acho importante esclarecer que como eu disse acima, não acho que o debate levantado pelo João é invalido, muito pelo contrário. Acho interessante, sim, mas acho decepcionante a forma como eles começam, como escrevi acima, Eles nunca se iniciam de forma tranqüila clara, sem ofensas ou acusações, mas sempre após algum episodio discutível que normalmente pode ser rebatido e que sempre parece surgir com o objetivo de forçar uma situação.
Tb. como já mencionei, pessoalmente, não vejo razões para que uma orquestra que consegue em um único ano criticas muito favoráveis em jornais e revistas internacionais, em revistas especializadas em musica como a Gramophone que em um artigo do principio do ano chega a escrever “... Londres, Nova York, Paris... São Paulo?” ao apresentar a excelencia com que a orquestra vem sendo conduzida. Que neste mesmo ano conseguiu que um de seus CDs fosse escolhido o CD do mês da Gramophone e um dos 3 melhores lançamentos em concerto do ano pela mesma revista, além do recente Grammy latino. Que consegue apresentar uma temporada com mais de 130 concertos 3 meses antes do fim deste ano e com uma programação muito estimulante, com inovações que enriquecerão a musica paulistana, como o quarteto Osesp. Enfim, não entendo o motivo para que se deseje uma mudança tão urgente em uma orquestra como essa. Acho que pedir mudanças ao nosso querido municipal seria muito mais urgente. Alguém sabe se teremos alguma opera no ano que vem, quero dizer... com certeza e não apenas boatos? Vão colocar um projeto de desenvolvimento para o mais importante Teatro de Óperas de São Paulo? Ou teremos um Teatro de Óperas sem óperas como aconteceu neste segundo semestre?
Sobre o fato da fundação ter sido criada para proteger a orquestra, sim claro que foi para proteger a orquestra contra desmandos, principalmente relacionados a verbas. Agora, mudanças bruscas sem planejamento com a única intenção de apresentar respostas simplórias a questões discutíveis, pela experiência que temos em outros órgãos públicos, costumam resultar em resultados desastrosos. Como disse acima, acho que quando as mudanças na Osesp ocorrerem torço para que seja da forma mais clara possivel, sem decisões escondidas e com o planejamento necessário.
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