domingo, 2 de dezembro de 2007

momentos marcantes de 2007

Vamos ver se vocês topam. O final do ano está chegando e, com ele, logo vão aparecer na imprensa as retrospectivas, tentando dar conta do que de mais importante aconteceu em 2007. Bom, minha sugestão é a seguinte: que tal prepararmos uma retrospetiva nossa aqui no blog? A idéia é elencar os concertos, as gravações, os intérpretes que mais marcaram, na opinião de vocês, o ano musical. Não se trata de uma lista de melhores e piores mas, sim, de um inventário de momentos marcantes, seja lá por quais razões, musicais, pessoais, enfim, vivenciados ao longo do ano - fiquem à vontade e, como a memória às vezes nos trai, podem comentar e, mais tarde, voltar e deixar mais comentários depois. Bom, eu começo lembrando dois espetáculos que passaram agora pela cabeça, a produção da "Lady Macbeth" de Shostakóvitch no Festival Amazonas de Ópera, com Eliane Coelho no papel principal, e dos concertos de Thomas Hampson em São Paulo, interpretando canções de Mahler. Como repórter, foi bastante interessante acompanhar as aulas de Yo-Yo Ma e Kiri Te Kanawa, no Teatro Cultura Artística e no Festival de Campos, respectivamente. Bom, esses são apenas alguns dos muitos momentos do anos. Agora é com vocês, me ajudem a completar essa lista.

9 comentários:

Mauricio Poletti disse...

Pensando no Cultura Artistica, acho que Thomas Hampson foi o melhor programa que assisti. E no mesmo concerto a Sinfonia no.06 de Mahler. Uma leitura muito diferente, mas extraordinária. Não consegui assistir mas acho que o Yo-Yo Ma deve ter sido um dos pontos altos da temporada deste ano tb., pelo que meus amigos falam.

Pelo Mozarteum não assisti nada que fosse realmente marcante. Gostei do Tokyo String Quartet e me decepcionei com a Aida da Symphonica Toscanini.

Pela Osesp acho que o melhor concerto do ano foi a eletrizante apresentação dedicada a Corigliano com a presença do próprio compositor e com a regência do Maestro John Neschling e Victor Hugo Toro. Foi realmente magnífico. Ainda como parte dos grandes momentos de 2007 eu colocaria a execução da Sinfonia no.02 de Bruckner com o Skrowaczewski, a apresentação de sábado dos excertos do Crepúsculo dos Deuses com o Shipway e a Elektra com Neschling, que apesar de alguns problemas trouxe pela primeira vez a São Paulo uma das óperas mais extraordinárias de Richard Strauss.

Anônimo disse...

Thomas Hampson, pelo visto, foi uma unanimidade. E a Sexta de Mahler com o jovem Jordan foi igualmente ótima.
O concerto de Yo-yo Ma foi excepcional; mas Menezes e Antoni de Witt não ficaram atrás.
Gostei muito do recital de Robert Holl, sobretudo fazendo repertório russo.

Perdi, infelizmente, o concerto dedicado a John Corigliano, do qual todos me falaram muito bem.
Mas a Osesp teve ótimos momentos em 2007:
concordo com o Maurício que a #2 de Bruckner com Skrowaczewski foi ótima; mas a #3 com Günter Herbig também merece ser mencionada;
pelo simples fato de ter sido apresentada em SP, e pelas intérpretes de Clitemnestra e Crisótemis, "Elektra" precisa também ser mencionada;
e também a "Missa em si menor" de Bach com o Claus-Peter Flor;
Frank Shipway fez muito bem os trechos de Wagner -- especialmente os do "Crepúsculo dos Deuses" -- e regeu um impecável "Dream of Gerontius", bela homenagem ao ano Elgar.

Concordo com o João que Eliane Coelho, como Katerina Izmáilova, e a regência de Malheiro valorizaram muito a primeira apresentação no Brasil de "Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk" -- embora eu tenha sérias restrições à montagem de Caetano Vilela.

Dentre os muitos DVDs que vi ao longo deste ano, alguns me impressionaram especialmente:
"La Calisto" de Cavalli;
"Cardillac" de Hindemith, numa espetacular encenação de Jean-Pierre Ponnelle;
"Le Nozze di Figaro" regida por René Jacobs;
"Jenufa" com Nina Stemme e Éva Marton.
Foi ótimo o lançamento da série de filmagens históricas da década de 60, para a televisão alemã, de espetáculos da Ópera de Hamburgo.

Na área do CD, merece ser destacado o lançamento da integral do "Anel do Nibelungo" de Josef Keilberth, gravada ao vivo em Bayreuth na década de 60.
E foi bom ver a acolhida, no mercado internacional, aos discos gravados por artistas brasileiros: a Osesp, Nelson Freire.

Estou certamente esquecendo muita coisa importante. Conto com vocês para me reavivar a memória.

Anônimo disse...

E aqui do Rio, também destaco a excepcional Gustav Mahler Jugend (não curto a Sexta, mas reconheço uma orquestra boa quando aparece uma, independentemente do programa).

A OSB esteve muito, muito bem na suíte do Cavaleiro da Rosa, na estupenda Sétima de Beethoven, e nos Quadros de uma Exposição que abriram a temporada. Todos com Minczuk.

Dos maestros convidados da OSB, gostei muito do Zollman, figura já carimbada na temporada carioca.

Mas, acreditem, o melhor do ano foi mesmo um Rach 2 de arrepiar com o russo Berezovsky (o outro, o outro...) e a maltrapilha OSN da valente (e competente) maestrina Amadio (quem? João, vc esteve lá e pode referendar!)

Para o ano que vem, a OSB podia caprichar mais nos solistas de fora. Os melhores solistas estrangeiros que têm vindo ao Rio nas últimas duas temporadas vêm para recitais. Como exemplo, todos os russos que aqui estiveram para a Folle Journée, e os pianistas franceses (como François Guy) que vieram para uma integral de sonatas de Beethoven.

joãosampaio disse...

Poletti, boa a lembrança do Corigliano, assim como da Elektra. Fico com o Lauro ao atestar a importância do lançamento do "Anel" do Keilberth. Nosso colega anônimo relembra, do Rio, a Folle Journée, evento que também foi extremamente importante. E assino embaixo do comentário sobre o Berezovsky e da Sinfônica Nacional - Lígia Amadio desenvolveu um trabalho de exceção com o grupo, preparando, apesar de todas as dificuldades, três programas diferentes, interpretados em pouco mais de 24 horas. Merece registro, da mesma forma, também na Folle Journée, o recital do jovem pianista russo Andrei Korobeinikov, de apenas 20 anos, que fez um Rachmaninoff inesquecível.

Anônimo disse...

ao vivo, em Belo Horizonte, sem dúvida, a temporada relâmpago de ópera, com o "Falstaff" (regido pelo Malheiro) e "O Homem que confundiu a sua Esposa com um Chapéu" (que lotou o Palácio das Artes - 1700 lugares - nas três récitas).

em DVD destaco o lançamento (finalmente!) do ciclo monteverdiano de Zurique dirigido pelo Ponnelle e regido pelo Harnoncourt, uma Noiva Vendida da Ópera de Viena, com a Lucia Popp e o Siegfried Jerusalem, que ninguém suspeitava que existia (não havia sido editada anteriormente por nenhuma outra mídia), o ciclo de óperas de Hamburgo da época Lieberman (a começar da Flauta Mágica, "mágica", com o Gedda, a Mathis, o Dieskau e a Deutekom), O Tristão e Isolda ( mais um Ponnelle) e Os Mestres Cantores, ambos de Bayreuth.


Em CD, O disco do ano da Gramophone - o álbum duplo do Nelson Freire tocando os dois concertos de Brahms - , o recente álbum da Martha Argerich e amigos tocando Shostakóvitch, o lançamento dos tesouros do Covent Garden ( desde a Lucia de 1959 da Sutherland, ao Don Carlo do Vickers, passando por uma Butterfly perfeita da De Los Angeles, um Elektra eletrizante de uma desconhecida para mim, Gerda Lammers, um Don Giovanni do Solti com o Siepi e a Gencer de Donna Anna), O Dom Sébastien de Donizetti e o recente Maria da Cecilia Bartoli, que nos dá uma luz sobre uma das cantporas mais legendárias, Maria Malibran, e nos fará reavaliar aquilo que entendemos por bel canto.

Mauricio Poletti disse...

João acho que na Literatura dedicada a musica temos alguns lançamentos marcantes em 2007 e que certamente permanecerão como referencia nos próximos anos. Um dos que eu destaco é a Arte do Piano de Sylvio Lago que destrincha o instrumento, compositores e principalmente nos dá uma inestimável fonte de informação sobre os interpretes. Tornou-se para mim uma referencia tão grande quanto A Arte da Regência do mesmo autor. Outro livro que precisa ser destacado é o excelente volume da coleção História da Ópera dedicado a Richard Strauss do nosso Lauro Machado Coelho. O detalhamento de cada uma das óperas de Strauss passa longe das resenhas e dos comentários que vemos por aí. Temos em cada capitulo a história da criação de cada uma delas, uma análise profunda e um estudo sobre os registros realizados, algo com esse nível de cuidado e pesquisa, até onde eu sei, inédito em nosso país.

Outro que eu ainda não tive oportunidade de ler mas que imagino ser mais um belo lançamento de 2007 é o livro dedicado a Shinittke de Marco Aurélio Scarpinella Bueno.

Anônimo disse...

Minhas melhores lembranças de 2007:
-Ivan Fischer rege a 5a. de
Beethoven;
-Quarteto Hagen toca o 8º de
Shostakóvitch;
-Shipway e os excertos wagnerianos
e "The Dream of Gerontius"
-Skrowaczewski e a 2a. de Bruckner
-A missa em si menor de Bach(OSESP)
-"La Fille du Régiment" no TMSP
-"Il matrimonio segreto" no TSP
-"Romeu e julieta" de Berlioz
(OSESP)
-Concerto grosso nº 1 de Shnittke
(OSESP)
Houve uma enxurrada de DVDs com
óperas de Handel, quse todas muito
boas, mas nada se compara ao
"Giulio Cesare in Egitto" com
William Christie em Glyndebourne.
Mais dois elogios:
-Os magníficos dois CDs da OSESP
pelo selo BIS, com os concertos
de Liszt e a dupla Tchaikóvski/
Medtner, elogiadíssimos pela
Gramophone, e o lançamento de
três livros fundamentais por au-
tores que,felizmente, também
são meus amigos: Lauro e Strauss, Marco Aurélio e Shnittke
e Sergio Casoy com a Invenção da
Ópera. Abraços. Tales

Anônimo disse...

Acrescento:

- A pior decepção: Orchestra
Barocca di Venezia. Nunca
ouvi um Vivaldi tão pedante
e amaneirado.

- e, pasmem: a maior surpresa
foi o Neschling narrando "A
História do Soldado" de Stra-
vinski. Uma delícia!

Unknown disse...

Cultura Artística: a 7ª de Bruckner com a Orquestra do Festival de Budapest e Iván Fischer; o recital Yo-Yo Ma e Stott e as canções de Des Knaben Wunderhorn com Thomas Hampson e a Orquestra Jovem Gustav Mahler conduzida por Philippe Jordan(não gostei tanto assim da 6ª de Mahler, apresentada logo em seguida, que ouvimos melhor, mais madura com a OSESP e outras orquestras visitantes, como a Filarmônica de Israel com Mehta em 2006. Talvez essa não seja mesmo uma obra para orquestras jovens...)
Gostei bastante das duas apresentações da Symphonica Toscanini com Maazel: Aída e o recital em que Nancy Gustafson cantou a Cena Final de Salomé, repetindo apresentação de anos atrás com a OSESP.
Da OSESP, lembro-me especialmente do Concerto Corigliano, regido por Neschling e Toro, de Romeu e Julieta de Berlioz (Y.David), da Missa em Si de Bach (Flor) e do programa Wagner com Shipway, além da memorável Elektra, ponto alto da ópera em SP em 2007.
Ópera, aliás, até que tivemos bastante, mas nada realmente extraordinário. Saudades de Ira Levi e Malheiro no Municipal... Aliás, não terá chegado o momento de discutir a sucessão no TM e na Orq.Experimental de Repertório?
Grandes livros: o muito esperado "A Ópera em SP" de Sérgio Casoy, "As Óperas de Richard Strauss" do incansável Lauro Machado Coelho e o surpreendente "Shnittke" de Marco Aurélio S.Bueno, muito melhor do que a até então única biografia do compositor russo, de Alexander Ivashkin (Phaidon).
O ano foi bom para as gravações brasileiras: os cds da OSESP conseguiram o feito inédito de receber prêmios internacionais e resenhas entusiasmadas em repertórios disputadíssimos (Tchaikovsky, Liszt, Beethoven), o que não é pouca coisa. Nelson Freire gravou os cds do ano (Brahms). Não posso deixar de mencionar o maravilhoso cd com Villazón e Emmanuelle Haïm num programa Monteverdi.
Compartilho com o Renato o entusiasmo pelos dvds com as belas montagens de Ponnelle: as 3 óperas de Monteverdi, Tristão e Isolda (Barenboim) e o surpreendente Cardillac de Hindemith, ópera que ainda teve em dvd outra produção, também muito boa, com Nagano em Paris. Tivemos ainda em dvd as surpresas de Die Gezeichneten, de Schreker e agora, no fim do ano, o esperadíssimo Doktor Faust, de Busoni, com Thomas Hampson e o mesmo Philippe Jordan que ouvimos na Sala SP.
Que 2008 seja ainda mais rico!