sexta-feira, 23 de março de 2007

essas pessoas

"Elas precisam ser controladas porque, quando começam, não páram.... Eu chamo a atenção dessas pessoas não porque sou um sádico ou porque quero restringir suas liberdades individuais mas porque quero tocar o melhor possível e, quando as pessoas tossem ou fazem barulho, me deixam nervoso. Isso me incomoda, diminui a qualidade do meu trabalho”, diz o pianista Alfred Brendel, em entrevista à agência Reuters. Para ler a íntegra, clique aqui.

ópera pelo mundo

A soprano Ainhoa Arteta durante ensaio geral, ontem, de uma nova produção do "Diálogo das Carmelitas", de Poulenc, que estréia hoje no Palácio Euskalduna de Bilbao.



O tenor argentino Raul Gimenez durante ensaio da ópera "La Pietra del Paragone", de Rossini, no Teatro Real de Madri.


O tenor Plácido Domingo como Siegmund durante ensaio, quarta-feira, de "A Valquíria", no Kennedy Center de Washington.

O tenor Danilo Formaggia e a soprano Laura Rizzo durante ensaio, na quarta-feira, da produção do teatro São Pedro para "Lucia di Lammermoor", de Donizetti.

entrevista com john neschling

Ainda a propósito da turnê da Osesp: o maestro John Neschling deu uma entrevista a Jamil Chade, correspondente do "Estadão" na Suíça, publicada ontem no jornal. “O governo não tem berço. E me refiro à falta de berço cultural. Não há uma compreensão da importância do fortalecimento das orquestras e falta conhecimento no governo sobre a importância da música erudita. Há poucos meses, as orquestras do País se reuniram em uma liga nacional. Durante o primeiro encontro, tivemos a presença do ministro da Cultura Gilberto Gil. Ele reconheceu que o primeiro mandato do governo Lula não fez muito pelas orquestras. Mas prometeu que novas iniciativas seriam lançadas neste segundo mandato”, diz o maestro. Para ler a íntegra da entrevista, clique aqui.

são pedro - abertura

No Estadão de hoje, matéria que escrevi sobre a abertura da temporada do Teatro São Pedro, com recital da soprano Mariola Cantarero (hoje) e montagem da ópera "Lucia di Lammermoor", de Donizetti (amanhã).

no olho do furacão

Leonardo Martinelli faz no seu blog Outra Música uma gostosa crônica da apresentação da Osesp em Viena, do ponto de vista de quem esteve nos estúdios da rádio Cultura em São Paulo para comentar a transmissão ao vivo. Vale a leitura.

philidor tom jones

Do Lauro: Se você joga xadrez, certamente conhece a abertura Philidor. Mas nem todo fã de ópera conhece as óperas escritas por François-André Danican Philidor. O mestre enxadrista Philidor era também compositor (ou seria o contrário?) e, juntamente com Monsigny e Grétry, foi um dos renovadores do opéra-comique seiscentista. A ópera mais famosa de Philidor, com libreto de Poinsenet e Sedaine, é “Tom Jones”, baseada no romance do inglês Henry Fielding. Estreada com enorme sucesso na Comédie Italienne em 27 de fevereiro de 1765, essa ópera, de extrema vivacidade, estava injustamente semi-esquecida. É, portanto, uma belíssima iniciativa do selo Dynamic lançar, em DVD, o espetáculo regido recentemente por Jean-Claude Malgoire no Opéra de Lausanne. O órfão trambiqueiro Tom Jones só consegue casar-se com a aristocrata Sophia Wester, a quem ama, quando se descobre que ele é de nobre linhagem. Há experimentações desusadas para o gênero, como um quarteto de empregados bêbados, em forma canônica, sem acompanhamento orquestral; e um septeto, no fim do ato III, que é um típico concertato psicológico, de corte mozartiano, em que cada personagem expressa sua reação pessoal diante dos fatos. Numa época em que esse tipo de morceau d’ensemble era escrito em uníssono – isto é, com todas as personagens externando a mesma emoção – essa página é muito inovadora. Destacam-se também a ária de caça do pai de Sophia, “D’un cerf dix cors”, com virtuosístico acompanhamento de trompas; o dueto “Ah, mon père!”, em que Sophia enfrenta a ira de Western, quando este descobre que ela está namorando Tom; ou a longa ária da moça, “Respirons un moment”, na cena da taberna, no ato III.

o outro don giovanni

Do Lauro: Quando Mozart recebeu, em 1780, a encomenda, de Pasquale Bondini, diretor do Gräflich Nöstitzschestheater de Praga, de compor uma ópera para a temporada seguinte, deu carta branca a Lorenzo da Ponte para escolher o tema do libreto. Mas Da Ponte estava, como de hábito, cheio de trabalho, com pouco tempo disponível, e resolveu a coisa da maneira mais simples: reescreveu, em dois atos, o libreto que, no ano anterior, Giuseppe Bertati redigira, em Veneza, para “Don Giovanni ossia Il Convitato di Pietra”, de Giuseppe Gazzaniga – uma apropriação do bem alheio que não era vista como plágio, durante o Barroco e o Classicismo. É verdade que a nova versão da peça de Bertati/Gazzaniga é de um grau de elaboração extraordinário do ponto de vista do texto, e sobretudo da música. Mas se o “Don Giovanni” de Mozart não existisse, a ópera de Gazzaniga seria um exemplo honesto do melodrama clássico pois, dentro de suas características próprias, é uma partitura bem escrita, com qualidades sólidas – tanto que já foram feitas dela duas gravações nos selos Sony e Orfeo. O DVD que o selo Bongiovanni acaba de lançar é uma boa maneira de conferir o outro “Don Giovanni”. A filmagem foi feita no Teatro Donizetti de Bérgamo, sob a regência de Pierangelo Pelucchi; e o diretor de cena é Alessio Pizzecchi. Os cantores – Roberto Juliano, Linda Campanella, Maurizio Leoni, Cristina Mantese – não são nomes familiares para mim; mas no circuito provinciano italiano têm surgido cantores muito interessantes.

terça-feira, 20 de março de 2007

encontrado piano de chopin

Um piano Pleyel que pertenceu a Frederic Chopin foi descoberto em uma casa de campo no sul da Inglaterra. O piano, utilizado pelo compositor em sua última turnê, faz parte da coleção de Allec Cobbe, colecionador de pianos antigos, que o comprou por apenas duas mil libras, sem saber da história do instrumento, encontrado e identificado pelo pesquisador Jean-Jacques Eigeldinger. Especialistas acreditam que agora será possível ter idéia precisa de como soavam os instrumentos que Chopin tinha a sua disposição na época que escreveu suas obras. Mais informações, no site do Times, que oferece a oportunidade de ouvir uma gravação feita no piano.

entrevista com rodrigo esteves

No Estadão de hoje, entrevista que fiz com o barítono Rodrigo Esteves, que está lançando disco de canções e interpreta Enrico a partir de sábado na "Lucia" do Teatro São Pedro.
“Ele começou a cantar, ainda na adolescência, imitando o que ouvia nos LPs do Queen e dos Secos e Molhados. Teve, em seguida, a fase ‘um banquinho e um violão’, cantarolando e arriscando composições próprias para, logo depois, criar uma banda, a Azul Limão - heavy metal pesado, com direito a cabelão, ‘roupa sempre preta, bastante couro, anéis, tudo a que tinha direito’. Quem imaginaria que o carioca Rodrigo Esteves (que até pouco tempo dividia a música com a praia, pegando onda) se tornaria um dos principais cantores líricos de sua geração, com uma carreira internacional que nos últimos anos tem se estendido ao Brasil, onde ele lança neste fim de semana seu primeiro disco, uma coletânea de canções de autores espanhóis, brasileiros e americanos? Seu próximo passo de sua carreira será dado no fim da tarde de sábado, quando ele subir ao palco para participar da abertura de temporada do Teatro São Pedro, como Enrico em nova produção da ópera Lucia di Lammermoor, de Donizetti.” Continua aqui.

segunda-feira, 19 de março de 2007

morre o musicólogo julian budden

A notícia é do início de março, mas só agora fiquei sabendo - morreu no dia 28 de fevereiro, o musicólogo inglês Julian Budden. Ele estava com 82 anos e a causa da morte não foi divulgada. Seus três volumes sobre Verdi são leituras obrigatórias - sua biografia do compositor também foi bastante elogiada, mas não a conheço, assim como só ouvi falar de seu volume sobre Puccini. Para ler o obituário do "Guardian", clique aqui; para acessar o texto do "Times", clique aqui.

domingo, 18 de março de 2007

o piano, de cage a milton nascimento

Matéria de João Marcos Coelho, publicada na edição de hoje do "Cultura", do Estadão:
"O piano preparado de John Cage (1912-1992) é uma das provas de que a necessidade é a mãe, se não de todas, pelo menos de algumas das mais instigantes invenções humanas. E o (ou a?) pianOrquestra de Cláudio Dauelsberg é a prova provada de que não há mesmo mais limite algum entre os diversos adjetivos idiotas que seccionaram a música desde meados do século 19, quando a ascensão do mercado provocou a cisão entre música de invenção e música de entretenimento (ou música clássica ou erudita, e música popular). Podem chamar nossa realidade atual do que quiserem – pós-moderna, transmoderna, etc.,etc. O importante é que nem pensamos mais neste tipo de barreiras: a música hoje ou é boa ou é ruim. E o piano, preparadíssimo e atualíssimo, é a estrela principal de dois DVDs que estão sendo lançados praticamente ao mesmo tempo. O primeiro, no mercado internacional, intitula-se “John Cage: the works for piano 7”, com Margaret Leng Tan” (existe uma versão em CD, consulte o site www.moderecords.com). O segundo sai aqui no Brasil mesmo, e intitula-se “PianOrquestra – dez mãos e um piano preparado”, com direção artística de Cláudio Dauelsberg, e já está nas lojas."... Continua aqui.

joyce hatto, ainda

"O que você sabe pode afetar o que você ouve? Suas impressões sobre uma peça mudariam se você achasse que ela estava sendo tocada por Arthur Schnabel e depois descobrisse que, na verdade, tratava-se do trabalho de um pianista talentoso da nova geração, como Leif Ove Andsnes?", pergunta Anthony Tommasini, do "New York Times", em artigo na esteira da polêmica que envolveu as gravações da pianista Joyce Hatto, na verdade, registros de outros pianistas atribuídos a ela por seu marido e produtor. Para ler, clique aqui.

die aegyptische helena no met


Foto da nova montagem de "Die Aegyptische Helena", de Richard Strauss, no Metropolitan Opera House, de Nova York, estrelada por Deborah Voigt e Diana Damrau. Para ler a crítica do "New York Times", clique aqui.

morre o tenor ernst haefliger

Morreu no sábado em Davos, na Suíça, o tenor Ernst Haefliger. Conhecido por seu trabalho como recitalista e pela interpretação em óperas de Mozart, em especial "A Flauta Mágica", ele estava com 87 anos e foi vítima de uma parada cardíaca. Principal tenor lírico da Deutsche Opera de Berlim entre 1952 e 1972, posto que passou a ocupar depois de temporadas no elenco da Ópera de Munique, Haefliger era também presença constante nos principais festivais do mundo, como os de Glyndebourne, Lucerna e Salzburgo. Gravou para os principais selos obras de um leque amplo de compositores, de Bach e Beethoven a Janácek e Mahler. Para mais informações, clique aqui.

sexta-feira, 16 de março de 2007

masterclasses de jorge bolet

No You Tube, vídeos com masterclasses de Jorge Bolet, que orienta pianistas na interpretação do “Concerto nº 3 para Piano e Orquestra” de Rachmaninoff. Entre os alunos, Ira Levin e Jose Feghali, novinhos, novinhos. Para assistir, clique aqui.

entrevista com rené pape

O baixo René Papel deu uma entrevista em que fala de diversos assuntos - entre eles, o papel de Felipe II, no "Don Carlo" de Verdi, que ele interpreta ao longo desta temporada no Metropolitan. Para ler, clique aqui.

met na internet

Um dos credos do novo diretor do Metropolitan de Nova York, Peter Gelb, é a necessidade, para ele fundamental, do teatro entrar para a era da tecnologia: exibições em cinemas espalhados pelos EUA e transmissões de vídeo e áudio pela internet são alguns dos exemplos concretizados até agora (para mais detalhes, leia aqui o artigo publicado no site do teatro). Outra novidade: blogs em que o elenco de novas produções coloca suas impressões sobre o processo de trabalho. O referente a "Os Mestres Cantores de Nuremberg", de Wagner, você acessa aqui.

atuação em ópera

"Há uma nova ênfase na atuação em ópera?. Os cantores de hoje, é verdade, cresceram vendo ópera na televisão e vivem em uma cultura obcecada pela imagem. Eles também trabalham cada vez mais com diretores de teatro e cinema. É típico: conservatórios tendem a não oferecer aos estudantes de canto aulas de atuação; mas atores de teatro às vezes são levados a trabalhar com cantores em workshops de ópera", escreve Anthony Tommasini no "New York Times", discutindo a atuação em ópera a partir do desempenho do barítono Petter Mattei no "Barbeiro de Sevilha" do Metropolitan Opera House. Para ler, clique aqui.

para que serve?

A idéia é interessante e assustadora ao mesmo tempo. Uma empresa especializada em tecnologia resolveu recriar gravações clássicas. Não, nada de limpar chiados, remasterizar, corrigir erros, etc, etc, etc. Com ajuda de um computador, o objetivo era pegar gravações e decodificar o modo como foram feitas – com que força a tecla do piano foi tocada, quão para baixo o pedal foi pisado, quando cada dedo se moveu e assim por diante. Isso feito, um outro computador foi acoplado a um piano. E passa a ele todas aquelas informações. O teste foi feito esta semana, nos EUA, com a gravação de 1995 das Variações Goldberg, feita por Glenn Gould. Em outras palavras, ali, na frente de todo mundo, a gravação foi reinterpretada ao vivo. E gravada novamente – o CD sai em maio pela BMG Masterworks. Se entendi direito, será o lançamento de uma gravação contemporânea de Glenn Gould feita sem que ele tenha se sentado ao piano. Aí pergunto: para que precisamos de uma gravação desse tipo que, aliás, é igualzinha àquela que nós já temos em casa? É apenas uma pergunta em um tema que me parece ser muito mais amplo, envolvendo questões muito mais sérias. Quem quiser saber mais sobre o projeto, pode ler sobre ele no New York Times e no Washington Post.

nova sala de concertos

A New World Symphony revelou esta semana os desenhos do arquiteto Frank Gehry para sua nova sala de concertos, que será construída em Miami Beach, Flórida, EUA. O valor da obra? US$ 90 milhões, a serem pagos por um doador anônimo. Para ver as imagens e detalhes sobre o projeto, clique aqui.

inéditos do lauro

Há alguns meses, encomendei ao Lauro Machado Coelho dois textos para publicação aqui no jornal. O primeiro deles, inspirado na morte de Birgit Nilsson, Astrid Varnay, Elisabeth Schwarzkopf e James King, tratava do fim de toda uma geração de cantores wagnerianos; já o outro era um comentário sobre o lançamento da "Valquíria" gravada em Bayreuth em 1955 pelo maestro Joseph Keilberth. Sem espaço, os textos acabaram não saindo, ficaram inéditos. Até agora. Para ler sobre os cantores wagnerianos, clique aqui; para ir ao texto sobre a "Valquíria", clique aqui.

janet, lucy, lucia

Sergio Casoy escreveu um texto sobre a gênese de “Lucia de Lammermoor” para o programa da montagem da ópera de Donizetti que abre no dia 24 a temporada do Teatro São Pedro. Por questões de espaço, o eterno problema de quem vive de escrever, o texto foi editado. Mas o Sergio gentilmente nos mandou a íntegra do ensaio para que o colocasse aqui no blog. E, com este texto, começo uma experiência: criei um anexo ao blog, onde vou colocar os textos a que me refiro aqui, principalmente aqueles mais extensos, oferecendo o link que leve o leitor até lá, da mesma maneira como às vezes faço com textos publicados em jornais e revistas eletrônicas (comentários, dúvidas, sugestões, enfim, podem ser feitos aqui no blog original mesmo, ok?). Então, para ler o texto do Sérgio, é só clicar aqui. A propósito, abaixo os dados sobre a produção da "Lucia".

Lucia di Lammermoor – Serviço:
Datas: 24,26, 28 e 30 de março, às 20h30 - 1º de abril, às 17h
Local: Theatro São Pedro (Rua Barra Funda, 171 – tel: 3667.0499)
Ingressos: R$40,00 (inteira), R$20,00 (meia) e R$10,00
Orquestra Jovem Municipal de Guarulhos

Direção Musical e Regência: Maestro Emiliano Patarra
Coral Vozes de São Paulo: Maestrina Dalete Alécio
Direção Cênica e Figurinos: Naum Alves de Souza
Cenários: Renato Scripilliti
Iluminação: Joyce Drumond
Direção de Produção: Paulo Esper
Primeiro Elenco:
Laura Rizzo (Lucia di Lammermoor) soprano
Danilo Formaggia ( Sir Edgardo di Ravenswood) tenor
Rodrigo Esteves (Lord Enrico Ashton) barítono
Segundo Elenco:
Tatiana Aguiar (Lucia di Lammermoor) soprano
Marcello Vanucci (Sir Edgardo di Ravenswood) tenor
Sebastião Teixeira (Lord Enrico Ashton) barítono

quarta-feira, 14 de março de 2007

novidades em dvd

Do Lauro: Há novidades muito interessantes aparecendo em DVD. Da série de gravações históricas da Arthaus, feitas na Ópera de Hamburgo na década de 60, saiu o magnífico "Wozzeck" regido por Bruno Maderna, em que Sena Jurinac faz uma Marie comovente; e o "Fidélio" de Leopold Ludwig, tendo no elenco Anja Silja, Richard Cassilly e Lucia Popp. Ambos são de 1968 e a direção é de Rudolf Liebermann que, depois de Hamburgo, fez uma revolução na Ópera de Paris. Um documento excepcional é a estréia, em Hamburgo, dos "Demônios de Loudun", de Krzysztof Penderecki, em 20 de junho de 1969, regida por Marek Janowski. É a ocasião para rever a grande Tatiana Troyanos criando o árduo papel de Madre Joana dos Anjos. O exorcista padre Urbain Grandier é feito por um ótimo cantor polonês, Andrzej Hiolski. É, finalmente, a documentação em imagens de um registro que a Philips só lançou em Lps em 1972. Eu, pessoalmente, acho desanimadoramente sem graça – embora com várias qualidades vocais evidentes – a visão que Carlo Maria Giulini (um regente extraordinário) tinha do "Falstaff", de Verdi, que ele regeu no Covent Garden em 1983. Essa montagem, com Renato Bruson, Katia Ricciarelli, Leo Nucci, Barbara Hendricks, Lucia Valentini-Terrani, existia em vídeo; agora, o selo Kultur a lança em DVD. Para os puccinianos de carteirinha, também da Kultur e do Covent Garden, é a "Manon Lescaut" de 1997. Confesso que não conheço a soprano Adina Nitescu e o tenor Patrick Denniston, mas a regência promete: é de John Eliot Gardiner. E para quem reza pela cartilha rossiniana, o dever de casa para "L’Italiana in Algeri" – que será cantada aqui, este ano – pode ser feito com a montagem de Paris em 1996. A direção é do russo Andrêi Serbán e o elenco é da pesada: Jennifer Larmore, Bruce Ford, Simone Alaimo, Alessandro Corbelli; o regente é Bruno Campanella (TDK). E para quem se interessa pelos caminhos da ópera contemporânea, o selo Naive traz a estréia de mais uma das inúmeras incursões da ópera pelo universo de Goethe. "Faustus, a Última Noite", foi escrita por Pascal Dusapin (que, em seu catálogo, tem uma "Medeamaterial" baseada na peça de Heiner Muller). Essa sua última ópera foi dirigida, na Ópera de Lyon – conhecida pela ousadia de suas produções – por Peter Mussbach, sob a regência de Jonathan Stockhammer. E agora, last but not the least, um documento que há de mexer com a alma dos mahlerianos de plantão (e o dono deste blog é um dos mais assumidos): a "Sinfonia nº 2, Ressurreição", da EuroArts, que Pierre Boulez regeu em 2005 com a Filarmônica de Berlim, tendo como solistas Diana Damrau e a excelente Petra Lang. Tem para todos os gostos!

terça-feira, 13 de março de 2007

entrevista com domingo

Verena Dobnik, da Associated Press, fez uma boa entrevista com o tenor Plácido Domingo. Para ler, clique aqui.

segunda-feira, 12 de março de 2007

encontros e desencontros

Nas últimas semanas, o escritor Luis Fernando Verissimo, tem proposto em suas colunas dominicais no Estadão encontros improváveis. O quarto deles, publicado no domingo passado, diz respeito a Alma Mahler e o pintor Oscar Kokoschka.
Encontros e desencontros (4)
Ach, Viena. Começo do século. O pintor Gustav Klimt amava Alma, que casou com outro Gustav, o compositor Mahler, depois enviuvou e teve um caso com o pintor Oscar Kokoschka, mas casou com o arquiteto Walter Gropius, deixando Kokoschka doido. Kokoschka mandou fazer uma boneca da Alma Mahler em tamanho natural, já que não poderia mais tê-la em carne e osso. Existe uma correspondência de Kokoschka para o fabricante da boneca com instruções detalhadas sobre a reprodução de cada centímetro da mulher perdida que devem ser as mais pungentes cartas de amor e descorno jamais escritas.Até aí aconteceu mesmo. Agora imagine o seguinte.Um dia, perto dos seus 80 anos, Kokoschka recebe um telefonema de Alma Mahler no seu chalé austríaco. Nunca mais se viram ou se falaram, depois da separação. Alma divorciou-se de Gropius, casou-se com o escritor Franz Werfel, fugiu dos nazistas com ele para Hollywood, enviuvou outra vez, agora vive em Nova York, onde, dizem, toma uma garrafa de Benedictine por dia. Kokoschka lutou na Primeira Guerra Mundial na cavalaria austríaca, andou por Praga, exilou-se em Londres durante a Segunda Guerra, agora é um dos pintores mais famosos da Europa. E pela primeira vez em mais de 40 anos, ouve a voz de Alma Mahler.
– Koko! Liebeshen!
– Alma, é você?
– O que restou de mim. Há quanto tempo não nos vemos, Koko!
– Há exatamente duas guerras mundiais.
– Ah, Koko, Koko. O que foi que nos aconteceu?
– Foi o século 20, Alma. Aconteceu com todo o mundo.
– Lembra na nossa Viena, Koko?
– Ach, Viena...
– Os cafés, as festas, o cheiro dos vinhedos no ar. E os violinos, Koko!
– Violinos demais, Alma. Não nos deixaram ouvir os tambores.A vida era uma valsa e nós dançávamos pelas calçadas o dia inteiro. Eu com você, Klimt com Emilie, Schönberg com Schiele, Kraus com Musil, Wittgenstein com Freud, Lou Salome com todos...
– Disso eu não me lembro.
– Como nós éramos loucos.
– E jovens, Alma.
– Não me fale, Koko. Não se faz a uma senhora da minha idade o que o tempo fez comigo. Você devia me ver. Lembra daquele queixinho que você gostava tanto? Hoje são muitos. E as rugas! Você devia me ver, Koko.
– Mas eu estou vendo você, Alma. Você está aqui na minha frente. E você tem 25 anos.– Ah, sua famosa boneca. Me contaram a respeito. Ela ainda existe?
– Existe. Eu a trato muito bem. Como teria tratado você, se você não tivesse preferido o Gropius, aquele imbecil.
– Não fale assim do homem que criou o Bauhaus.
– “Bauhaus” sempre me pareceu um bom nome para casa de cachorro.
– A boneca, Koko. É bonita?
– Linda. Um pouco quieta, mas este é um dos seus encantos. Ela só vai onde eu a levo. Não reclama, não foge com outro... E não tem uma ruga.
– Koko... Quanto você quer por essa boneca? Não é justo que só você me tenha com 25 anos. Mande a boneca por avião.Ela só iria adquirir maus hábitos na sua companhia, Alma.
– Como você está amargo, Liebeshen. Se eu soubesse que você iria ficar assim, não teria partido seu coração.
– Você está bêbada, Alma?
– É apenas Benedictine. Um licor feito por padres. A maior contribuição da Igreja Católica ao mundo, fora algumas coisas de Michelangelo. Um antídoto para o século 20. Faço qualquer coisa para ter essa boneca, Koko! Para botar na frente dos meus espelhos, que há anos se riem de mim.
– Não.
– Eu volto para você, Koko! Você pode ter a Alma Mahler de verdade. Uma Alma mais experiente, curtida pelo tempo, muito mais interessante. Finalmente juntos, Koko.
– Adeus, Alma.
– Onde você vai?
– Não sei que horas são em Nova York, mas aqui são 5 da tarde. E todos os dias, às cinco da tarde, eu danço uma valsa com a boneca.
– Koko!

relembrando o futuro

No Estadão de ontem, matéria de João Marcos Coelho sobre coletânea de palestras dadas pelo compositor Luciano Berio em Harvard. "O compositor italiano Luciano Berio (1925-2003) integrou a tropa de choque das vanguardas do pós-guerra, capitaneadas por Boulez, Stockhausen e Nono. Elas agiam como se estivessem, com exclusividade, criando a música do futuro. Deram as costas para o público, consideraram suas obras como “mensagens na garrafa” lançadas ao mar por eles, e si próprios como náufragos do futuro. Ele soube, no entanto, construir “pontes” que o ajudaram a conquistar públicos mais amplos. Que pontes são essas? Quais as razões do sucesso que a música de Luciano Berio conquista junto a camadas mais amplas de público sempre que é levada nas salas de concerto? Agora mesmo, um grupo paulistano, o Percorso Ensemble, liderado pelo percussionista Ricardo Bologna, acaba de gravar as famosas Folk Songs de Berio, com Celine Imbert (o CD deve ser lançado pelo Sesc São Paulo até junho). Berio tem lugar de honra na música do século 20 porque foi capaz de aliar padrões rigorosos de criação à notável habilidade de fazer cócegas nos olhos e ouvidos de todo tipo de público. Foi um sujeito recluso; suas entrevistas são raras. Mas agora é publicada nos EUA a série de conferências Charles Eliot Norton que Berio fez em Harvard em 1993. O título é maravilhoso: Remembering the Future (Harvard, 142 págs., US$ 24,90) - Relembrando o Futuro. É aí, nessas preciosas e raríssimas lições de Berio na primeira pessoa, que podemos encontrar as pistas que nos ajudam a compreender por que e como a sua música consegue a mágica de exibir uma genial qualidade de invenção e ser ao mesmo tempo acessível a públicos mais amplos. Selecionei alguns entre tantos temas importantes tratados por Berio nessas palestras. É básico dar-lhe a palavra, porque seu pensamento oxigena de modo inesperado - e magistral - as discussões em torno da criação musical contemporânea e o mundo que nos cerca.".... continua aqui.

quinta-feira, 8 de março de 2007

james morris, antes do wotan

Do Lauro: Falávamos, outro dia, do risco de se ter, na “Valquíria” que será regida por Lorin Maazel no Metropolitan, o Wotan de James Morris, em seu atual estágio de carreira. Pois é um prazer assistir a esse grande cantor, numa fase anterior à de seu primeiro “Anel”, cantando Donizetti. Vinte anos atrás, eu tinha uma daquelas indescritíveis fitas pirata de vídeo, cópia de cópia, dessa “Anna Bolena” de 1984, que foi lançada comercialmente pelo selo VAI. É uma montagem da Canadian Opera Company, regida por Richard Bonynge, a quem devemos um precioso trabalho de resgate de óperas da primeira geração romântica, que estavam semi-esquecidas. O papel título, é claro, é feito pela Sra Bonynge, dame Joan Sutherland, no auge da fama – e a documentação de um dos grandes papéis de seu repertório é o suficiente para tornar atraente este DVD. James Morris faz o papel do rei Henrique VIII, e está excelente em momentos como o dueto “Oh qual parlar fu il suo!”, com Jame Seymour (Judith Forst), a amante pela qual está trocando a Bolena; ou no trio “Arresta, Enrico”, com a Bolena e lord Percy (Michael Myers). Mas, ao fim e ao cabo, é realmente dame Joan quem te conquista, neste espetáculo: ouvi-la no dueto com a rival, “Dio, che mi vedi in core”; ou na belíssima cena final, “Piangete voi?... Cielo, a’ miei lunghi spasimi”, é entender porque, tendo contra si todas as desvantagens físicas, ela enfeitiçava o público, não só pela voz privilegiada, mas também porque, no palco, tinha uma presença extremamente expressiva.

o professor quasthoff

O New York Times acompanhou masterclasses do barítono Thomas Quasthoff, que acaba de lançar disco dedicado a standards do jazz. Para ler, clique aqui.

entrevista com gabriela montero

No Estadão de hoje, entrevista que fiz com a pianista venezuelana Gabriela Montero, que toca na Sala São Paulo:
“Na primeira parte, obras de Chopin, Schumann e Liszt; na segunda, bem, você escolhe a peça - e ela improvisa sobre a partitura original . É com esse formato de recital que a pianista venezuelana Gabriela Montero vem construindo sua carreira no exterior. E a mesma idéia ela traz agora para a Sala São Paulo, onde faz três recitais a partir de hoje. A improvisação é uma das marcas da carreira de Gabriela. Conversando com o Estado, ela conta que desde pequena gostava de brincar no pianinho que ganhou de presente no seu primeiro Natal (ela tinha 7 meses), reproduzindo à sua maneira as canções que a mãe lhe cantava toda noite. “Depois, passei a estudar seriamente o instrumento. E quando me decidi por seguir a carreira, fui bem orientada a não deixar de lado o gosto pela improvisação”, diz. Continua aqui.

segunda-feira, 5 de março de 2007

como cervejarias

Do portal de notícias G1: "Uma gravadora de música clássica resolveu usar um expediente mais usado por cervejarias para vender seu produto: mulheres com pouca ou nenhuma roupa. Modelos protegidas apenas por instrumentos eruditos estampam coletâneas da Petrol Records com composições de Beethoven, Mozart entre outros.... Continua aqui.

floresta do amazonas no rio

Abaixo, a transcrição da matéria publicada no Caderno 2 de hoje sobre a gravação do DVD com "A Floresta do Amazonas", de Villa-Lobos, pela Petrobras Sinfônica.

João Luiz Sampaio (enviado especial ao Rio) - Sábado, pouco depois das nove da noite, Teatro Municipal, a orquestra pronta no palco, fraques, vestidos de gala, o coro posicionado. Falta alguma coisa? O público, que já foi embora. É que o concerto mesmo acabou por volta das cinco da tarde. Apresentação atípica: a platéia toda colocada nas fileiras do centro; sobre ela, gruas de TV, câmeras espalhadas pelos corredores. No palco, A Floresta do Amazonas, de Villa-Lobos, sendo gravada pela primeira vez por uma orquestra brasileira, a Petrobras Sinfônica. À noite, as câmeras sobem ao palco, captam detalhes, os rostos dos músicos, o movimento dos braços, de um violoncelo, uma flauta. “A base já está pronta. Agora, quero refazer algumas passagens. Vamos começar com o número 11, pássaro na floresta”, diz aos músicos o maestro Isaac Karabtchevsky. E começa a corrigir a entrada dos violinos. Repassa o trecho uma vez, duas. “Atenção pessoal da técnica, vou refazer de 11 até 13. Quando estiverem prontos, me avisem.”

A gravação da Floresta do Amazonas é o primeiro movimento da comemoração pelos 20 anos da orquestra. É um grupo especial dentro do panorama sinfônico brasileiro, o único a ser gerido pelos próprios músicos. Programou para este ano uma temporada de concertos que inclui um festival Beethoven, a contralto francesa Nathalie Stutzman cantando o Kindertotenlieder, de Mahler (de quem o grupo toca também as sinfonias 6 e 9), o compositor polonês Krisztof Penderecki regendo seu Réquiem Polonês, uma série de música popular preparada por Wagner Tiso e concertos em São Paulo, Brasília, Manaus e Olinda. Mas, antes, o Villa-Lobos, que fará parte de um DVD sobre a trajetória do conjunto, que será lançado no segundo semestre. “Nenhuma obra dele me marcou tanto como A Floresta do Amazonas”, diz Karabtchevsky em seu camarim, saboreando uma salada entre o concerto e a sessão noturna de gravação. “É um Villa-Lobos moderno, que não perde seu contato com o folclore mas se deixa impregnar por Stravinski e as inovações do modernismo. Toda a história da música está aqui dentro. A série dodecafônica, o piano que lembra John Cage, as citações da nova corrente modernista, Ravel, Bartok. E de repente, tudo desaparece e dá lugar a uma melodia maravilhosa, a um orgasmo romântico”, diz.

Não é a primeira vez que Karabtchevsky grava Villa-Lobos. Nos anos 70, registrou a integral das Bachianas com a Sinfônica Brasileira, orquestra da qual era, então, diretor – e as mesmas obras ele vai fazer em abril na Venezuela, onde vai reger a Orquestra Jovem Simon Bolívar, resultado do trabalho de formação musical empreendido há 30 anos no país e que hoje atende mais de 200 mil alunos. O maestro, aqui, faz uma digressão. Na Petrobras Sinfônica, diz, tem a chance de corrigir o que, diz, fez errado na OSB. “Naquela época, trouxe muita gente de fora para tocar na orquestra. Errei. Poderia ter formado uma nova geração de artistas brasileiros, que hoje estariam espalhados por nossas orquestras. Já na Petrobras Sinfônica, a ênfase é no talento nacional, na formação de gente nova, o que tem tudo a ver com o projeto venezuelano e, claro, com aquilo em que acreditava Villa-Lobos, que criou uma proposta de educação musical que via a arte como instrumento de formação do cidadão. Esquecemos sua lição e hoje colhemos o fruto disso.”

E isso nos leva de volta à música de Villa. Não é só no seu projeto de educação, que instituiu o canto orfeônico como disciplina obrigatória nas escolas, que ficamos devendo a Villa. Conhecemos muito pouco de sua música, concorda o maestro. Por quê? “Preguiça, falta de curiosidade intelectual. Villa-Lobos ainda não foi bem explicado. Se por um lado se exalta sua preocupação nacionalista, de outro há um preconceito que reduz apenas a ela a importância de sua obra. Ele merece uma leitura mais profunda.” As cerimônias dos índios, a simulação de uma perseguição na floresta, o canto dos pássaros, tudo isso está recriado musicalmente, seja na orquestra, seja no canto da soprano solista (aqui, a carioca Mirna Rubin) em A Floresta do Amazonas, obra de 1959, a princípio escrita como trilha do filme Green Mansions, de Mel Ferrer – depois de ouvir a música para o cinema sofrer diversas alterações, Villa preparou esta nova versão, do jeitinho que queria. “Mas é importante anotar que Villa não se apropria de nada. O folclore e as manifestações indígenas aparecem em sua obra como referência, de maneira estilizada”, diz Karabtchevsky.

De volta ao palco. “Aqui tímpanos, contrabaixos e violoncelos não estão juntos, mas precisam estar”, diz o maestro, antes de se voltar aos violinos e violas, pedindo cuidado para acertar o tempo e, mais tarde, cuidar da entrada do coro, enquanto a violinista Antonella Pareschi corre para acertar o laço do vestido da soprano. Enquanto isso, na platéia, o diretor administrativo do grupo, Carlos Eduardo Prazeres, filho do criador da orquestra, o maestro Armando Prazeres, fala dos planos para 2007. Duas frentes de ação: a conquista de uma sede própria e a luta pela exclusividade dos músicos. A primeira delas, diz ele, está em andamento: a princípio, a idéia é usar algum prédio na Cinelândia – onde ficam o Municipal, a Biblioteca Nacional e o Museu de Belas Artes –, que ganharia tratamento acústico. “Mas a prioridade é a exclusividade. Para crescer precisamos de um novo regime de trabalho, com ensaios diários nos dois períodos”, diz Prazeres, pouco antes de, no palco, os índios voltarem à perseguição na floresta.

o tenor da lucia

Do Lauro: Se você quiser ter uma idéia de quem é o tenor Danilo Formaggia que, agora em abril, canta na “Lucia di Lammermoor” que será apresentada no Teatro São Pedro, veja-o fazendo Tebaldo, o primo de Julieta, na montagem dos “Capuletti e Montecchi” de Bellini, apresentada no ano passado no Festival de Martina Franca, no Valle d’Itria. Calvo e gorducho, sem muito da figura romântica que associamos à personagem de Walter Scott/Donizetti; mas a voz é interessante e acredito que ele terá condições de fazer bem o papel de Edgardo. Esse “Capuletti”, lançado pelo selo Dynamic, traz a primeira encenação moderna da ópera em sua versão preparada para o Scala em dezembro de 1830 (ela tinha estreado em Veneza, em março daquele ano). A ótima Giulietta de Patrizia Ciofi, o Romeo bem razoável de Clara Polito, e o frei Lorenzo de Nicola Amodio, jovem tenor de voz surpreendentemente bonita, acompanham Formaggia. E a regência de Luciano Acocella é bastante correta. As montagens de Martina Franca, onde o palco é pequeno, são necessariamente simples. O encenador Denis Krief opta por uma atualização que dá um clima de luta entre dois grupos mafiosos à confrontação do clã dos Capuletos com o dos Montecchios. Esses “aggiornamenti”, além de soar forçados, sempre criam momentos de humor involuntário, como quando Tebaldo, em sua primeira ária, canta “È serbata a questo acciaro” empunhando... um revólver! Mas dada a raridade dos registros em vídeo das primeiras óperas de Bellini, valhe a pena conferir.

domingo, 4 de março de 2007

puccinimania

A Inglaterra anda fascinada porPuccini - só da Butterfly, são quatro montagens em cartaz. Hugh Canning, do Sunday Times, comenta a puccinimania. Para ler, clique aqui.

entrevista com barrington-coupe

O "Sunday Times" de hoje traz uma entrevista com William Barrington-Coupe, que confessou ter copiado discos de outros pianistas e lançado como se fossem de sua mulher, a britânica Joyce Hatto. É a primeira vez que ele fala depois de ter admitido, em uma carta, a fraude. Para ler, clique aqui.

escândalo previsível

Do crítico João Marcos Coelho, no Estadão de hoje, sobre o caso Joyce Hatto: "A avidez da mídia por histórias suculentas provocou um dos maiores escândalos de plágio das últimas décadas. No domínio da música clássica, o caso Joyce Hatto certamente foi o maior - 120 CDs descaradamente copiados de outros pianistas que apareceram com seu nome no mercado internacional. Para se ter uma idéia, esse volume é superior aos 94 CDs que compõem o legado total de Arthur Rubinstein. E cobre um arco de obras e compositores com o qual nenhum outro pianista jamais foi capaz de sonhar. Nos obituários de 2006, jornais importantes e criteriosos, como o Guardian, a prantearam como pianista de gênio, daquelas jóias bem guardadas da arte britânica. A desculpa é que a história é boa, tão recheada de fatos interessantes que se torna irresistível. Há duas semanas pululam discussões, debates e indignações de tons variados na internet, em blogs e na mídia internacional. O tom geral deveria ser: como pudemos engolir esta farsa? Será que os critérios da crítica em geral são tão frágeis a ponto de se deixar enredar por um embuste tão primário?..... Continua aqui.

sexta-feira, 2 de março de 2007

passos para conhecer villa-lobos

É o ano das efemérides. A primeira delas foi o centenário de Camargo Guarnieri; em seguida, o aniversário de 80 anos de Osvaldo Lacerda; e, agora em março, no dia 5, os 120 anos de Villa-Lobos. A revista “Concerto” traz em sua edição de março textos sobre Villa, assinados pelos maestros Gil Jardim e Julio Medaglia, e uma entrevista com Lacerda. Ele fala à repórter Camila Frésca sobre sua trajetória e, em determinado momento, atira, explicando a função do Centro de Música Brasileira, criado nos anos 80. “É convencer os intérpretes de que a música brasileira é boa e não é só Villa-Lobos”, diz. Volto para o texto de Gil Jardim. “Como compreender a contradição entre a popularidade do nome de Villa-Lobos no Brasil e tão profundo desconhecimento de sua produção musical?”, pergunta o maestro. Não há incongruência nas duas declarações. Villa-Lobos é sim o nosso compositor mais interpretado - mas o que ouvimos de sua obra ainda só arranha a superfície de um universo musical muito mais amplo. Tento, com outra pergunta, uma resposta ao maestro: na época do domínio midiático, quando quem faz vale mais do que o que é feito, será que o personagem Villa-Lobos tornou-se maior que sua música, servindo a uma ideologia superficial de nacionalismo, alardeada vez ou outra por personalidades das mais distintas, sem que a gente tenha noção mais precisa de sua importância? Enfim, conjecturas – e o texto de Jardim nem tem como objetivo responder a esta questão. Prefere, antes, discutir um dos elementos de sua trajetória, a luta pela educação musical. Villa nos falou do ensino da música, lembra Jardim, como ferramenta da educação em busca de discernimento e construção do cidadão. E não é preciso ir muito longe para entender que é só em um contexto como esse que deixaremos de ser tão relapsos com nossos artistas, com nossa cultura. Efemérides bem que poderiam servir para que essas discussões ganhassem nova força. Enfim, fica a dica de leitura da "Concerto" que, como de costume, traz também toda a programação de concertos da cidade. E, a propósito, procurando outra coisa na internet dei de cara com um texto, assinado pelo jornalista Irineu Franco Perpétuo, com 15 passos para conhecer a obra de Villa - para ler, clique aqui.

soprano nova no pedaço


Cantora nova no pedaço. É soprano, filha de americanos nascida na Austrália, se chama Danielle de Niese, tem 26 anos. Na adolescência, apresentava um programa de TV dedicado a artes, pelo qual ganhou um Emmy, o Oscar da TV americana. Sua estréia operística foi aos 19 anos, como Barbarina, nas “Bodas” do Metropolitan – aquela com a Fleming e o Terfel, que, se não me engano, circula por aí em DVD. Ela está também no "Giulio Cesare", de Handel, encenado por David McVicar, em Glyndebourne (leia aqui a crítica de Lauro Machado Coelho). E ela acaba de assinar um contrato de exclusividade com a Decca - o primeiro disco será dedicado exatamente a Handel, com regência de William Christie à frente do Les Arts Florissants. Aqui, uma entrevista com ela publicada no Telegraph, de Londres.

fetiche?

Publicada agora pela primeira vez, uma carta de Richard Wagner para um ateliê de costura de Milão sugere a intrigante possibilidade de que o compositor gostava de vestir roupas femininas. É o que diz, pelo menos, uma matéria do "Guardian". A carta foi publicada no Wagner Journal, publicação que acaba de ganhar primeira edição, comandada por Barry Milington, autor de uma série de estudos sobre o compositor. E mostra o compositor pedindo detalhes específicos ao encomendar vestidos para sua mulher Cosima. Segundo Millington, a carta, no mínimo, sugere um interesse específico, fetichista até, em vestimentas femininas. Para ler o texto, clique aqui.

gorecki - entrevista

O colunista Norman Lebrecht publica no site "La Scena Musicale" uma entrevista com o compositor Henryk Gorecki. Eles falam de sua nova obra - um quarteto de cordas entitulado "Songs are sung". Para ler, clique aqui.

quinta-feira, 1 de março de 2007

teatro municipal - esclarecimento

Por conta da reforma do palco, os concertos dos corpos estáveis do Teatro Municipal haviam sido programados para o Auditório Ibirapeura, o Auditório do Masp e o Cultura Artística. Mas, com o adiamento das obras, a programação voltou toda para o teatro. Para quem já havia comprado ingressos, o Municipal divulgou agora há pouco este esclarecimento: "Quem já havia comprado entradas para os concertos da Orquestra Sinfônica Municipal e da Experimental de Repertório programados para Auditório Ibirapuera e quiser assistir aos mesmos espetáculos, agora no Municipal, deve trocar os ingressos na bilheteria do teatro até o dia do concerto. As pessoas que preferirem receber seu dinheiro de volta devem se dirigir à bilheteria do auditório. O primeiro concerto transferido para o Municipal acontecerá no próximo domingo, dia 04 de março, às 11h".