sexta-feira, 23 de março de 2007
philidor tom jones
Do Lauro: Se você joga xadrez, certamente conhece a abertura Philidor. Mas nem todo fã de ópera conhece as óperas escritas por François-André Danican Philidor. O mestre enxadrista Philidor era também compositor (ou seria o contrário?) e, juntamente com Monsigny e Grétry, foi um dos renovadores do opéra-comique seiscentista. A ópera mais famosa de Philidor, com libreto de Poinsenet e Sedaine, é “Tom Jones”, baseada no romance do inglês Henry Fielding. Estreada com enorme sucesso na Comédie Italienne em 27 de fevereiro de 1765, essa ópera, de extrema vivacidade, estava injustamente semi-esquecida. É, portanto, uma belíssima iniciativa do selo Dynamic lançar, em DVD, o espetáculo regido recentemente por Jean-Claude Malgoire no Opéra de Lausanne. O órfão trambiqueiro Tom Jones só consegue casar-se com a aristocrata Sophia Wester, a quem ama, quando se descobre que ele é de nobre linhagem. Há experimentações desusadas para o gênero, como um quarteto de empregados bêbados, em forma canônica, sem acompanhamento orquestral; e um septeto, no fim do ato III, que é um típico concertato psicológico, de corte mozartiano, em que cada personagem expressa sua reação pessoal diante dos fatos. Numa época em que esse tipo de morceau d’ensemble era escrito em uníssono – isto é, com todas as personagens externando a mesma emoção – essa página é muito inovadora. Destacam-se também a ária de caça do pai de Sophia, “D’un cerf dix cors”, com virtuosístico acompanhamento de trompas; o dueto “Ah, mon père!”, em que Sophia enfrenta a ira de Western, quando este descobre que ela está namorando Tom; ou a longa ária da moça, “Respirons un moment”, na cena da taberna, no ato III.
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