quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

a cara de bach


O Museu Bach de Eisenach divulgou hoje uma reconstrução digital do rosto de Bach (acima, ao lado do retrato pintado por Elias Haussmann em 1746, tido como o único para o qual o próprio compositor serviu de modelo). A responsável pela recriação foi a cientista alemã Caroline Wilkinson, que utilizou, segundo o museu, "uma série de técnicas forenses" - um busto está sendo criado e será o destaque de uma exposição chamada "Bach no Espelho da Medicina". E aí, o que acharam?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

ecos de uma guerra fria


A Filarmônica de Nova York se apresentou hoje em Pyongyang, capital da Coréia do Norte. A decisão da orquestra e seu diretor de incluir o país, que faz parte do “Eixo do Mal” denominado pela administração Bush, na turnê asiática do grupo gerou muita polêmica – Alex Ross resume as questões e oferece links em seu blog. Na foto, o público chega ao teatro para o concerto.

fragmentos


Na semana passada, acompanhei uma tarde de gravações do ciclo "A Canção da Terra", de Mahler, na versão para orquestra de câmara preparada por Schoenberg. O disco, selo Algol, deve chegar às lojas até julho – a regência é de Carlos Moreno, com solos de Fernando Portari e Rodrigo Esteves e um grupo de 15 músicos escalados especialmente para o projeto. Fiquei impressionado com a qualidade do arranjo – a música soa clara, transparente, fazendo de cada músico um solista e, ao mesmo tempo, a sonoridade é ampla, não deixando nada a dever ao original. Mas, enfim, o post não era para isso – em breve, falo mais da gravação aqui no Caderno 2/Cultura. O fato é que, por conta da matéria, fui reouvir as gravações do ciclo, Bruno Walter, Klemperer, Boulez. Há coisa muito boa, mas me pegou de surpresa a nova audição da gravação Bernstein com King e Fischer-Dieskau. Na segunda canção, "O Homem Solitário no Outono", há uma pequena passagem, segundos apenas, com as palavras “man meint” – o jeito que o Dieskau faz aquilo.... é incrível como a beleza se esconde em pequenos fragmentos – e não precisamos de mais nada. Em tempo: o desenho acima é de Baptistão, grande caricaturista aqui do jornal.

whitman


A Gramophone de março traz uma matéria interessante sobre o poeta norte-americano Walt Whitman e sua relação com a música. Whitman é uma figura-chave na cultura dos EUA. Imaginava uma América diferente ao mesmo tempo em que incorporava os elementos que sempre moveram a cultura de seu país – dualidade que Charles Ives definiu com precisão ao descrevê-lo como “um yankee individualista, um empresário, um investidor do espírito”. Sua poesia, “Folhas de Relva” em especial, respira música a todo instante – ele cresceu ouvindo óperas italianas de Donizetti, Rossini e Bellini e inclusive atuou como crítico musical. Nos anos 70, seu homossexualismo transformou sua obra em bandeira. Mas o fato é que, para além de agendas específicas, diversos compositores, desde o final do século 19, criaram canções a partir de seus poemas. Quando esteve aqui no ano passado, falei de Whitman com o barítono Thomas Hampson. “Seu verso livre, a maneira como usava a língua, tudo seria diferente sem a música. Como uma partitura, seus poemas têm cadência, ritmo, uma estrutura bem clara que, no entanto, se altera, muda, nunca é a mesma, sendo definida pelo que se está dizendo, pelos sentimentos que ele queria expressar”, disse. Em outras palavras, há a busca por uma forma que captura a expressão ou uma expressão que dita a maneira como a forma se estabelece – o que, para Hampson, serve de símbolo da cultura americana como um todo. Hampson, aliás, gravou um disco, primoroso, com canções de autores americanos inspirados por poemas de Whitman – Ned Rorem, Charles Ives, Tilson Thomas, Aaron Copland, etc. A que mais me agrada é “To What You Said”, de Leonard Bernstein. A introdução ao violoncelo é a trilha perfeita para a definição –‘tis the young man’s heart’s complaint – que Whitman deu ao instrumento em “Song of Myself”. Poucas vezes texto e música se uniram tão perfeitamente – e não pode haver tributo maior à poesia de Whitman. O CD se chama “To the Soul” (EMI).

paciência

Amigos, estou ensaiando há algumas semanas minha volta ao blog. Tenho pensado em uma maneira de explicar minha ausência de dois meses – mas, confesso, está sendo difícil. O que posso dizer é que simplesmente estava cansado – não dos textos e das conversas que aqui mantemos, que me dão enorme prazer. Estava apenas passando por um momento difícil, com muito trabalho e coisas a resolver, o que nos joga para dentro de nós mesmos, sem o mínimo desejo de compartilhar o que quer que seja. Mas, enfim, em vez de explicações, resolvi encerrar esse primeiro post com um pedido de paciência. Estou de volta, aos poucos, a esse nosso bate-papo informal. Temos muito assunto para colocar em dia. Abraço forte a todos vocês.