sexta-feira, 23 de novembro de 2007

praticando no banheiro

O violinista Daniel Hope está lançando CD com o concerto de Mendelssohn. E, no número de novembro da "Gramophone", conta uma historinha, que reproduzo aqui. Aos 5 anos, ouviu pela primeira vez o concerto, na interpretação de Pinchas Zukerman, e ficou fascinado. Quatro anos mais tarde, estudava na Yehudi Menuhin School. Seu colega de quarto estava preparando o concerto e ele pediu para estudá-lo também. Ikki disse que ele era muito novo mas que faria com ele um acordo: quando não estivesse estudando a peça, lhe emprestaria a partitura, com a condição de que ele não contasse a ninguém. Sabendo que seu professor jamais aprovaria, ele concordou. E, certo dia, com a partitura na mão, se trancou no banheiro e começou a tocar a peça – ele lembra que não conseguiu passar da primeira página e que o som que tirava do violino era como o de diversos gatos sendo estrangulados. De repente, a supervisora do curso bate na porta: “Saia, por favor!”; ele colocou a cabeça para fora: “O que, em nome de St. Patrick, você acha que está fazendo? Saia daí imediatamente!” No dia seguinte, Hope foi chamado à sala do diretor da escola, onde encontrou seus pais, que haviam sido chamados à escola para discutir “um tema de suma importância”. Começou o diretor: “Eu sinto muito em informar que seu filho foi pego no banheiro...praticando o concerto de Mendelssohn. Ele deveria estar preparando um concerto de Bach. Ele não tem permissão, e nem é bom o suficiente, para estudar o Mendelssohn. Isso foi deixado claro diversas vezes para ele.” Hope olhou para seu pai, temendo sua reação. E o ouviu dizer ao diretor: “Então o senhor me fez vir até aqui para me dizer que nosso filho mostrou iniciativa de querer estudar uma das peças mais difíceis do repertório e que ele será punido por isso?”. Dois dias depois, Hope deixava a escola. “Desde então, sempre que toco o concerto, me lembro de Zukerman, do diretor, daquele banheiro e de uma peça que era simplesmente genial demais para não tocar.”

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