sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

sonhos distantes

Há uns dois anos o jornal me pediu que tentasse entrevistar o maestro Claudio Abbado. A tarefa era virtualmente impossível, mas lá fui eu. Comecei indo atrás das nossas sociedades de concertos internacionais, que me passaram contatos de empresários que, por sua vez, me direcionaram para os relações públicas das orquestras com que ele trabalhava mais diretamente. Três semanas depois, chegou o "não definitivo" da RP da Mahler Chamber Orchestra, com quem o Abbado estava na Itália fazendo um "Cosi Fan Tutte". Mas, enfim, tudo isso era para contar que, no meio do caminho, entrei em contato com a responsável pelo departamento de imprensa do Festival de Lucerna, cuja orquestra era - e ainda é - dirigida pelo Abbado. Não me lembro do nome dela e acho que ela até já mudou de emprego, mas ela foi extremamente simpática, bastante interessada em saber das coisas da música aqui no Brasil. E, desde então, recebo anualmente os livrinhos com a programação do festival suíço. E é sempre a mesmo coisa: ô vontade de poder estar lá para assistir pelo menos alguns dos concertos! Acabei de receber a temporada 2007. Vale, antes, lembrar que a Orquestra do Festival é formada por alguns dos principais solistas de todo o mundo. Emmanuel Pahud, por exemplo, é o primeira flauta, os integrantes do Quarteto Hagen engrossam as fileiras das cordas, Sabine Meyer lidera os clarinetes, para não falar dos músicos das principais orquestras do mundo que aparecem por lá e participam do conjunto. E a regência é do Abbado (em DVD tem uma série de sinfonias de Mahler gravadas ao vivo). Só isso já valeria a viagem. Mas tem mais, muito mais. Os integrantes da orquestra fazem uma série de recitais de música de câmara ao longo do evento, que recebe também uma série de conjuntos convidados. Este ano, a lista inclui o Ensemble Intercontemporain (Boulez na regência), a Sinfônica de Boston (James Levine regendo "O Castelo do Barba Azul" de Bartok e a "Danação de Fausto", de Berlioz, com Yvonne Naef, Marcelo Giordanni e Jose Van Dam), a Filarmônica de Viena (regência de Barenboim), a Filarmônica de Berlim (Simon Rattle), a Orquestra do Concertgebouw (Haitink), a Filarmônica de São Petersburgo (Temirkanov), a Chamber Orchestra of Europe (Jiri Behlolavek), a Oquestra da Baviera (Janssons), a Orquestra do Gewandhaus (Chailly), a Sinfônica de São Francisco (Tilson Thomas), a Sinfônica de Londres (Colin Davis), a Filarmônica de Israel (Mehta), além dos recitais do pianista Pierre Laurent-Aimard, da soprano Renèe Fleming, da contralto Nathalie Stuztman, etc, etc, etc. Os programas? Não vou ficar detalhando todos eles aqui, mas o Abbado vai fazer a Terceira de Mahler, Barenboim vai fazer concertos de Bartok, Beethoven e reger sinfonias de Bruckner, a Sinfônica de Bamberg vai encenar O Ouro do Reno, o Rattle rege a Nona de Mahler em um programa e, no outro, uma seleção de obras do século 20 e século 21, para não falar de autores como Ives e Carter que serão interpertados pelas orquestras americanas. E isso é apenas uma parcela, pequena, de tudo que vai ser feito por lá em agosto do ano que vem. Ô vontade....

Um comentário:

Anônimo disse...

Querido amigo erudito, nessa véspera de Natal, após ler esse texto, que mais posso fazer além de desejar que, em 2007, esse seu sonho distante se realize?
Que Viena esteja em seu itinerário no próximo ano e, por que não?, que se torne parte do seu calendário anual. Só peço que me leve na bagagem um ano desses, para eu poder conhecer esse mundo musical que, visto através de seus olhos, parece encantador!!