sexta-feira, 28 de setembro de 2007

do baú




O selo Golden Melodram acaba de lançar três gravações históricas, feitas ao vivo, que parecem muito interessantes. Um "Tristão e Isolda" de 1973, em Stuttgart, com regência de Carlos Kleiber e Caterina Ligendza (Isolda), Wolfgang Windgassen (Tristão), Grace Hoffman (Brangaene), Gustav Neidlinger (Kurwenal) e Gotlob Frick (Marke); um "Otello" com Ramón Vinay (Otello), Antonietta Stella (Desdêmona) e Giuseppe Taddei (Iago), regência de Sir Tomas Beecham, Teatro Colón de Buenos Aires, 1958; e uma "Tosca" gravada em 1965 no Met, com Regine Crespin (Tosca), Franco Corelli (Cavaradossi) e George London (Scarpia), regência de Fausto Cleva. De dar água na boca...

luciano e eliane

No site Opera Today, você pode ouvir praticamente na íntegra uma gravação do "Andrea Chenier" com Luciano Pavarotti e Eliane Coelho, mais Paolo Gavanelli, como Carlo Gerard. O registro, ao vivo, é de novembro de 1996, na Ópera de Viena, com regência de Marco Armiliato. Confesso que não está entre os meus Pavarottis preferidos - no Chenier, aliás, fico dividido entre dois registros: Domingo/Scotto/Milnes e Tebaldi/Del Monaco/Bastianini. Que tal?

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

aspas


De Maurizio Pollini, em entrevista ao "Times" de Londres: "O que importa de verdade é que me sinto mais animado com a música do que jamais me senti. E ainda sou capaz de surpreender até a mim mesmo". Leia a íntegra.

o resto...

O crítico Alex Ross, da “New Yorker”, vem produzindo há um bom tempo uma história da música do século 20, um catatau chamado The Rest is Noise (o nome é o mesmo do blog mantido por ele). A New Yorker já havia publicado alguns capítulos interessantes do volume, um sobre Sibelius e outro sobre Copland. Bom, o livro acaba de sair nos EUA. E segue aqui a primeira resenha que encontrei dele, publicada no New York Sun. Parece interessante.

parabéns atrasado


Na quarta-feira, completaram-se 50 anos da estréia do musical West Side Story. Vai aqui a dica de um site com todas as informaçõe sobre a peça, gravações, encenações mundo afora, fotos, letras, links, etc, etc, etc. Vale a pena dar uma olhada. E só para lembrar: o diretor e produtor Jorge Takla já está preparando a montagem brasileira, com texto traduzido por Cláudio Botelho, que estréia no primeiro semestre do ano que vem no Teatro Alfa.

da funarte

Recebi hoje pela manhã da Funarte e-mail com os contemplados do "Programa de Apoio a Orquestras", além da lista de 89 compositores que terão obras executadas na XVII Bienal de Música Brasileira Contemporânea, a ser realizada de 21 a 30 de outubro, na Sala Cecília Meirelles, no Rio. Diz o release de imprensa: "O Programa de Apoio a Orquestras da Funarte concede recursos em dinheiro às orquestras que apresentam projetos de reparação ou aquisição de instrumentos musicais, ou de partes e acessórios de instrumentos, para colaborar com a ampliação da qualidade técnica e artística de orquestras tradicionalmente classificadas como 'sinfônicas', 'de cordas' e 'de câmara'." Perguntei à assessoria qual o valor repassado para as orquestras. A resposta, exatamente como me foi enviada: "olha é variado. o valor máximo é R$ 40.000,00 (muda de sinfônica, para câmara, etc, se é para instrumento, etc)".

minczuk no municipal

Ancelmo Gois, em sua coluna no jornal “O Globo”, escreve que “Roberto Minczuk será o novo diretor artístico e regente titular da orquestra do Theatro Municipal do Rio”. E continua: “Vai acumular com a direção artística da Orquestra Sinfônica Brasileira, que já ocupa”. Minczuk está no Canadá. Sua assessoria se disse surpresa com a notícia. Na OSB, a reação foi parecida. Voltamos ao assunto.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

piano solo

Saiu há pouco a programação de uma nova série dedicada a pianistas. Serão quatro concertos, em São Paulo e no Rio (Teatro Municipal, Espaço Promon e Sala Cecília Meirelles), a partir de 15 de outubro. A idéia é interessante: antes de cada recital de um artista consagrado, uma breve apresentação de um jovem pianista. A idealização é de Eduardo Monteiro:

Nelson Freire
15/10 – Municipal de São Paulo
17/10 – Sala Cecília Meirelles
Abertura de Leonardo Hilsdorf
Hilsdorf interpretará, de Grieg, o Prelúdio da suíte Holberg op. 40 e de Liszt a Rapsódia Espanhola; Nelson Freire interpretará de Bach-Busoni, Nun kommt der Heiden Heiland BWV 659, de Beethoven, a Sonata nº 21, op. 53 Waldstein, de Debussy, Children´s Corner, e, de Chopin, a Sonata nº 3, op. 58.

Diana Kacso
8/11 – Sala Cecília Meirelles
9/11 – Espaço Promon
Abertura de Juliana D´Agostini
Juliana D´Agostini interpretará, de Grieg, as Peças líricas, op. 12 nº 1 e op. 54 nº 3, e, de Liszt, Venezia e Napoli. Diana Kacso interpretará, de Schumann, os Estudos sinfônicos, op. 13 (com variações póstumas), e, de Liszt, os 12 estudos de execução transcendental.

Cristina Ortiz
Abertura de Cristian Budu
26/11 – Teatro Municipal
29/11 – Sala Cecília Meirelles
Abertura de Cristian Budu
Cristian Budu interpretará, de Grieg, a Peça lírica, op. 68 nº 3, e, de Liszt, a Valsa Mephisto. Cristina Ortiz interpretará, de Ravel, Sonatine, Jeux d´Eau e Gaspard de la Nuit, e, de Rachmaninoff, Etude-Tableau, op. 39 nº 2, Prelúdio, op. 32 nº 12 e Sonata nº 2.

Eduardo Monteiro
Abertura de Érika Ribeiro
12/12 - Sala Cecília Meirelles
13/12 – Espaço Promon
Érika Ribeiro interpretará, de Grieg, a Peça lírica, op. 54 nº 4 e de Chopin, Barcarolle, op. 60; Eduardo Monteiro interpretará de Beethoven, a Sonata nº 23, op. 57, Appassionata; de Villa-Lobos, Hommage à Chopin, Impressões seresteiras e Festa no sertão; de Francisco Mignone, Sonata nº 1; de Leopoldo Miguez, Noturno, opus 10; de Lorenzo Fernandez, Três estudos em forma de sonatina; e de Liszt, Après une lecture du Dante.

A renda obtida com os concertos será distribuída à Instituição O Sol;aqui vão os preços:
Série (venda antecipada na instituição O Sol): R$ 400
Nelson Freire individual: R$ 200
(meia-entrada para estudantes e idosos)
Diana, Cristina e Eduardo: R$ 150
(meia-entrada para estudantes e idosos)
Por que mais caro o concerto do Nelson?
Mais informações aqui.

voz humana

Céline Imbert em "A Voz Humana", no Teatro São Pedro, via Vira Lata.

christoff



Boris Christoff como Boris Godunov.

boris godunov


Acabei de receber aqui na redação uma edição do "Boris Godunov", de Púchkin, que a Globo lança na semana que vem. O livro é fundamental na história da literatura russa e, para os amantes da ópera, é leitura indispensável, fonte do libreto da grande ópera de Mussorgsky. A tradução é de Irineu Franco Perpétuo, que assina também as notas e o posfácio e que, no primeiro semestre, já havia lançado uma seleção de peças curtas do mesmo autor. O lançamento será no dia 2 de outubro, na Livraria da Vila da Casa do Saber (R. Mário Ferraz, 414), a partir das 19 horas, com mesa-redonda da qual participam, além do Irineu, os jornalistas Mario Vitor Santos e Manuel da Costa Pinto.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

sobre orquestras e seus regentes

Ao longo do fim de semana, o “Estadão” publicou duas matérias ligadas à vida orquestral que tocam em temas atuais e similares, de forma que as reproduzo aqui: no sábado, uma entrevista que fiz com Henry Fogel, presidente da Liga das Orquestras Americanas, que esteve no Brasil para discutir o funcionamento das sinfônicas; e, no domingo, um artigo de João Marcos Coelho sobre o novo papel do regente-titular.





Sinfonia do Patrocínio Ele é um senhor de aparência pacata, fala tranqüila; pode discorrer horas sobre sua preciosa coleção de LPs e CDs, em especial sobre o xodó especial que tem com coletâneas de árias de óperas, colhidas ao longo de seus 65 anos. Mas Henry Fogel é também presidente da Liga das Orquestras Americanas – e, nessa posição, viaja o mundo discutindo a situação das sinfônicas em palestras, seminários e textos colocados diariamente em seu blog. E, aí, o mesmo tom tranqüilo ele emprega na hora de advogar pela necessidade de modernização dos conjuntos sinfônicos e suas estruturas, abraçando novas tecnologias e desenvolvendo uma relação profissional com patrocinadores. Continua aqui.

E para que serve mesmo um maestro? A pergunta sintetiza a maior angústia que cerca a vida musical de concertos em todo o mundo – a alta faixa etária do público: como atrair novas e mais jovens platéias? A resposta óbvia é injetar sangue novo no pódio, romper com a dança das cadeiras que faz um troca-troca entre os poucos nomes estrelados da regência e as maiores orquestras do planeta. É o que acabam de fazer duas sinfônicas americanas ao indicar para seus pódios titulares dois jovens: Alan Gilbert, 40 anos, assume a Filarmônica de Nova York na próxima temporada; e o venezuelano-sensação da batuta, Gustavo Dudamel, 26 anos, faz o mesmo com a Filarmônica de Los Angeles. Continua aqui.

Uma atualização (26/9): Henry Fogel colocou ontem em seu blog comentários sobre sua visita ao Brasil. Leia aqui.

ernani

E já que estamos falando de nossas grandes cantoras, uma boa notícia: a soprano Adélia Issa será Elvira na apresentação em concerto do "Ernani", de Verdi, programada para o Teatro Municipal de São Paulo. Será no dia 28 de setembro, com regência de José Maria Florêncio à frente da Sinfônica Municipal e a participação de Kaludi Kaludov (tenor), Pepes do Valle (baixo) e Lício Bruno (barítono).

céline

Com as mudanças nas últimas duas semanas no Teatro Municipal do Rio, não sei se está mantida a “Carmen” em homenagem a Céline Imbert e seus 20 anos de carreira. Encontrei com Céline há cerca de um mês no caixa do supermercado e ela estava animadíssima com a possibilidade de voltar a interpretar a personagem. Se for cancelada, vai ser uma pena. Não seria justo ela passar a data sem a homenagem devida. Mas meu espírito se acalmou um pouco com a produção de “A Voz Humana”, no Teatro São Pedro, no último fim de semana (por que uma temporada tão curta, aliás?). Caetano Vilela fez uma montagem no tamanho de Céline. A idéia de colocá-la como uma cantora de cabaré, cantando Piaf numa espécie de prólogo à ópera de Poulenc, enriqueceu a personagem e deu a ela uma leitura interessante. E não consigo imaginar maior homenagem a uma atriz/cantora do que um papel e uma montagem que lhe permitam explorar todas as suas possibilidades expressivas. A propósito de Céline, lembro aqui de uma história, uma sensação, na verdade, que me marcou muito. Há alguns anos, em Manaus, estive na abertura do Festival Amazonas, com um concerto ao ar livre. Orquestra e cantores ficam lá no alto, na sacada do teatro, e o público se espalha pela praça, alguns sentados, outros, a maioria, de pé, acompanhando tudo por telões. É claro que, em um ambiente de multidão como esse, as atenções se dispersam. As crianças correm, as comadres batem papo, tem até um ou outro que ouve o radinho próximo ao carrinho de pipoca. Em determinado momento, me levantei das cadeiras e fui dar uma volta pela praça. Depois de alguns minutos, Céline começou a cantar a ária da Odaléa, no “Condor”, se não me engano. Estava caminhando pela praça e a sensação que eu tive era que, de uma hora para outra, todo mundo fez silêncio e parou para ouvi-la. Talvez tenha idealizado a situação; talvez tenha sido mesmo uma sensação muito pessoal minha. Mas, no fundo, não sei se faz diferença. Seja no clamor da multidão, seja nos espaços mais íntimos de uma só pessoa, é em momentos assim que se identifica uma artista de raro talento. Brava, Céline!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

perguntas

O que é a música clássica? O que é um músico clássico? O violoncelista Yo-Yo Ma, lançando novo disco do Silk Road Project, que tem como objetivo promover o encontro musical entre ocidente e oriente, arrisca algumas respostas em entrevista a Alex Ross.

passarela

Não vi na cobertura dos jornais impressos, mas deu no Jornal Nacional. Segundo pesquisa do IBGE sobre a vida cultural brasileira, divulgada esta semana, o Brasil tem mais orquestras que escolas de samba – são 638 contra 632. Confesso que não tenho a menor idéia do que isso quer dizer. Ou mesmo se quer dizer alguma coisa...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

em poucos segundos


Ainda sobre o "Cavaleiro da Rosa". Agora à noite estava ouvindo o trio final com o Regine Crespin, Yvone Minton (não me lembro quem é a outra soprano), regência do Solti. E fiquei repetindo aqueles primeiros momentos, a primeira frase da marechala, o instante em que as vozes começam a se sobrepor....não sei se acontece com vocês também mas, às vezes, há tanta beleza em momentos como esse que é como se você pudesse viver toda a sua vida naqueles poucos segundos....

terça-feira, 18 de setembro de 2007

música e...

Leonardo Martinelli, compositor, crítico da Gazeta Mercantil e blogueiro (está no ar, aliás, seu texto sobre Pavarotti) dá palestra, no dia 28 de outubro, sobre o tema “A Música e a Igreja – Entre a Liturgia e o Entretenimento”. Será na Igreja da Paz – Luterana (informações e inscrições pelo telefone 5181-7966 ou pelo e-mail igrejadapaz@uol.com.br); e o colega Irineu Franco Perpétuo, jornalista colaborador da "Folha de S. Paulo", da Rádio e TV Cultura, da revista "Bravo" e correspondente, no Brasil, da revista "Ópera Actual", fala, na série Universo do Conhecimento, da Universidade São Marcos em parceria com a Livraria Cultura, sobre as relações entre os filósofos e a música – são duas sessões, nos dias 22 e 29 de setembro, das 11 às 13 horas (mais informações aqui).

trio

Para quem não esteve no lançamento, ontem, do livro "As Óperas de Richard Strauss", de Lauro Machado Coelho, um momento da seleção de vídeos da palestra. Para lavar a alma.

já vimos essa história

E do Rio chega a informação de que Carla Camuratti, atriz e cineasta que tem no currículo algumas direções de óperas, é a nova diretora do Teatro Municipal do Rio. E não falo mais nada...

Uma atualização: eu sei que disse que não falaria mais nada, mas não resisto - o que explica a insistência, por parte do poder público, de escolher para dirigir teatros de ópera gente que conhece nada, ou pouco, do assunto? E, mais do que isso: faz algum sentido escolher, para tirar da crise um teatro das proporções do Municipal, imerso em burocracia e dívidas, alguém que não tem experiência nenhuma em gestão de instituições culturais? Tá bom, agora chega....

uma frase do ministro

Fazendo algumas pesquisas aqui no jornal, me deparei com uma declaração do ministro Gilberto Gil, feita durante o primeiro seminário das orquestras sinfônicas brasileiras, em dezembro, na Sala São Paulo. Discorrendo sobre a política cultural de sua gestão para a música clássica, ele se disse obrigado a reconhecer que ela não existia, era uma “lacuna”. Mais grave: ele disse não saber por onde começar a reparar o erro e pediu ajuda das orquestras na hora da formatar uma política específica para o setor. Bom, a incapacidade doentia de nossas orquestras de se articularem em favor de um bem comum é mais do que garantia, aliada à atitude passiva do ministério, de que o governo deve acabar com um saldo de oito anos perdidos no que diz respeito à uma tentativa de repensar a atividade da música clássica no País. Enfim, estou me desviando. O que me chamou a atenção na declaração do ministro, na verdade, foi outro ponto que, para mim, é mais grave e importante. Ele falou em “política específica” para o setor. É inegável que o ministério atuou em outras áreas, criou adendos para a lei do cinema, por exemplo, incentivou as manifestações regionais e assim por diante. Mas, eu me pergunto: é essa apenas a função do ministério, ou seja, identificar setores da produção cultural e fazer investimentos pontuais que levem à sua realização? É claro que o ministério pode e deve eleger projetos que julgue importantes na articulação da cultura nacional. Mas, é só isso? Bom, já está claro que penso que não. O ministro fala em políticas específicas quando, na verdade, penso eu, deveria é estar falando em políticas mais amplas. Quando se pensa em política cultural, acredito, deve-se pensar em um modelo de financiamento e estímulo à cultura por meio, claro, da produção cultural. Devem ser lançadas bases, linhas de pensamento, conceitos de atuação. Nesse contexto, não acho que exista questão mais urgente que a das leis de incentivo. Todos sabem, mas vale lembrar como elas funcionam: o produtor cultural cria um projeto e se inscreve no ministério – e, com o projeto aprovado, sai à cata de patrocinadores que, se decidirem investir na iniciativa, poderão descontar do imposto a pagar o valor, ou parte dele, do investimento. Há uma primeira conseqüência, mais óbvia, deste modelo: no final das contas, o dinheiro investido é público, só que ele passa a ser usado de acordo com o interesse privado, ou seja, do patrocinador, que tem toda a liberdade para decidir no que vai ou não investir. E, como no Brasil não há uma tradição de mecenato privado e as empresas bancam apenas aquilo que vai oferecer retorno em marketing , não seria absurdo dizer que a lei de incentivo permite à empresa promover sua marca com dinheiro público, ajudando de quebra o artista. A essa crítica, o ministério responde há muito tempo da seguinte forma: o Estado não está abrindo mão da participação no processo – no momento em que seleciona os projetos, já o encaminha e regula. Em teoria, perfeito. Mas aqui mesmo no blog já citei casos de uma série de desvios e irregularidades – e, recentemente, a Folha Online encontrou dois casos bastante representativos, envolvendo artistas que conseguem sustento comercial, ou seja, faturam com shows, CDs e DVDs o suficiente para bancar suas atividades, mas que estão se inscrevendo na lei sem precisar (e conseguindo a aprovação do ministério). Podemos lembrar ainda outros desvios, como o altíssimo valor dos ingressos que muitos projetos cobram, apesar de estarem usando dinheiro público para ficar de pé: caso, por exemplo, dos grandes musicais ou da recente turnê do Cirque du Soleil pelo país. Enfim, nada disso é novidade e essa situação foi herdada de outras gestões. Mas o fato é que, se a lei de incentivo é uma realidade e veio para ficar e regular por um bom tempo a atividade cultural no País, deveria estar sendo discutida e aperfeiçoada. O ministério estaria fazendo um grande favor a todos os “setores específicos” se, em vez de tentar solucionar problemas individuais, criasse projetos e linhas conceituais de atuação que contemplassem a todos e unificassem a atividade cultural. Ou não?

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

hatto e outras polêmicas

A New Yorker da próxima semana traz um belo texto de Mark Singer sobre o caso Joyce Hatto, relembrando o episódio e oferecendo informações que eu ainda não havia lido em lugar nenhum, como as primeiras dúvidas surgidas na internet antes da fraude ser descoberta - já é possível ler o artigo no site da revista. Enquanto isso, na Itália, começam as polêmicas em torno dos últimos dias de Luciano Pavarotti - uma amiga do tenor, esposa de Leone Magiera, disse a uma revista que ele estava profundamente infeliz no casamento e que Nicoletta Mantovani o proibia de ver os amigos; já suas filhas do primeiro casamento foram à RAI negar que o pai, sob pressão da esposa, teria feito um novo testamente pouco antes de morrer.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

legados

Tinha prometido a mim mesmo que evitaria, aqui, de discorrer em análises sobre a carreira de Pavarotti – afinal, nos últimos dias, gente muito mais qualificada do que eu já publicou, em todo o mundo, textos, ensaios, artigos, enfim, sobre sua carreira e sua contribuição à ópera. Agora há pouco, no entanto, Flávia Guerra, minha colega de Caderno 2, me parou no corredor para perguntar, qual seria, na minha opinião, o legado de Pavarotti. Confesso que fiquei em dúvida. Todos nós conhecemos suas grandes gravações do auge da carreira. Mas a Flávia falou em Maria Callas, de quem, no dia 16, completam-se 30 anos de morte. Callas, acredito, mudou nossa percepção da interpretação, dos próprios limites da voz e das possibilidades expressivas do repertório. Mas, pensando, em Pavarotti, me pergunto se ele teria deixado legado semelhante. Fico inclinado a dizer que não. Foi indiscutivelmente um grande tenor. Mas será que em algum momento ele teve uma interpretação capaz de mudar os rumos do gênero? Repasso a pergunta a vocês.

domingo, 9 de setembro de 2007

tilson thomas


Do maestro Michael Tilson Thomas em entrevista ao "The Scotsman": "Minha vida musical é conduzida por quatro questões: o que está acontecendo em termos de melodia, harmonia e forma? por que isto está acontecendo? enquanto músicos ou membros do público, o que isto significa para você? e o que você pensa a fazer a respeito?". Continua aqui.

gould apaixonado


Estamos nos aproximando dos 25 anos da morte do pianista Glenn Gould e o nome dele já volta às manchetes da mundo clássico. Primeiro, com a revelação, pelo jornal The Star, de Toronto, de cartas que comprovam o caso de amor que o pianista manteve com Cornelia Foss, mulher de Lukas Foss. Em uma das cartas, ela descreve a despedida - "Eu nunca vou esquecer do momento em que Lukas se despedia de mim na estação, sorrindo. 'Por que sorri? Estou te deixando para ficar com Glenn'. E ele respondeu: 'Não seja ridícula, você vai voltar'." Já o crítico da "Slate", de São Francisco, ouve a gravação de Simone Dinnerstein para as "Variações Goldberg" e se pergunta: um novo Gould? - perguntas deste tipo dão ótimos títulos de matéria, mas fazem pouco sentido: de qualquer forma, fica a referência de uma nova e, aparentemente, interessante artista.

novo fôlego?


A Deutche Grammophon triplicou seu número de lançamentos; a EMI Classics anunciou que está voltando a assinar contratos de exclusividade com artistas clássicos; por sua vez, a Sony-BMG afirma estar estudando possíveis 14 novos contratos - o primeiro deles, já fechado, com a violinista Lisa Batiashvili, que vai gravar um novo concerto de Magnus Lindberg. Novos contratos e lançamentos - seria a volta por cima das principais gravadoras? Não exatamente, diz Norman Lebrecht em sua coluna semanal.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

morre o tenor luciano pavarotti


Morreu nesta madrugada, aos 71 anos, o tenor italiano Luciano Pavarotti (1935-2007)

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

pavarotti em estado grave

O estado de saúde do tenor Luciano Pavarotti piorou drasticamente. Segundo informações da imprensa italiana, já repercutidas por agências de todo o mundo, o tenor está inconsciente e seus rins já não funcionam. Ele está em casa, sendo acompanhado por médicos de um hospital de Módena. Terry Robson, agente do cantor, não desmentiu a notícia da agência, mas o porta-voz do hospital não quis fazer comentários sobre o estado de saúde do cantor. Ainda segundo a imprensa italiana, que já ruma em direção a Modena, familiares e amigos próximos têm sido vistos chegando à casa do tenor. Mais informações aqui.