Morreu na noite de ontem, segunda-feira, a soprano norte-americana Beverly Sills. Aos 78 anos, ela foi vítima de um câncer de pulmão. "Sills foi a versão americana de uma prima donna. Seu jeito direto e sua vitalidade fizeram dela celebridade genuína e advogada das artes. Sua vida personificou a arquetípica história americana de origens humildes, anos de luta, tragédia familiar e triunfo artístico", escreve Anthony Tommasini no New York Times, que traz mais informações sobre sua morte. Leia sobre a soprano também nos jornais Philadelphia Inquirer e Los Angeles Times e no site da agência Reuters. Na foto, Sills aparece em uma produção de "Anna Bolena", em 1973, na New York City Opera. E, no You Tube, uma seleção de vídeos da soprano, com seus principais papéis e uma divertida paródia ao lado do comediante Danny Kaye.
terça-feira, 3 de julho de 2007
morre a soprano beverly sills
Morreu na noite de ontem, segunda-feira, a soprano norte-americana Beverly Sills. Aos 78 anos, ela foi vítima de um câncer de pulmão. "Sills foi a versão americana de uma prima donna. Seu jeito direto e sua vitalidade fizeram dela celebridade genuína e advogada das artes. Sua vida personificou a arquetípica história americana de origens humildes, anos de luta, tragédia familiar e triunfo artístico", escreve Anthony Tommasini no New York Times, que traz mais informações sobre sua morte. Leia sobre a soprano também nos jornais Philadelphia Inquirer e Los Angeles Times e no site da agência Reuters. Na foto, Sills aparece em uma produção de "Anna Bolena", em 1973, na New York City Opera. E, no You Tube, uma seleção de vídeos da soprano, com seus principais papéis e uma divertida paródia ao lado do comediante Danny Kaye.
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5 comentários:
Felizmente dessa artista ficaram alguns grandes documentos:
a caixa em que ela faz as rainhas Tudor de Donizetti;
o DVD recentemente lançado da apresentação em forma de concerto da versão original de "Ariadne auf Naxos", regida por Leinsdorf, em que ela faz Zerbinetta (e canta "Grossmächtige Prinzessin" na redação inicial);
o vídeo da "Manon" que ela cantou na New York City Opera, de que foi a grande estrela.
Ela foi uma das grandes responsáveis pelo movimento de redescoberta e valorização do belcanto; e era uma pessoa de um alto astral admirável, apesar de todas as dificuldades pessoais que teve de enfrentar.
Ela foi uma cantora, sobretudo, inteligente. Apesar de técnica exemplar e de uma facilidade impressionante para fazer coloraturas (ela, em alguns casos, deixava até uma Sutherland em segundo plano) não possuia um timbre muito sedutor e a sua voz apresentava, mesmo no apogeu, um vibrato meio incômodo. Mesmo assim, ela nos deixou retratos fascinantes dos seus papéis preferidos: Baby Doe, em uma gravação exemplar dessa ópera pouco conhecida, a Manon e as Rainhas Tudor (citadas pelo Lauro), a Lucia, as heroínas dos Contos de Hoffmann e uma deliciosa Cleópatra, em uma gravação completamente equivocada do Giulio Cesare de Handel, regida pelo Rudel ( que foi o seu grande partner no pódio, tal como o esquecido Norman Treigle no palco). Para mim, ela será lembrada como a responsável pela mais deliciosa gravação de "L'amerò, sarò costante" da Zaide de Mozart.
Coleciono gravações de ópera há muito tempo, mas só comecei minha relação com Bubbles em 2002. Passando por Buenos Aires a caminho da Patagônia, fiz uma visitinha à Casa Piscitelli para saber se havia alguma novidade. O vendedor me mostrou um CD duplo, recém-lançado pelo Teatro Colón, com o registro de uma "Lucia de Lamermoor" de 23 de junho de 1972. No elenco estavam Sills, Alfredo Kraus e Giampiero Mastromei. Achei incrível, mas tive medo de levar o disco e perdê-lo no meio da neve. "Compro na volta", pensei. Dez dias depois, novamente em Buenos Aires, assisti a uma "Manon", com a argentina Paula Almerares. No saguão do Colón, uma exposição de fotos relembrava a estréia daquela mesma produção, em 1970, estrelada pela própria Sills e por Nicolai Gedda. Na manhã seguinte, prestes a voltar para Sampa, passei na Piscitelli novamente. O vendedor explicou-me que o Colón mandara recolher os CDs, por razões de ordem jurídica. Não falei nada, mas acho que fiz uma cara tão triste que ele abriu uma gaveta, pegou uma caixa e vendeu para mim. Tenho gravações de "Lucia" com cantoras como Pagliughi e Sutherland (incluindo a estréia dela no papel, em 1959, de que falei no outro comentário a outro post do João), passando por Scotto, Callas, Deutekom. A de Sills, para mim, é insuperável em todos os sentidos. Vou ouvir esse disco hoje.
Baby Doe, um marco na carreira de Beverly Sills, foi não apenas um de seus maiores papéis -- justíssima a lembrança do Renato -- mas também um episódio que caracteriza a sua personalidade de "unsinkable Molly".
Quando Julius Rudel sugeriu, em 1958, que ela se candidatasse ao papel, na montagem da NY City Opera, ela ficou muito ofendida ao saber que Douglas Moore, o compositor, a considerava "grandalhona demais para o papel". Para a audição, ela foi à Bergsdorf e comprou o sapato mais alto que encontrou, "que me fazia parecer ter dois metros de altura". E cantou a "Willow Song", do ato I, de um jeito que fez Moore exclamar: "Miss Sills, you are Baby Doe".
A gravação de "The Ballad of Baby Doe", uma das óperas mais importantes do repertório americano, é um dos grandes triunfos de Beverly Sills.
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