terça-feira, 1 de maio de 2007

manon


No You Tube, há uma série de vídeos da "Manon" da Ópera de Viena, interpretada em março deste ano por Roberto Alagna e Anna Netrebko. Gosto cada vez mais dela, mas o Alagna... a voz está cansada, ele tem dificuldade de segurar as notas, a afinação às vezes é aproximada. Basta ouvir, também no You Tube, uma gravação de um Alfredo Kraus já em final de carreira da ária "Je suis seul... Ah, fuyez douce image" para ver a diferença que faz um cantor que sabe escolher seu repertório e preservar a voz.

3 comentários:

Anônimo disse...

tirando um certo histrionismo exagerado, que me parece bastante artificial ( desejo de construir um perfil de anti-diva?), também a cada dia gosto mais da Netrebko; recentemente vi um DVD do concerto dela, do Domingo e do Villazón em julho de 2006 em Berlim (deveria tr escrito: do Domingo, dela e do Villazón...)no qual ela demonstra que não é apenas mais um rostinho bonito no pedaço: canto como gente grande o dueto do Otello.

quanto ao Alagna, depois daquela confusão do início do ano no Scala - que até agora não entendi direito, as peças do quebra-cabeças simplesmente não se unem... - deveria ter tirado umas férias sabáticas de 7 anos para esfriar a cabeça e repensar a vida....

Anônimo disse...

esse concerto de Berlim, gravado em 2006 - dando-se o devido desconto ao espetáculo inerente a essas mega manifestações - me serviu para evidenciar que o Domingo do alto de seus sessenta e tantos anos dá um banho de musicalidade, interpretação e elegância nessas estrelas ascendentes do bel canto: Netrebko e Villazón.

O timbre é mais bonito que o do rival, a voz está tão fresca e juvenil quanto há alguns anos atrás e , ainda, canta nos registros de barítono (o dueto dos Pescadores de Pérolas) e tenor (Otello, principalmente) com a mesma desenvoltura e facilidade.

Aliás, ele confirma a máxima de que o brilho de seu desempenho e o fogo de sua interpretação estão na proporção direta da beleza e da arte de suas partners ( o dueto do Otello é das melhores interpretações que já ouvi dele, que dessa vez em nada aciona o piloto automático quando canta o Otello, como bem disse o Lauro em outro comentário).

Unknown disse...

Esse seu comentário confirma uma outra coisa que te disse uma vez, Renato, a respeito do Don José do Domingo: que a interpretação dele sempre varia em função de quem canta a seu lado -- e, neste caso, a Desdêmona da Netrebko (um papel em que eu gostaria de vê-la) só não inspiraria a um tijolo. Não vi ainda esse concerto de Berlim, mas estou pronto a concordar que, mesmo na idade em que está, o Domingo possui um material vocal superior ao do Villazón.