sexta-feira, 13 de abril de 2007
música de homem?
"Mulheres são incapazes de reger Brahms, Mahler é música de homem". Assim Helen Thompson, então gerente da Filarmônica de Nova York, acabou com as esperanças de uma carreira para a maestrina Eve Queler nos anos 70. Trinta anos depois, parece que o mundo orquestral segue em direção à igualdade de gêneros, mas será que alguém ainda considera Mahler além das possibilidades interpretativas de uma maestrina?", se pergunta Rosie Johnston em interessante artigo no Guardian sobre o trabalho de mulheres que se aventuram pelo mundo da regência.
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7 comentários:
De fato as regentes são raras: Sarah Caldwell e Eve Queller nos EUA; e também Thea Musgrave que, as vezes rege suas próprias composições. Quem mais? Veroníka Dudárova na Rússia, a inglesa Jane Glover, especialista em barroco, as francesas Nadia Boulanger, Jeanne Évrad, Claire Gibault, a israelense Giselle ben-Dor. No Brasil, Cleofe Person de Mattos -- que era regente de coro, principalmente --; a cubana Elena Herrera, que mora em Brasília; e Lígia Amadio, que está em Niterói. E a nossa queridíssima Naomi Munakata, tão boa à frente de uma orquestra quanto de um coral. No século XIX, havia Emma Roberts Steiner, que muita gente considerava excepcional; mas o próprio Heinrich Conried, diretor do Metropolitan, disse que nunca poderia convidar uma mulher para empunhar uma batuta diante de uma orquestra formada só de homens. Esse preconceito não ficou esquecido no século XIX, pois vocês devem se lembrar da celeuma criada dentro da Filarmônica de Berlim quando Karajan quis contratar a excelente clarinetista Sabine Haas. Não há nada, é claro, que impeça uma mulher de ser uma boa intérprete de Brahms ou Mahler, a não ser nossos ranços machistas. É claro que há muitíssimos mais compositores do que compositoras e, por mais que tenhamos boa-vontade, não podemos dizer que Fanny Mendelssohn se igualasse a seu irmão Felix; ou que Clara Schumann tenha a mesma envergadura do marido. Mas isso também parece ser coisa do passado, se considerarmos que Thea Musgrave ou Judithe Weir, hoje, têm competência criativa comparável à de seus colegas homens.
Tenho comprado, pelo selo Naxos, muitos discos regidos por Marin Alsop, americana ex-aluna de Leonard Bernstein, que é a atual principal regente da orquestra de Bournemouth (alma mater do Rattle, antes de ele assumir Berlim). Ela tem regido, para o selo, muita música americana ( inclusive do seu ex-professor), um ciclo de Barber ( excelente) e, está completando as sinfonias de Brahms (com as aberturas), que é de primeira linha. Parece que ela assumirá, nos EUA, a orquestra de Baltimore.
Por outro lado, há, também a JoAnn Falletta, regente principal, há muito tempo, da orquestra de Buffalo, uma das boas de 2a linha dos EUA.
Da Falletta não conheço nada, mas a Alsop deixa muito regente masculino para trás.
Tenho comprado, pelo selo Naxos, muitos discos regidos por Marin Alsop, americana ex-aluna de Leonard Bernstein, que é a atual principal regente da orquestra de Bournemouth (alma mater do Rattle, antes de ele assumir Berlim). Ela tem regido, para o selo, muita música americana ( inclusive do seu ex-professor), um ciclo de Barber ( excelente) e, está completando as sinfonias de Brahms (com as aberturas), que é de primeira linha. Parece que ela assumirá, nos EUA, a orquestra de Baltimore.
Por outro lado, há, também a JoAnn Falletta, regente principal, há muito tempo, da orquestra de Buffalo, uma das boas de 2a linha dos EUA.
Da Falletta não conheço nada, mas a Alsop deixa muito regente masculino para trás.
Alsop e Falletta são, para mim, dois nomes, de que tenho ouvido falar, mas das quais fico muito curioso em conhecer o trabalho. Obrigado pela dica, Renato.
No "Mito do Maestro", Norman Lebrecht dedica um capítulo aos "Excluídos": gays, negros e mulheres.
A questão dos homossexuais, que foram discriminados por muito tempo -- sabemos o quanto o grande Dmitri Mitropoulos sofreu por causa disso --, hoje é coisa passada em julgado: depois de Leonard Bernstein, James Levine e Jeffrey Tate, ninguém mais se preocupa com isso. Um preconceito de menos.
Os negros continuam tendo uma participação limitada no mundo da regência. Lebrecht cita Dean Dixon, e Henry Lewis, que foi casado com Marilyn Horne. Lembro-me também de Paul Freeman, que esteve aqui, nos tempos do Ira Levin no TM, regendo um ciclo Brahms.
À questão das mulheres regentes, Lebrecht também dedica algumas reflexões interessantes.
as mulheres sofreram e sofrem preconceitos em todas as áreas. poucos homens leram livros escritos por mulheres e em geral, as poucas vezes que lêem, colocam suas obras em patamares inferiores aos dos homens. beijos, pedrita
comprei outro dia a segunda de brahms com a alsop, é bem interessante. e ela é uma figura profundamente inteligente e articulada. em alguma edição recente da grammophone, o CD que acompanha a revista traz uma entrevista com ela justamente sobre o ciclo Brahms que está fazendo para o selo Naxos. Renato, se não me engano, ela assume a Sinfônica de Baltimore no segundo semestre, acabou de divulgar sua primeira temporada como regente titular, tem bastante do repertório tradicional, mas combinado com coisas mais recentes e algumas obras encomendadas. há alguns anos, quando foi nomeada, houve muita polêmica - alguns músicos foram protestar contra a nomeação dela, não muito contentes de serem liderados por uma mulher. mas, lendo na imprensa americana, a expectativa geral é de que ela movimente bem o cenário e dê fôlego para que a sinfônica de baltimore brigue por um espaço maior entre as grandes americanas. esperar para ver.
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