Chegam, enfim, boas notícias sobre o Teatro Municipal em 2008. A temporada de óperas acaba de ser divulgada e traz oito títulos: cinco novas produções, uma delas em parceria com Manaus; um empréstimo, feito do acervo do Palácio das Artes de Belo Horizonte; e duas remontagens de produções da casa. A lista segue abaixo:
Falstaff, de Giuseppe Verdi (abril)
Lício Bruno, Laura de Souza, Manuel Álvarez, Regina Elena Mesquita
Orquestra Sinfônica Municipal e Coral Lírico
José Maria Florêncio, regência
José Possi Neto, direção cênica
(produção de 2003 do Teatro Municipal)
O Castelo do Barba-Azul, de Béla Bartok (maio)
Stephen Bronk, Céline Imbert
Orquestra Sinfônica Municipal
Rodrigo de Carvalho, regência
Felipe Hirsch, direção cênica
Daniela Thomas, cenários e figurinos
(produção de 2006 do Palácio das Artes)
Madama Butterfly, de Giacomo Puccini (junho)
Senda/Laura de Souza, Paul Charles Clarke/Vannucci, Tessuto, Bruno
Orquestra Experimental de Repertório e Coral Lírico
Jamil Maluf, regência
Jorge Takla, direção cênica
Tomie Ohtake, cenários e figurinos
(nova produção do Teatro Municipal)
Ariadne em Naxos, de Richard Strauss (agosto)
Eiko Senda, Andrea Ferreira, Denise de Freitas, Marcello Vannucci
Orquestra Sinfônica Municipal
José Maria Florêncio, regência
Caetano Vilela, direção cênica
Renato Theobaldo, cenários
Olinto Malaquias, figurinos
(nova produção em parceria com o Festival Amazonas de Ópera)
Colombo, de Antonio Carlos Gomes (setembro)
Sebastião Teixeira, Marcello Vannucci, Mônica Martinez
Orquestra Sinfônica Municipal e Coral Lírico
José Maria Florêncio, regência
William Pereira, direção cênica e cenários
Luis Rossi e Rita Benitez, figurinos
(produção de 2003 do Teatro Municipal)
Amelia al Ballo, de Giancarlo Menotti (outubro)
Le Villi, de Puccini
Menotti: Cláudia Riccitelli, Leonardo Neiva, Martin Mühle
Orquestra Experimental de Repertório e Coral Paulistano
Juliano Suzuki, regência
Lívia Sabag, direção cênica
Puccini: Mirna Rubin, Marcos Paulo, Douglas Hahn
Orquestra Experimental de Repertório e Coral Lírico
Jamil Maluf, regência
João Malatian, direção cênica
(novas produções do Teatro Municipal)
Sansão e Dalila, de Camille Saint-Säens (novembro)
Simon O’Neill/Marcello Vannucci, Cecilia Diaz/Denise de Freitas, Paulo Szot
Orquestra Sinfônica Municipal e Coral Lírico
Jamil Maluf, regência
André Heller-Lopes, direção cênica
(nova produção do Teatro Municipal)
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
morre o compositor karlheinz stockhausen
Morreu na quarta-feira na Alemanha o compositor alemão Karlheinz Stockhausen. A notícia foi divulgada no começo da tarde de hoje. Mais informações aqui.
tristão e isolda - ao vivo
Dica preciosa de João Baptista Natali - entre agora no site www.radiofrance.fr, clique em "France Musique" e, em seguida, em "Écouter"; e, ao vivo, você acompanha a transmissão de um "Tristão e Isolda" que Daniel Barenboim está regendo no Scala de Milão. A transmissão está no final do segundo ato. O elenco: Ian Storey (Tristão), Waltraud Meier (Isolda), Matti Salminen (Rei), Gerd Grokowski (Kurwenal), Will Hartmann (Melot) e Michelle de Young (Brangäne).
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
educação musical
Para variar, uma boa notícia: foi aprovado por unanimidade ontem no Senado o projeto de lei que torna obrigatória a educação musical no ensino fundamental brasileiro. Falta agora a aprovação da Câmara dos Deputados. O portal VivaMúsica! tem mais informações.
domingo, 2 de dezembro de 2007
momentos marcantes de 2007
Vamos ver se vocês topam. O final do ano está chegando e, com ele, logo vão aparecer na imprensa as retrospectivas, tentando dar conta do que de mais importante aconteceu em 2007. Bom, minha sugestão é a seguinte: que tal prepararmos uma retrospetiva nossa aqui no blog? A idéia é elencar os concertos, as gravações, os intérpretes que mais marcaram, na opinião de vocês, o ano musical. Não se trata de uma lista de melhores e piores mas, sim, de um inventário de momentos marcantes, seja lá por quais razões, musicais, pessoais, enfim, vivenciados ao longo do ano - fiquem à vontade e, como a memória às vezes nos trai, podem comentar e, mais tarde, voltar e deixar mais comentários depois. Bom, eu começo lembrando dois espetáculos que passaram agora pela cabeça, a produção da "Lady Macbeth" de Shostakóvitch no Festival Amazonas de Ópera, com Eliane Coelho no papel principal, e dos concertos de Thomas Hampson em São Paulo, interpretando canções de Mahler. Como repórter, foi bastante interessante acompanhar as aulas de Yo-Yo Ma e Kiri Te Kanawa, no Teatro Cultura Artística e no Festival de Campos, respectivamente. Bom, esses são apenas alguns dos muitos momentos do anos. Agora é com vocês, me ajudem a completar essa lista.
enquete (2) - resultados
Chegou ao fim mais uma enquete realizada aqui no blog, agora sobre as recentes mudanças no comando do Municipal do Rio. A pergunta era: Você acha que será bom para a vida musical carioca o maestro Roberto Minczuk assumir, além da OSB, a direção musical e a regência do Teatro Municipal? Bom, 89% dos votantes (53 pessoas) responderam que não, enquanto 6% (10%) disseram que sim. E, por quê? A enquete não pede justificativas, mas algumas foram colocadas no post que a provocou. Entre outras coisas, os internautas falaram da importância de um maestro com experiência administrativa para lidar com a burocracia e os problemas do Municipal; da falta de diversidade que o acúmulo de funções (Minczuk também dirige a OSB) pode acarretar; ou ainda de uma "viagem narcisística" do maestro, que estaria tentando ganhar no Rio a mesma importância que John Neschling. A preocupação central, no entanto, parece ser com o acúmulo de funções - será que Minczuk dá conta da OSB e do Municipal. Pelos comentários, não me pareceu haver dúvidas sobre seu talento e potencial; trata-se principalmente de uma questão de tempo - além, da OSB e do Municipal, ele tem a Filarmônica de Calgary e o Festival de Campos do Jordão em sua lista de tarefas. Em outras palavras, o que o Municipal precisaria não seria alguém que pudesse se dedicar exclusivamente a ele? Bom, 2008 está chegando. A gente logo vai saber. p.s.: recebi algumas mensagens, enviadas diretamente para meu e-mail, questionando, tanto no blog como na matéria escrita para o "Caderno 2", a ausência de comentários da nova presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio, Carla Camuratti. Respondi pessoalmente aos e-mails, mas coloco aqui também a explicação: ela foi procurada desde o meio da semana anterior à viagem ao Rio e disse, por meio de sua chefia de gabinete, que não tinha como atender o pedido de uma entrevista por questões de agenda.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
mundo digital
Na "New Yorker", Alex Ross escreve texto sobre o potencial casamento de sucesso entre a música clássica e a internet. A Deutsche Grammophon acaba de inaugurar sua loja virtual de downloads; a English National Opera começa a oferecer em seu site downloads gratuitos de entrevistas com artistas e trechos de suas produções; o Metropolitan de Nova York passa a oferecer a possibilidade de download de 100 gravações de óperas de seus arquivos, desde uma “Carmen” com Rosa Ponselle em 1937 a um “Don Pasquale” com Juan Diego Florez e Anna Netrebko gravado em 2006; e o site Keeping Score começa a disponibilizar serviço em que você pode assistir a um vídeo de concerto com a partitura e anotações do maestro passando pela tela.
em 2008
A Sociedade de Cultura Artística e o Mozarteum Brasileiro já divulgaram suas temporadas para 2008. Os programas das apresentações ainda não foram divulgados.
Sociedade de Cultura Artística
Nelson Freire, piano (maio)
Staatskapelle Berlin/ Daniel Barenboim (maio)
Vinius Festival Orchestra/ Krzysztof Penderecki (junho)
Quarteto Alban Berg (julho)
Sinfônica de Israel/ Dan Ettinger (agosto)
Filarmônica de Liège/ Pascal Rophé/ Susan Graham (agosto)
Hallé Orchestra/ Mark Elder/ Polina Leschenko (setembro)
Hespèrion XXI/ Jordi Savall/ Montserrat Figueras (setembro)
Jerusalem Chamber Ensemble (outubro)
Kodo – Percussão do Japão (novembro)
Mais informações aqui.
Mozarteum Brasileiro
Bamberger Symphoniker/ Jonathan Nott/ Mathias Goerne (maio)
Berlin Philarmonic Sextet (maio)
Quarteto Szymanowski (junho)
Frederica Von Stade/ Jake Heggie (agosto)
Orquestra Sinfônica de Tóquio/ Hubert Soudant (agosto)
Leif Ove Andsnes (setembro)
Sinfônica Tchaikovsky de Moscou/ Vladimir Fedoseyev (outubro)
Gidon Kremer Piano Quartet (novembro)
Mais informações aqui.
Sociedade de Cultura Artística
Nelson Freire, piano (maio)
Staatskapelle Berlin/ Daniel Barenboim (maio)
Vinius Festival Orchestra/ Krzysztof Penderecki (junho)
Quarteto Alban Berg (julho)
Sinfônica de Israel/ Dan Ettinger (agosto)
Filarmônica de Liège/ Pascal Rophé/ Susan Graham (agosto)
Hallé Orchestra/ Mark Elder/ Polina Leschenko (setembro)
Hespèrion XXI/ Jordi Savall/ Montserrat Figueras (setembro)
Jerusalem Chamber Ensemble (outubro)
Kodo – Percussão do Japão (novembro)
Mais informações aqui.
Mozarteum Brasileiro
Bamberger Symphoniker/ Jonathan Nott/ Mathias Goerne (maio)
Berlin Philarmonic Sextet (maio)
Quarteto Szymanowski (junho)
Frederica Von Stade/ Jake Heggie (agosto)
Orquestra Sinfônica de Tóquio/ Hubert Soudant (agosto)
Leif Ove Andsnes (setembro)
Sinfônica Tchaikovsky de Moscou/ Vladimir Fedoseyev (outubro)
Gidon Kremer Piano Quartet (novembro)
Mais informações aqui.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
caça ao intérprete
Você já ouviu falar na Philharmonia Slavonica, na Camerata Romana, nos regentes Alberto Lizzio e Alfred Scholz? Euterpe e Clio dá uma boa dica de artigo encontrado na internet - o texto fala sobre aqueles intérpretes fantasmas, ou seja, as orquestras e solistas fictícios criados por selos pequenos para disfarçar a utilização de gravações comerciais e, assim, fugir do pagamento dos direitos autorais. Alguns comentários já foram feitos pelo Lauro no post abaixo sobre a "Carmen".
diva black power
Com alguns dias de atraso, coloco aqui a matéria que João Marcos Coelho escreveu para o “Cultura” do Estadão sobre a soprano Measha Brueggergosman, que está lançando o CD “Surprise”, com canções de Schoenberg e William Bolcom. Detalhe, ela vem ao Brasil no começo de dezembro, para recitais no Rio e em São Paulo.
Os mais velhos dirão que ela é uma perfeita raylette (as generosas black singers que faziam os backing vocals de Ray Charles nos anos 50 e 60); para os mais novos, não ficaria mal como coadjuvante de algum rapper famoso tipo Eminem ou Public Enemy. Os mais revolucionários a apontariam como modelo físico ideal de parceira de Malcolm X, o pantera negra que liderou os negros nos movimentos dos anos 60 nos EUA. Pois esta imensa e arredondada cabeleira deve ser, de fato, um disfarce. Pasmem. Ela é cantora lírica, e soprano das boas. Foi "adotada" como mais nova revelação da Deutsche Grammophon, que está apostando em seu carisma e em sua voz tanto quanto investiu na faxineira do Kirov que virou a diva lírica do momento, a belíssima russa Anna Netrebko (que, por sinal, acaba de ser escolhida como artista do ano pelo vetusto anuário Musical America). Chama-se Measha Brueggergosman e seu sobrenome é estrambótico o suficiente para que ela ensine, em áudio no seu site, como se pronuncia. Mas é simples: ela juntou o seu ao sobrenome do marido. Daí o Brueggergosman. Aos 30 anos, só tem duas gravações comerciais anteriores, realizadas em 2005 e 2006, para o selo canadense CBC. Em um, canta as Nuits d'Eté de Berlioz; no outro, interpreta os norte-americanos Aaron Copland e Samuel Barber. A campanha promocional da DG foi orquestrada para levá-la rapidamente ao estrelato. Agora, seu CD de estréia na nova gravadora, Surprise, tem lançamento simultâneo no mercado internacional e no Brasil. Sim, você leu certo. É o milagre do patrocínio com as bênçãos da Lei Rouanet. Porque uma empresa decidiu patrocinar duas apresentações de Measha em São Paulo em dezembro (Teatro Alfa, dia 6) e Rio (Sala Cecília Meirelles, dia 10), temos o privilégio de ver nas lojas seu CD em real time com o exterior. Chique, não?
Continua aqui.
Os mais velhos dirão que ela é uma perfeita raylette (as generosas black singers que faziam os backing vocals de Ray Charles nos anos 50 e 60); para os mais novos, não ficaria mal como coadjuvante de algum rapper famoso tipo Eminem ou Public Enemy. Os mais revolucionários a apontariam como modelo físico ideal de parceira de Malcolm X, o pantera negra que liderou os negros nos movimentos dos anos 60 nos EUA. Pois esta imensa e arredondada cabeleira deve ser, de fato, um disfarce. Pasmem. Ela é cantora lírica, e soprano das boas. Foi "adotada" como mais nova revelação da Deutsche Grammophon, que está apostando em seu carisma e em sua voz tanto quanto investiu na faxineira do Kirov que virou a diva lírica do momento, a belíssima russa Anna Netrebko (que, por sinal, acaba de ser escolhida como artista do ano pelo vetusto anuário Musical America). Chama-se Measha Brueggergosman e seu sobrenome é estrambótico o suficiente para que ela ensine, em áudio no seu site, como se pronuncia. Mas é simples: ela juntou o seu ao sobrenome do marido. Daí o Brueggergosman. Aos 30 anos, só tem duas gravações comerciais anteriores, realizadas em 2005 e 2006, para o selo canadense CBC. Em um, canta as Nuits d'Eté de Berlioz; no outro, interpreta os norte-americanos Aaron Copland e Samuel Barber. A campanha promocional da DG foi orquestrada para levá-la rapidamente ao estrelato. Agora, seu CD de estréia na nova gravadora, Surprise, tem lançamento simultâneo no mercado internacional e no Brasil. Sim, você leu certo. É o milagre do patrocínio com as bênçãos da Lei Rouanet. Porque uma empresa decidiu patrocinar duas apresentações de Measha em São Paulo em dezembro (Teatro Alfa, dia 6) e Rio (Sala Cecília Meirelles, dia 10), temos o privilégio de ver nas lojas seu CD em real time com o exterior. Chique, não?
Continua aqui.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
rio (3)
Um pouco sobre a "Carmen" do Municipal. Achei a concepção cênica, com projeções em preto e branco, em contraste com eterno vermelho que acompanha as montagens da ópera, sem graça, pouco original, sem interferir muito na compreensão do espetáculo. Mas o problemático mesmo é a orquestra. Dá para ter uma boa idéia da enormidade do trabalho que espera o novo regente. O desempenho é muito desigual. Em uma versão em concerto, sem cenários e figurinos, a orquestra ganha importância ainda maior na construção dos climas, na descrição das cenas. O que se ouviu, no entanto, foi uma interpretação sem contrastes, com desequilíbrio entre naipes, com a orquestra atravessando os cantores a torto e a direito e matando toda a transparência da partitura de Bizet. Restou aos cantores conseguir segurar a apresentação - e saíram-se todos bem, dentro do possível imposto pelas condições, afinal, sem cenários e figurinos e com a orquestra para atrapalhar, fica difícil...
enquete - resultados
Depois de uma semana, terminou a enquete sobre a permanência do maestro Neschling à frente da Osesp. A pergunta, motivada pelo post "Criador e Criatura", que continua a render discussões, era: “Você acha que chegou a hora de escolher um sucessor para o maestro John Neschling à frente da Osesp?”. Bom, aqui estão os resultados: de um total de 60 votantes, 35 (58%) responderam que não; 17 (28%) responderam que sim; e 8 (13%) acham que sim, mas ainda é muito cedo e a orquestra não está pronta, institucionalmente, para essa mudança. Os números são claros, a margem de diferença é significativa. E acho que dá para fazer um balanço. Fica claro que esse é um tema que desperta paixões. E não era para ser diferente, afinal a relação que o público desenvolve com a orquestra é de carinho, de identificação pela realização de um sonho de espectador – e isso é apenas mais uma amostra do quanto o projeto Osesp é importante e significativo. Ao mesmo tempo, porém, os comentários deixam claro que, na cabeça das pessoas, ainda não é possível a separação entre Osesp e John Neschling, o que nos traz de volta ao post original. Em tempo: já está no ar a nova enquete, sobre a música no Rio.
domingo, 25 de novembro de 2007
rio (2)
O guia "Viva Música!" estampou este mês uma foto do maestro Roberto Minczuk com o Cristo Redentor ao fundo e uma manchete que diz: "O Rei do Rio". Nos corredores da OSB, entre os músicos, a piada é a seguinte: "Você viu a foto? Quem é aquele de braços abertos atrás do Minczuk?". Não dá para escapar: o assunto do momento, por aqui, é a decisão do maestro de, além da direção da Sinfônica Brasileira, assumir a direção musical e regência do Teatro Municipal. Conversei com músicos e membros do público e ninguém questiona a capacidade do maestro de desenvolver um bom trabalho, apesar do receio com o acúmulo de funções e a falta de tempo que ele pode gerar. A pergunta que se ouve muito é outra: para que assumir o teatro? O fato é que, apesar da escolha de uma nova direção para a casa, ninguém parece acreditar em uma solução simples para o Municipal. As dívidas, a burocracia, a necessidade urgente de reformas, tudo isso visto em conjunto com a ausência nos últimos anos de um projeto artístico consistente para a orquestra (que está sem regente titular há quase dois anos), parece levar a um clima de descrença generalizada. Nesse sentido, o que se coloca é que as condições de trabalho, nos próximos anos, estarão muito longe das ideais - e isso pode impedir a concretização dos planos que o maestro começa a preparar. Nessa linha de pensamento, assumir o teatro seria, para Minczuk, um risco desnecessário, a possibilidade de sujar um currículo até agora impecável, que tem concertos como regente convidado em importantes orquestras internacionais e já conta com a reabilitação da OSB. Bom, repórter que sou, levei esses questionamentos ao próprio Minczuk. Ele sabe dos riscos que corre. Não acredita que o acúmulo de funções será um problema. Diz acreditar que tem uma responsabilidade, como brasileiro, com as instituições do País e foi convocado a ajudar na reestruturação do teatro. Não poderia dizer não. "Acabei de completar 40 anos, poderia estar morando nos EUA com minha família, vivendo uma outra vida. Mas optei não deixar o Brasil. Foi essa a minha escolha. E vejo a vida musical do Rio em um momento interessante, de recuperação da auto-estima. É essa a hora da transformação", disse. Em termos práticos, ele discorda do clima de pessimismo e diz acreditar que há um momento propício à recuperação do teatro. Há vontade política de uma gestão na qual ele acredita. Mais do que isso: em 2009, o Municipal completará 100 anos - e a data vai servir para que se concentre esforços na revitalização do teatro. Hoje, assisto "Carmen". A regência é de Silvio Viegas, com participação de Céline Imbert, Fernando Portari, Rosana Lamosa e Stephen Bronk. Voltamos a nos falar.
sábado, 24 de novembro de 2007
rio (1)
Cheguei agora há pouco no Rio para um fim de semama de música - hoje tem Orquestra Sinfônica Brasileira no Municipal com a pianista Joyce Yang e o maestro Roberto Minczuk (Tchaikovski e Mozart) e a trinca O Diário do Desaparecido (Janácek), Savitri (Holst) e Uma Educação Incompleta (Chabrier), dirigidas por André Heller, no CCBB; amanhã, mais Municipal, com "Carmen" em versão de concerto, a primeira produção da nova gestão do teatro, para marcar os 20 anos de carreira de Céline Imbert. Entre hoje e amanhã, vou atualizando vocês. Por enquanto, deixo essa imagem do Municipal nas primeiras décadas do século 20. É engraçado, não vivi essa época mas, ainda hoje, é esse o Rio que eu vejo sempre que passo por aqui. A paisagem, claro, mudou. Mas de alguma forma fica em mim a memória não vivida de um Rio de ontem, perdido e cristalizado no tempo. Não sei se faz sentido. Provavelmente não.
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
em defesa da ópera
O maestro Luiz Fernando Malheiro rege, domingo de manhã, a Quinta de Mahler e a Shéhérazade de Ravel no Teatro Municipal. Hoje, no entanto, exercita outra de suas facetas. Assina, no suplemento "Fim de Semana", da "Gazeta Mercantil", um artigo, "Ópera como Instrumento Político", em que parte em defesa da ópera. Como o acesso do site é restrito, reproduzo aqui algumas de suas principais idéias. Em primeiro lugar, ele defende a importância da cultura na formação de um povo, de um país. E, em seguida, discute o papel da ópera neste contexto. Na verdade, ele parte contra a idéia de que a ópera seria, por ser considerada “elitista e excludente” por patrocinadores e governos, menos importante que outras áreas da criação artística. “O Brasil é tudo isso: samba, rock, funk, mas é também ópera, música clássica. Quando fazemos a montagem de uma ópera, estamos oferecendo ao Brasil um pouco de tudo e uma pitadinha positiva em sua imagem no exterior”, escreve, dando exemplos, como os números de público em Manaus, que provam que a ópera tem sim apelo popular. Assino embaixo das idéias do Malheiro, não acho que tenha muito a acrescentar e fico realmente feliz em ver “representantes da classe”, artistas ligados ao meio participando do debate público sobre política cultural, inserindo a música clássica e a ópera em uma discussão em que ela costuma ser ignorada, alienada. Só discordo dele em um ponto, acessório em seu artigo mas, ainda assim, importante: o do papel das leis de incentivo nesse processo de resgate da ópera e dos concertos. É verdade, como ele diz, que elas possibilitaram a ampliação, nos últimos anos, do número de produções e concertos. Mas não dá para depositar nelas a esperança de realização de projetos consistentes. No mundo da ópera, tempo é fundamental para se ter a continuidade que vai levar à criação de uma estrutura mínima de trabalho - e não sou eu que preciso dizer isso para vocês. Mas acho que as leis de incentivo, com a ênfase exacerbada no marketing, priorizam, com raríssimas exceções, projetos pontuais, de curto prazo. É fundamental mostrar aos patrocinadores que a ópera pode e deve competir com as outras áreas na hora do investimento. Mas eles tem que entender que bancar uma ou outra produção não resolve o problema.
praticando no banheiro
O violinista Daniel Hope está lançando CD com o concerto de Mendelssohn. E, no número de novembro da "Gramophone", conta uma historinha, que reproduzo aqui. Aos 5 anos, ouviu pela primeira vez o concerto, na interpretação de Pinchas Zukerman, e ficou fascinado. Quatro anos mais tarde, estudava na Yehudi Menuhin School. Seu colega de quarto estava preparando o concerto e ele pediu para estudá-lo também. Ikki disse que ele era muito novo mas que faria com ele um acordo: quando não estivesse estudando a peça, lhe emprestaria a partitura, com a condição de que ele não contasse a ninguém. Sabendo que seu professor jamais aprovaria, ele concordou. E, certo dia, com a partitura na mão, se trancou no banheiro e começou a tocar a peça – ele lembra que não conseguiu passar da primeira página e que o som que tirava do violino era como o de diversos gatos sendo estrangulados. De repente, a supervisora do curso bate na porta: “Saia, por favor!”; ele colocou a cabeça para fora: “O que, em nome de St. Patrick, você acha que está fazendo? Saia daí imediatamente!” No dia seguinte, Hope foi chamado à sala do diretor da escola, onde encontrou seus pais, que haviam sido chamados à escola para discutir “um tema de suma importância”. Começou o diretor: “Eu sinto muito em informar que seu filho foi pego no banheiro...praticando o concerto de Mendelssohn. Ele deveria estar preparando um concerto de Bach. Ele não tem permissão, e nem é bom o suficiente, para estudar o Mendelssohn. Isso foi deixado claro diversas vezes para ele.” Hope olhou para seu pai, temendo sua reação. E o ouviu dizer ao diretor: “Então o senhor me fez vir até aqui para me dizer que nosso filho mostrou iniciativa de querer estudar uma das peças mais difíceis do repertório e que ele será punido por isso?”. Dois dias depois, Hope deixava a escola. “Desde então, sempre que toco o concerto, me lembro de Zukerman, do diretor, daquele banheiro e de uma peça que era simplesmente genial demais para não tocar.”
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
piap
Manter um grupo durante 30 anos na realidade brasileira é por si só uma vitória; um grupo dedicado à música contemporânea, então... Por isso é mais do que justificado o início da celebração do aniversário do PIAP, Grupo de Percussão do Instituto de Artes da Unesp, fundado em 1978 por John Boudler. Amanhã, sexta, eles fazem um concerto em homenagem ao centenário de Camargo Guarnieri, de quem interpretam o “Estudo para Instrumentos de Percussão”, de 1953 – o programa tem ainda a “Triade” de Konietzny, “Intrusion of the Hunter” de Laurie MacGregor, “Second Construction” de John Cage, “Pattern Transformation” de Lukas Ligeti, e “Keitak” de Akira Nishimura. Será no Auditório Maestro João Baptista Julião, do Instituto de Artes da Unesp (R. Dom Luís Lasanha, 400), às 13 horas. A entrada é franca. O concerto marca também o lançamento de dois CDs do grupo. Sympathia traz obras de compositores com quem o grupo trabalhou ao longo de sua trajetória (John Wyre, Johann M. Beyer, Fredrik Ed, Dimitri Cervo, Edson Zampronha, John Bergamo, Leonardo Martinelli e William Cahn); já 86 é a remasterização do LP gravado pelo grupo após vencer o 2º Prêmio Eldorado de Música, com obras-chave da música de século 20, de autores como Cage, Edgar Varèse e os brasileiros Guarnieri, Marlos Nobre, Paulo Costa Lima e Fernando Cerqueira (os discos podem ser encontrados na loja Clássicos). Vida longa ao PIAP!
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
escrevi bobagem
Na matéria de hoje no "Caderno 2", escrevi que a produção do "Macbeth", de Verdi, no Teatro São Pedro, encerrava a temporada de óperas em São Paulo. Não encerra. Nos dias 14, 15 e 16 de dezembro, o maestro Paulo Maron rege "Patience", de Gilbert e Sullivan. Ao maestro e sua equipe, deixo aqui meu pedido de desculpas.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
duas valquírias e um pedido
Recentemente, o baixo-barítono Bryn Terfel cancelou sua participação na remontagem do "Anel", de Wagner, no Covent Garden. E quem foi chamado para substituí-lo? John Tomlinson. É impressão minha ou ressuscitar o Tomlinson, que no início dos anos 90 já dava sinais de desgaste, é sinal de que não há muitos Wotans disponíveis no mercado? Bom, estou desviando do assunto. Na verdade, queria comentar que acrescentei duas Valquírias à minha estante mental (porque na física já não cabe mais...). Quem acompanha o blog há um tempo vai dizer: "E qual a novidade nisso?". Nenhuma, a Valquíria segue como obsessão particular, mas não muito privada, afinal lá vou eu falar um pouquinho delas. Já que falei no Terfel, começo com a produção do Covent Garden, filmada em 2005, que um amigo baixou da internet. O elenco tem Lisa Gasteen como Brunhilde, Katharina Dalayman como Sieglinde, Jorma Silvestri como um Siegmund de dar dó e, claro, uma Fricka impressionante de Rosalind Plowright (nostalgia, apego ao passado, que seja, mas a velha escola é a velha escola...). Mas o destaque mesmo é o Wotan do Terfel. Gosto demais da voz dele - e todas as suas grandes qualidades, a riqueza de coloridos, os contrastes habilmente construídos, a clareza e limpidez tanto nos graves quanto nos agudos, a elegência, preenchem muito bem as exigências de um dos maiores papéis do repertório. Seu monólogo no segundo ato é comovente, a elegância da voz aos poucos se abrindo em tons escuros, sombrios e desesperados, a representação perfeita do deus que percebe a própria decadência e, se vendo no espelho que é a filha, se dá conta da necessidade de matar aquilo que de mais valioso conhece, não apenas seu filho mas, antes de tudo, a certeza de estar agindo em busca de um mundo ideal; no terceiro ato, ele faz uma cena final de chorar. Que grande cantor! Bom, na outra Valquíria, Wotan é interpretado por James Morris. É uma gravação, em CD, regida pelo Haitink, de 1988. Aqui, no entanto, não dá para escolher um destaque. Há uma homogeneidade interessante, da Sieglinde de Cheryl Studer ao Wotan de Morris, passando pelo Siegmund de Reiner Goldberg, pela Fricka de Waltraud Meier (talvez ela um pouco acima da média) e pela Brunhilde de Eva Marton. Não me entendam mal. A gravação não é ruim. Reúne bons cantores wagnerianos, no auge de seus potenciais, fazendo tudo certinho, mas sem nos surpreender em nenhum momento. O que, aliás, está em conssonância com a regência de Haitink, correta, e é só. Já foram duas valquírias, falta o pedido... Sei que o Lauro, recentemente, conheceu a produção do Liceu de Barcelona no DVD distribuído pela Opus Arte. Lauro, ficamos no aguardo de seus comentários.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
o adeus de alfred brendel
O pianista austríaco Alfred Brendel vai se aposentar no final de dezembro, após um recital em Viena. Quem informa é o Chicago Tribune, que cita a porta-voz do artista, Josephine Hemsing: “Ele vem pensando em abandonar os palcos há alguns anos. Tenho certeza de que não está fazendo isso pela publicidade. Ele se recusou a tratar seus últimos concertos como ‘turnê de despedida’. Ele simplesmente quer... parar.” Mais informações aqui.
macbeth
Na foto de J. Milliet, uma cena do "Macbeth", de Verdi, que estréia quarta-feira no Teatro São Pedro. Não conheço Maribel Ortega, mas vale a pena ouvir o Macbeth de Rodrigo Esteves. Abaixo, segue a ficha técnica do espetáculo, com as datas.
Macbeth: Rodrigo Esteves (21, 23, 25 e 27)
David Marcondes (24 e 29 de Novembro)
Lady Macbeth: Maribel Ortega (21, 23 e 25)
Janette Dornellas (24, 27 e 29)
Banquo: Sávio Sperandio (21, 23, 25 e 27)
Eduardo Janho-Abumrad (24 e 29)
Macduff: Marcello Vannucci (21, 23, 24 e 25)
Sérgio Wernec (27 e 29)
Orquestra Filarmônica Ópera São Paulo
Coral Vozes de São Paulo
Regência: Achille Picchi
Direção cênica: Francisco Frias
o que dizem por aí...
O compositor Gyorgy Kurtág fala sobre o colega Gyorgi Ligeti; a soprano Mirella Freni relembra o amigo de infância Luciano Pavarotti; e Pierre Boulez fala sobre sua relação com a música de Mahler.
criador e criatura
A revista “Veja” traz na edição desta semana um artigo de seu crítico de música Sérgio Martins sobre o maestro John Neschling e a Osesp. A proposta do texto é simples – chegou a hora de pensar em um substituto para Neschling. Os motivos para isso? Martins reconhece todos os feitos do maestro, a construção da Sala São Paulo, a reconstrução dos quadros artísticos da orquestra, a redefinição administrativa que levou à criação da fundação, a capacidade de manter o poder público como grande patrocinador ao mesmo tempo em que buscou e conseguiu apoio cada vez maior da iniciativa privada. No entanto, para Martins, a temporada 2008 recém-anunciada dá sinais de exaustão, estagnação – a orquestra estaria começando a se repetir no repertório, apenas dois ou três maestros e solistas de primeiro time estão entre os artistas convidados. Mais: na conta de Martins, entra também a própria regência, em sua opinião, burocrática de Neschling, que estaria contribuindo no processo de estagnação artística, impedindo o grupo de refinar a sua sonoridade. Em outras palavras: Neschling foi fundamental na reconstrução da Osesp, transformou a orquestra em paradigma na música clássica brasileira mas, enfim, chegou a hora de dar um passo para trás para que a orquestra siga adiante. Você pode ou não concordar com Martins. Mas a questão da sucessão de Neschling é importante na medida em que nos faz pensar na solidez institucional da Osesp. Conhecemos, não é de hoje, a rotina brasileira no que diz respeito a projetos artísticos. Nela, continuidade é palavrão. A cada mudança política, alteram-se também os dirigentes de teatros, orquestras. E os novos chefes, uma vez no cargo, deixam de lado tudo o que já foi feito e iniciam, do zero, sua gestão, querendo deixar a “sua marca” – o que, aliás, raramente acontece. E isso se dá porque os projetos não conseguem atingir, até por questão de tempo, uma solidez, uma rotina equilibrada de trabalho e de resultados que torne difícil a um sucessor derrubar aquilo que foi feito em gestões anteriores. Já dá para dizer sem problemas que a Osesp é um paradigma no cenário musical brasileiro, que atingiu metas jamais sonhadas por outras orquestras do país, seja no que diz respeito à sua estruturação executiva, seja na quantidade e qualidade de concertos. Na nossa conta, portanto, seria uma marca sólida o suficiente para sobreviver a uma mudança de chefia. No entanto, há algumas sutilezas que precisam ser levadas em consideração. Uma das características principais do processo de restauração da Osesp é a maneira como ele se confunde com a imagem do maestro Neschling. Seja pela personalidade forte do maestro, seja por campanhas de marketing habilmente construídas, associou-se nos últimos anos criador e criatura. Não por acaso o maestro tem sobrevivido às inúmeras batalhas, levadas a cabo por parte da crítica, pela classe musical e até mesmo por dois governadores e uma secretária de Cultura, para removê-lo da direção da orquestra; não por acaso, ele sobreviveu no cargo a episódios embaraçosos, como a demissão dos representantes dos músicos da orquestra ou, mais grave, a manipulação da lista de candidatos ao concurso internacional de piano promovido pela Osesp; e, finalmente, não por acaso, sempre que se fala em sucessão, personalidades do mundo artístico e membros do público se lançam contra a idéia, temendo o fim do projeto Osesp. É como se a saída de Neschling significasse, automaticamente, o fim da orquestra e do trabalho que ela vem desenvolvendo. Se é esse o caso, então algo está errado. Se a saída de Neschling significará o fim da Osesp, então a orquestra tem data para acabar? Quantos anos de Osesp ainda temos pela frente, então? Em um contexto como esse, apesar de todas as novidades que o projeto Osesp trouxe para o cenário musical brasileiro, ele insiste em um dos vícios desse universo e, por que não, de toda a vida pública brasileira – a personalização que deposita em uma só pessoa a esperança de salvação e enfraquece as instituições. A solução talvez seja um tanto paradoxal – ao mesmo tempo que o trabalho de Neschling ajudou a resgatar a Osesp, deve ser ele também o responsável por criar na orquestra a solidez que garanta sua existência depois de sua saída, sob o comando de outros maestros. Dez anos depois, está na hora de começar a pensar no assunto.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
por aí...
A gente fica fora uns tempos... Roberto Minczuk – agora nenhuma das partes envolvidas nega – é mesmo o novo diretor musical e regente titular do Teatro Municipal do Rio, acumulando o posto com o de diretor e regente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Generalmusikdiretor? Clóvis Marques é o primeiro a se pronuciar a respeito, na sua coluna na revista Concerto. Enquanto isso, em São Paulo, o episódio “Neschlíngua” (assim dizia o título do vídeo do ensaio, postado no You Tube, em que o maestro disparava contra desafetos, entre eles o governador José Serra) parece chegar a um fim com uma carta, endereçada aos membros do conselho da Fundação Osesp, em que Neschling pede desculpas e manifesta seu “respeito a todos a que afetei com minhas palavras” – em tempo: a associação de profissionais da Osesp também divulgou carta, endereçada ao presidente da fundação, FHC, manifestando sua “total indignação, reprovação e repúdio” com a divulgação do vídeo. Em outras palavras, pegou mal pra caramba. De volta à música: Antonio Meneses lançou novo disco, dedicado a obras de Mendelssohn – Leonardo Martinelli escreve a crítica no OutraMúsica (e, estando por lá, aproveite para ler o belo cacete que ele meteu na “Aida” apresentada no Credicard Hall, uma das maiores bobagens a que já fomos submetidos em anos recentes. No Estadão de ontem, Gilberto Mendes escreve sobre a biografia de Alfred Shnittke escrita por Marco Aurélio Scarpinella Bueno e lançada pela Algol. E, na BBC Music Magazine, um time de especialistas é escalado para defender a tese de que Leonard Bernstein foi o maior músico moderno. Depois tem mais.
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
wagner em brasília
Wagnerianos, morram de inveja! Cheguei agora cedo de Brasília, onde ontem assisti a um concerto da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, com regência de Ira Levin. No programa, o segundo ato do Parsifal e trechos de Siegmund do primeiro ato da Valquíria. Fiquei impressionado. No Parsifal, destaque para o Klingsor de Stephen Bronk e para a Kundry de Graciela Araya, um banho de interpretação, ao lado da regência de Levin, expressiva, dando espaço para toda a dramaticidade da música, construindo os grandes momentos de maneira muito hábil. O tenor Howard Haskin saiu-se bem como Parsifal, mas gostei mais dele como Siegmund. A orquestra, é bonito de ver, toca Wagner como se deve, atenta às peculiaridades estilísticas, o que sobressai a um ou outro problema pontual. Enfim, mais detalhes em breve no "Caderno 2". Apenas um comentário – que música, não? No intervalo, ouvi uma conversa de dois jovens na porta do Teatro Nacional. “Esse Wagner era do caráio, véio!”. Era mesmo.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
osesp 2008
De maneira bem discreta - aqui no jornal, pelo menos, não recebemos nenhuma informação - foi divulgada a temporada 2008 da Osesp. São ao todo 136 concertos, cujos detalhes você encontra no portal VivaMúsica!. Os destaques: Michel Plasson em programas de música francesa; récitas de "A Cidade Morta", de Korngold; uma Ressureição de Mahler com Heidi Grant Murphy e Nathalie Stutzman; o compositor inglês Peter Maxwell Davies em concerto com obras suas; "Uma Tragédia florentina", de Zemlinsky, com Sergei Leiferkus, Anthony Dean Griffey e Tatiana Pavlovskaya; concertos de Rachmaninoff com Arnaldo Cohen; primeiras audições de João Guilherme Ripper e Aylton Escobar; a violinista Sara Chang; e a criação do Quarteto Osesp, com os líderes de naipe da orquestra. Em tempo - em seu site, a Osesp informa sobre o cancelamento do seu terceiro concurso de regência, que escolheria o substituto de Victor Hugo Toro. Diz a íntegra da nota: "A Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo comunica que, em virtude da reorganização de sua agenda de concertos, turnês e gravações para o ano de 2008, fica adiado o 3º Concurso Internacional de Regência. Informamos ainda que, por essa razão, o vencedor do 2º Concurso terá sua permanência no cargo de regente assistente prorrogada. A Osesp informará oportunamente a realização de mais uma edição."
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
stockhausen, nono, etc
De volta a assuntos mais importantes, três rapidinhas do Guardian: um artigo sobre Stockhausen, um perfil de de Luigi Nono e a lista de vencedores do prêmio Grammophone (entre eles, Nelson Freire, que levou na categoria melhor disco pelos concertos de Brahms com Riccardo Chailly). Boa leitura.
agora eu me superei
Na minha ainda curta vida profissional, já me enfiei em algumas enrrascadas, de vez em quando metendo os pés pelas mãos. Mas acho - não, tenho certeza – que agora me superei. Na semana que vem, o Teatro dos Satyros realiza o já tradicional festival “Satyrianas”. São 78 peças, uma por hora, ao longo de 78 horas ininterruptas. Bom, conversa vai, conversa vem com o pessoal do grupo, de quem gosto muito, surgiu o convite para que eu escrevesse uma das peças. Levei a história toda, a princípio, na brincadeira. Mas acabei caindo em tentação e, livrai-nos de todo o mal, fiz minha estréia como dramaturgo (que fique desde já registrado que uso o termo embutindo nele um enorme pedido de desculpas aos dramaturgos de verdade, aqueles que de fato merecem a alcunha). Bom, para não negar a origem, a peça chama-se “Tosca”, e tenta ser uma brincadeira divertida mas respeitosa com a ópera. É ambientada durante uma apresentação do segundo ato da “Tosca” em que a soprano perde o fio da meada e enlouquece o barítono que encarna Scarpia. Não sei ainda quem vai dirigir o espetáculo, mas desde já agradeço ao grupo pela gentileza de submeter meu texto a dois atores consagrados, Grace Gianoukas e Marat Descartes. Assim que eu souber a data e o horário da exibição (estou torcendo por algo do tipo madrugada de quinta para sexta, às 4 da manhã, para não correr o risco de alguém querer ir assistir...), aviso. Ou não.
Uma pequena atualização: a direção será da própria Grace!
Uma pequena atualização: a direção será da própria Grace!
terça-feira, 2 de outubro de 2007
ópera pelo brasil
Algumas opções de ópera no mês de outubro, fora de São Paulo. Em Belo Horizonte, o Palácio das Artes programou dois títulos. Começa com o Falstaff, de Verdi, nos dias 11, 13, 15, 17, 19 e 21. No elenco, Lício Bruno (Falstaff), Manuel Álvarez (Ford), Eliseth Gomes (Alice), Luciana Monteiro (Meg), Regina Helena Mesquita (Quickly), Carmem Monarcha (Nannetta), Luciano Botelho (Fenton), Geilson Santos (Cajus), Sergio Weintraub (Bardolfo) e Sávio Sperandio (Pistola). Esqueci de alguém? Bom, a montagem é aquela estreada há alguns anos no Teatro Municipal, com direção de José Possi Neto; e a regência é de Luiz Fernando Malheiro. Em seguida, nos dias 25, 27 e 28, também em BH, é a vez de O Homem Que Confundiu sua Mulher com um Chapéu, de Michael Nyman, com direção de Iacov Hillel (trata-se daquela produção do ano passado no Teatro São Pedro) e regência de Marcelo Ramos. No elenco, o tenor Martin Mühle, a soprano Sylvia Klein e o baixo Stephen Bronk. Mais informações aqui. Já em Brasília, no final do mês, a atração é a apresentação, em versão de concerto, de trechos do Parsifal, de Richard Wagner, com regência de Ira Levin e a participação do tenor americano Howard Haskin (aquele que fez Sansão em São Paulo), a meio-soprano Graciela Araya e a soprano Eiko Senda. Será no dia 30.
prêmio
Piano Transcriptions, de Ira Levin, foi escolhido o melhor CD erudito do ano no 3º Prêmio Bravo! Prime de Cultura, entregue ontem à noite na Sala São Paulo; ele concorria com Nelson Freire (Beethoven) e Antonio Meneses (Schumann e Schubert). O júri foi composto por Regina Porto, André Mehmari e Olivier Toni.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
do baú
O selo Golden Melodram acaba de lançar três gravações históricas, feitas ao vivo, que parecem muito interessantes. Um "Tristão e Isolda" de 1973, em Stuttgart, com regência de Carlos Kleiber e Caterina Ligendza (Isolda), Wolfgang Windgassen (Tristão), Grace Hoffman (Brangaene), Gustav Neidlinger (Kurwenal) e Gotlob Frick (Marke); um "Otello" com Ramón Vinay (Otello), Antonietta Stella (Desdêmona) e Giuseppe Taddei (Iago), regência de Sir Tomas Beecham, Teatro Colón de Buenos Aires, 1958; e uma "Tosca" gravada em 1965 no Met, com Regine Crespin (Tosca), Franco Corelli (Cavaradossi) e George London (Scarpia), regência de Fausto Cleva. De dar água na boca...
luciano e eliane
No site Opera Today, você pode ouvir praticamente na íntegra uma gravação do "Andrea Chenier" com Luciano Pavarotti e Eliane Coelho, mais Paolo Gavanelli, como Carlo Gerard. O registro, ao vivo, é de novembro de 1996, na Ópera de Viena, com regência de Marco Armiliato. Confesso que não está entre os meus Pavarottis preferidos - no Chenier, aliás, fico dividido entre dois registros: Domingo/Scotto/Milnes e Tebaldi/Del Monaco/Bastianini. Que tal?
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
o resto...
O crítico Alex Ross, da “New Yorker”, vem produzindo há um bom tempo uma história da música do século 20, um catatau chamado The Rest is Noise (o nome é o mesmo do blog mantido por ele). A New Yorker já havia publicado alguns capítulos interessantes do volume, um sobre Sibelius e outro sobre Copland. Bom, o livro acaba de sair nos EUA. E segue aqui a primeira resenha que encontrei dele, publicada no New York Sun. Parece interessante.
parabéns atrasado
Na quarta-feira, completaram-se 50 anos da estréia do musical West Side Story. Vai aqui a dica de um site com todas as informaçõe sobre a peça, gravações, encenações mundo afora, fotos, letras, links, etc, etc, etc. Vale a pena dar uma olhada. E só para lembrar: o diretor e produtor Jorge Takla já está preparando a montagem brasileira, com texto traduzido por Cláudio Botelho, que estréia no primeiro semestre do ano que vem no Teatro Alfa.
da funarte
Recebi hoje pela manhã da Funarte e-mail com os contemplados do "Programa de Apoio a Orquestras", além da lista de 89 compositores que terão obras executadas na XVII Bienal de Música Brasileira Contemporânea, a ser realizada de 21 a 30 de outubro, na Sala Cecília Meirelles, no Rio. Diz o release de imprensa: "O Programa de Apoio a Orquestras da Funarte concede recursos em dinheiro às orquestras que apresentam projetos de reparação ou aquisição de instrumentos musicais, ou de partes e acessórios de instrumentos, para colaborar com a ampliação da qualidade técnica e artística de orquestras tradicionalmente classificadas como 'sinfônicas', 'de cordas' e 'de câmara'." Perguntei à assessoria qual o valor repassado para as orquestras. A resposta, exatamente como me foi enviada: "olha é variado. o valor máximo é R$ 40.000,00 (muda de sinfônica, para câmara, etc, se é para instrumento, etc)".
minczuk no municipal
Ancelmo Gois, em sua coluna no jornal “O Globo”, escreve que “Roberto Minczuk será o novo diretor artístico e regente titular da orquestra do Theatro Municipal do Rio”. E continua: “Vai acumular com a direção artística da Orquestra Sinfônica Brasileira, que já ocupa”. Minczuk está no Canadá. Sua assessoria se disse surpresa com a notícia. Na OSB, a reação foi parecida. Voltamos ao assunto.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
piano solo
Saiu há pouco a programação de uma nova série dedicada a pianistas. Serão quatro concertos, em São Paulo e no Rio (Teatro Municipal, Espaço Promon e Sala Cecília Meirelles), a partir de 15 de outubro. A idéia é interessante: antes de cada recital de um artista consagrado, uma breve apresentação de um jovem pianista. A idealização é de Eduardo Monteiro:
Nelson Freire
15/10 – Municipal de São Paulo
17/10 – Sala Cecília Meirelles
Abertura de Leonardo Hilsdorf
Hilsdorf interpretará, de Grieg, o Prelúdio da suíte Holberg op. 40 e de Liszt a Rapsódia Espanhola; Nelson Freire interpretará de Bach-Busoni, Nun kommt der Heiden Heiland BWV 659, de Beethoven, a Sonata nº 21, op. 53 Waldstein, de Debussy, Children´s Corner, e, de Chopin, a Sonata nº 3, op. 58.
Diana Kacso
8/11 – Sala Cecília Meirelles
9/11 – Espaço Promon
Abertura de Juliana D´Agostini
Juliana D´Agostini interpretará, de Grieg, as Peças líricas, op. 12 nº 1 e op. 54 nº 3, e, de Liszt, Venezia e Napoli. Diana Kacso interpretará, de Schumann, os Estudos sinfônicos, op. 13 (com variações póstumas), e, de Liszt, os 12 estudos de execução transcendental.
Cristina Ortiz
Abertura de Cristian Budu
26/11 – Teatro Municipal
29/11 – Sala Cecília Meirelles
Abertura de Cristian Budu
Cristian Budu interpretará, de Grieg, a Peça lírica, op. 68 nº 3, e, de Liszt, a Valsa Mephisto. Cristina Ortiz interpretará, de Ravel, Sonatine, Jeux d´Eau e Gaspard de la Nuit, e, de Rachmaninoff, Etude-Tableau, op. 39 nº 2, Prelúdio, op. 32 nº 12 e Sonata nº 2.
Eduardo Monteiro
Abertura de Érika Ribeiro
12/12 - Sala Cecília Meirelles
13/12 – Espaço Promon
Érika Ribeiro interpretará, de Grieg, a Peça lírica, op. 54 nº 4 e de Chopin, Barcarolle, op. 60; Eduardo Monteiro interpretará de Beethoven, a Sonata nº 23, op. 57, Appassionata; de Villa-Lobos, Hommage à Chopin, Impressões seresteiras e Festa no sertão; de Francisco Mignone, Sonata nº 1; de Leopoldo Miguez, Noturno, opus 10; de Lorenzo Fernandez, Três estudos em forma de sonatina; e de Liszt, Après une lecture du Dante.
A renda obtida com os concertos será distribuída à Instituição O Sol;aqui vão os preços:
Série (venda antecipada na instituição O Sol): R$ 400
Nelson Freire individual: R$ 200
(meia-entrada para estudantes e idosos)
Diana, Cristina e Eduardo: R$ 150
(meia-entrada para estudantes e idosos)
Por que mais caro o concerto do Nelson?
Mais informações aqui.
Nelson Freire
15/10 – Municipal de São Paulo
17/10 – Sala Cecília Meirelles
Abertura de Leonardo Hilsdorf
Hilsdorf interpretará, de Grieg, o Prelúdio da suíte Holberg op. 40 e de Liszt a Rapsódia Espanhola; Nelson Freire interpretará de Bach-Busoni, Nun kommt der Heiden Heiland BWV 659, de Beethoven, a Sonata nº 21, op. 53 Waldstein, de Debussy, Children´s Corner, e, de Chopin, a Sonata nº 3, op. 58.
Diana Kacso
8/11 – Sala Cecília Meirelles
9/11 – Espaço Promon
Abertura de Juliana D´Agostini
Juliana D´Agostini interpretará, de Grieg, as Peças líricas, op. 12 nº 1 e op. 54 nº 3, e, de Liszt, Venezia e Napoli. Diana Kacso interpretará, de Schumann, os Estudos sinfônicos, op. 13 (com variações póstumas), e, de Liszt, os 12 estudos de execução transcendental.
Cristina Ortiz
Abertura de Cristian Budu
26/11 – Teatro Municipal
29/11 – Sala Cecília Meirelles
Abertura de Cristian Budu
Cristian Budu interpretará, de Grieg, a Peça lírica, op. 68 nº 3, e, de Liszt, a Valsa Mephisto. Cristina Ortiz interpretará, de Ravel, Sonatine, Jeux d´Eau e Gaspard de la Nuit, e, de Rachmaninoff, Etude-Tableau, op. 39 nº 2, Prelúdio, op. 32 nº 12 e Sonata nº 2.
Eduardo Monteiro
Abertura de Érika Ribeiro
12/12 - Sala Cecília Meirelles
13/12 – Espaço Promon
Érika Ribeiro interpretará, de Grieg, a Peça lírica, op. 54 nº 4 e de Chopin, Barcarolle, op. 60; Eduardo Monteiro interpretará de Beethoven, a Sonata nº 23, op. 57, Appassionata; de Villa-Lobos, Hommage à Chopin, Impressões seresteiras e Festa no sertão; de Francisco Mignone, Sonata nº 1; de Leopoldo Miguez, Noturno, opus 10; de Lorenzo Fernandez, Três estudos em forma de sonatina; e de Liszt, Après une lecture du Dante.
A renda obtida com os concertos será distribuída à Instituição O Sol;aqui vão os preços:
Série (venda antecipada na instituição O Sol): R$ 400
Nelson Freire individual: R$ 200
(meia-entrada para estudantes e idosos)
Diana, Cristina e Eduardo: R$ 150
(meia-entrada para estudantes e idosos)
Por que mais caro o concerto do Nelson?
Mais informações aqui.
boris godunov
Acabei de receber aqui na redação uma edição do "Boris Godunov", de Púchkin, que a Globo lança na semana que vem. O livro é fundamental na história da literatura russa e, para os amantes da ópera, é leitura indispensável, fonte do libreto da grande ópera de Mussorgsky. A tradução é de Irineu Franco Perpétuo, que assina também as notas e o posfácio e que, no primeiro semestre, já havia lançado uma seleção de peças curtas do mesmo autor. O lançamento será no dia 2 de outubro, na Livraria da Vila da Casa do Saber (R. Mário Ferraz, 414), a partir das 19 horas, com mesa-redonda da qual participam, além do Irineu, os jornalistas Mario Vitor Santos e Manuel da Costa Pinto.
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
sobre orquestras e seus regentes
Ao longo do fim de semana, o “Estadão” publicou duas matérias ligadas à vida orquestral que tocam em temas atuais e similares, de forma que as reproduzo aqui: no sábado, uma entrevista que fiz com Henry Fogel, presidente da Liga das Orquestras Americanas, que esteve no Brasil para discutir o funcionamento das sinfônicas; e, no domingo, um artigo de João Marcos Coelho sobre o novo papel do regente-titular.
Sinfonia do Patrocínio Ele é um senhor de aparência pacata, fala tranqüila; pode discorrer horas sobre sua preciosa coleção de LPs e CDs, em especial sobre o xodó especial que tem com coletâneas de árias de óperas, colhidas ao longo de seus 65 anos. Mas Henry Fogel é também presidente da Liga das Orquestras Americanas – e, nessa posição, viaja o mundo discutindo a situação das sinfônicas em palestras, seminários e textos colocados diariamente em seu blog. E, aí, o mesmo tom tranqüilo ele emprega na hora de advogar pela necessidade de modernização dos conjuntos sinfônicos e suas estruturas, abraçando novas tecnologias e desenvolvendo uma relação profissional com patrocinadores. Continua aqui.
E para que serve mesmo um maestro? A pergunta sintetiza a maior angústia que cerca a vida musical de concertos em todo o mundo – a alta faixa etária do público: como atrair novas e mais jovens platéias? A resposta óbvia é injetar sangue novo no pódio, romper com a dança das cadeiras que faz um troca-troca entre os poucos nomes estrelados da regência e as maiores orquestras do planeta. É o que acabam de fazer duas sinfônicas americanas ao indicar para seus pódios titulares dois jovens: Alan Gilbert, 40 anos, assume a Filarmônica de Nova York na próxima temporada; e o venezuelano-sensação da batuta, Gustavo Dudamel, 26 anos, faz o mesmo com a Filarmônica de Los Angeles. Continua aqui.
Uma atualização (26/9): Henry Fogel colocou ontem em seu blog comentários sobre sua visita ao Brasil. Leia aqui.
Sinfonia do Patrocínio Ele é um senhor de aparência pacata, fala tranqüila; pode discorrer horas sobre sua preciosa coleção de LPs e CDs, em especial sobre o xodó especial que tem com coletâneas de árias de óperas, colhidas ao longo de seus 65 anos. Mas Henry Fogel é também presidente da Liga das Orquestras Americanas – e, nessa posição, viaja o mundo discutindo a situação das sinfônicas em palestras, seminários e textos colocados diariamente em seu blog. E, aí, o mesmo tom tranqüilo ele emprega na hora de advogar pela necessidade de modernização dos conjuntos sinfônicos e suas estruturas, abraçando novas tecnologias e desenvolvendo uma relação profissional com patrocinadores. Continua aqui.
E para que serve mesmo um maestro? A pergunta sintetiza a maior angústia que cerca a vida musical de concertos em todo o mundo – a alta faixa etária do público: como atrair novas e mais jovens platéias? A resposta óbvia é injetar sangue novo no pódio, romper com a dança das cadeiras que faz um troca-troca entre os poucos nomes estrelados da regência e as maiores orquestras do planeta. É o que acabam de fazer duas sinfônicas americanas ao indicar para seus pódios titulares dois jovens: Alan Gilbert, 40 anos, assume a Filarmônica de Nova York na próxima temporada; e o venezuelano-sensação da batuta, Gustavo Dudamel, 26 anos, faz o mesmo com a Filarmônica de Los Angeles. Continua aqui.
Uma atualização (26/9): Henry Fogel colocou ontem em seu blog comentários sobre sua visita ao Brasil. Leia aqui.
ernani
E já que estamos falando de nossas grandes cantoras, uma boa notícia: a soprano Adélia Issa será Elvira na apresentação em concerto do "Ernani", de Verdi, programada para o Teatro Municipal de São Paulo. Será no dia 28 de setembro, com regência de José Maria Florêncio à frente da Sinfônica Municipal e a participação de Kaludi Kaludov (tenor), Pepes do Valle (baixo) e Lício Bruno (barítono).
céline
Com as mudanças nas últimas duas semanas no Teatro Municipal do Rio, não sei se está mantida a “Carmen” em homenagem a Céline Imbert e seus 20 anos de carreira. Encontrei com Céline há cerca de um mês no caixa do supermercado e ela estava animadíssima com a possibilidade de voltar a interpretar a personagem. Se for cancelada, vai ser uma pena. Não seria justo ela passar a data sem a homenagem devida. Mas meu espírito se acalmou um pouco com a produção de “A Voz Humana”, no Teatro São Pedro, no último fim de semana (por que uma temporada tão curta, aliás?). Caetano Vilela fez uma montagem no tamanho de Céline. A idéia de colocá-la como uma cantora de cabaré, cantando Piaf numa espécie de prólogo à ópera de Poulenc, enriqueceu a personagem e deu a ela uma leitura interessante. E não consigo imaginar maior homenagem a uma atriz/cantora do que um papel e uma montagem que lhe permitam explorar todas as suas possibilidades expressivas. A propósito de Céline, lembro aqui de uma história, uma sensação, na verdade, que me marcou muito. Há alguns anos, em Manaus, estive na abertura do Festival Amazonas, com um concerto ao ar livre. Orquestra e cantores ficam lá no alto, na sacada do teatro, e o público se espalha pela praça, alguns sentados, outros, a maioria, de pé, acompanhando tudo por telões. É claro que, em um ambiente de multidão como esse, as atenções se dispersam. As crianças correm, as comadres batem papo, tem até um ou outro que ouve o radinho próximo ao carrinho de pipoca. Em determinado momento, me levantei das cadeiras e fui dar uma volta pela praça. Depois de alguns minutos, Céline começou a cantar a ária da Odaléa, no “Condor”, se não me engano. Estava caminhando pela praça e a sensação que eu tive era que, de uma hora para outra, todo mundo fez silêncio e parou para ouvi-la. Talvez tenha idealizado a situação; talvez tenha sido mesmo uma sensação muito pessoal minha. Mas, no fundo, não sei se faz diferença. Seja no clamor da multidão, seja nos espaços mais íntimos de uma só pessoa, é em momentos assim que se identifica uma artista de raro talento. Brava, Céline!
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
perguntas
O que é a música clássica? O que é um músico clássico? O violoncelista Yo-Yo Ma, lançando novo disco do Silk Road Project, que tem como objetivo promover o encontro musical entre ocidente e oriente, arrisca algumas respostas em entrevista a Alex Ross.
passarela
Não vi na cobertura dos jornais impressos, mas deu no Jornal Nacional. Segundo pesquisa do IBGE sobre a vida cultural brasileira, divulgada esta semana, o Brasil tem mais orquestras que escolas de samba – são 638 contra 632. Confesso que não tenho a menor idéia do que isso quer dizer. Ou mesmo se quer dizer alguma coisa...
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
em poucos segundos
Ainda sobre o "Cavaleiro da Rosa". Agora à noite estava ouvindo o trio final com o Regine Crespin, Yvone Minton (não me lembro quem é a outra soprano), regência do Solti. E fiquei repetindo aqueles primeiros momentos, a primeira frase da marechala, o instante em que as vozes começam a se sobrepor....não sei se acontece com vocês também mas, às vezes, há tanta beleza em momentos como esse que é como se você pudesse viver toda a sua vida naqueles poucos segundos....
terça-feira, 18 de setembro de 2007
música e...
Leonardo Martinelli, compositor, crítico da Gazeta Mercantil e blogueiro (está no ar, aliás, seu texto sobre Pavarotti) dá palestra, no dia 28 de outubro, sobre o tema “A Música e a Igreja – Entre a Liturgia e o Entretenimento”. Será na Igreja da Paz – Luterana (informações e inscrições pelo telefone 5181-7966 ou pelo e-mail igrejadapaz@uol.com.br); e o colega Irineu Franco Perpétuo, jornalista colaborador da "Folha de S. Paulo", da Rádio e TV Cultura, da revista "Bravo" e correspondente, no Brasil, da revista "Ópera Actual", fala, na série Universo do Conhecimento, da Universidade São Marcos em parceria com a Livraria Cultura, sobre as relações entre os filósofos e a música – são duas sessões, nos dias 22 e 29 de setembro, das 11 às 13 horas (mais informações aqui).
já vimos essa história
E do Rio chega a informação de que Carla Camuratti, atriz e cineasta que tem no currículo algumas direções de óperas, é a nova diretora do Teatro Municipal do Rio. E não falo mais nada...
Uma atualização: eu sei que disse que não falaria mais nada, mas não resisto - o que explica a insistência, por parte do poder público, de escolher para dirigir teatros de ópera gente que conhece nada, ou pouco, do assunto? E, mais do que isso: faz algum sentido escolher, para tirar da crise um teatro das proporções do Municipal, imerso em burocracia e dívidas, alguém que não tem experiência nenhuma em gestão de instituições culturais? Tá bom, agora chega....
Uma atualização: eu sei que disse que não falaria mais nada, mas não resisto - o que explica a insistência, por parte do poder público, de escolher para dirigir teatros de ópera gente que conhece nada, ou pouco, do assunto? E, mais do que isso: faz algum sentido escolher, para tirar da crise um teatro das proporções do Municipal, imerso em burocracia e dívidas, alguém que não tem experiência nenhuma em gestão de instituições culturais? Tá bom, agora chega....
uma frase do ministro
Fazendo algumas pesquisas aqui no jornal, me deparei com uma declaração do ministro Gilberto Gil, feita durante o primeiro seminário das orquestras sinfônicas brasileiras, em dezembro, na Sala São Paulo. Discorrendo sobre a política cultural de sua gestão para a música clássica, ele se disse obrigado a reconhecer que ela não existia, era uma “lacuna”. Mais grave: ele disse não saber por onde começar a reparar o erro e pediu ajuda das orquestras na hora da formatar uma política específica para o setor. Bom, a incapacidade doentia de nossas orquestras de se articularem em favor de um bem comum é mais do que garantia, aliada à atitude passiva do ministério, de que o governo deve acabar com um saldo de oito anos perdidos no que diz respeito à uma tentativa de repensar a atividade da música clássica no País. Enfim, estou me desviando. O que me chamou a atenção na declaração do ministro, na verdade, foi outro ponto que, para mim, é mais grave e importante. Ele falou em “política específica” para o setor. É inegável que o ministério atuou em outras áreas, criou adendos para a lei do cinema, por exemplo, incentivou as manifestações regionais e assim por diante. Mas, eu me pergunto: é essa apenas a função do ministério, ou seja, identificar setores da produção cultural e fazer investimentos pontuais que levem à sua realização? É claro que o ministério pode e deve eleger projetos que julgue importantes na articulação da cultura nacional. Mas, é só isso? Bom, já está claro que penso que não. O ministro fala em políticas específicas quando, na verdade, penso eu, deveria é estar falando em políticas mais amplas. Quando se pensa em política cultural, acredito, deve-se pensar em um modelo de financiamento e estímulo à cultura por meio, claro, da produção cultural. Devem ser lançadas bases, linhas de pensamento, conceitos de atuação. Nesse contexto, não acho que exista questão mais urgente que a das leis de incentivo. Todos sabem, mas vale lembrar como elas funcionam: o produtor cultural cria um projeto e se inscreve no ministério – e, com o projeto aprovado, sai à cata de patrocinadores que, se decidirem investir na iniciativa, poderão descontar do imposto a pagar o valor, ou parte dele, do investimento. Há uma primeira conseqüência, mais óbvia, deste modelo: no final das contas, o dinheiro investido é público, só que ele passa a ser usado de acordo com o interesse privado, ou seja, do patrocinador, que tem toda a liberdade para decidir no que vai ou não investir. E, como no Brasil não há uma tradição de mecenato privado e as empresas bancam apenas aquilo que vai oferecer retorno em marketing , não seria absurdo dizer que a lei de incentivo permite à empresa promover sua marca com dinheiro público, ajudando de quebra o artista. A essa crítica, o ministério responde há muito tempo da seguinte forma: o Estado não está abrindo mão da participação no processo – no momento em que seleciona os projetos, já o encaminha e regula. Em teoria, perfeito. Mas aqui mesmo no blog já citei casos de uma série de desvios e irregularidades – e, recentemente, a Folha Online encontrou dois casos bastante representativos, envolvendo artistas que conseguem sustento comercial, ou seja, faturam com shows, CDs e DVDs o suficiente para bancar suas atividades, mas que estão se inscrevendo na lei sem precisar (e conseguindo a aprovação do ministério). Podemos lembrar ainda outros desvios, como o altíssimo valor dos ingressos que muitos projetos cobram, apesar de estarem usando dinheiro público para ficar de pé: caso, por exemplo, dos grandes musicais ou da recente turnê do Cirque du Soleil pelo país. Enfim, nada disso é novidade e essa situação foi herdada de outras gestões. Mas o fato é que, se a lei de incentivo é uma realidade e veio para ficar e regular por um bom tempo a atividade cultural no País, deveria estar sendo discutida e aperfeiçoada. O ministério estaria fazendo um grande favor a todos os “setores específicos” se, em vez de tentar solucionar problemas individuais, criasse projetos e linhas conceituais de atuação que contemplassem a todos e unificassem a atividade cultural. Ou não?
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
hatto e outras polêmicas
A New Yorker da próxima semana traz um belo texto de Mark Singer sobre o caso Joyce Hatto, relembrando o episódio e oferecendo informações que eu ainda não havia lido em lugar nenhum, como as primeiras dúvidas surgidas na internet antes da fraude ser descoberta - já é possível ler o artigo no site da revista. Enquanto isso, na Itália, começam as polêmicas em torno dos últimos dias de Luciano Pavarotti - uma amiga do tenor, esposa de Leone Magiera, disse a uma revista que ele estava profundamente infeliz no casamento e que Nicoletta Mantovani o proibia de ver os amigos; já suas filhas do primeiro casamento foram à RAI negar que o pai, sob pressão da esposa, teria feito um novo testamente pouco antes de morrer.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
legados
Tinha prometido a mim mesmo que evitaria, aqui, de discorrer em análises sobre a carreira de Pavarotti – afinal, nos últimos dias, gente muito mais qualificada do que eu já publicou, em todo o mundo, textos, ensaios, artigos, enfim, sobre sua carreira e sua contribuição à ópera. Agora há pouco, no entanto, Flávia Guerra, minha colega de Caderno 2, me parou no corredor para perguntar, qual seria, na minha opinião, o legado de Pavarotti. Confesso que fiquei em dúvida. Todos nós conhecemos suas grandes gravações do auge da carreira. Mas a Flávia falou em Maria Callas, de quem, no dia 16, completam-se 30 anos de morte. Callas, acredito, mudou nossa percepção da interpretação, dos próprios limites da voz e das possibilidades expressivas do repertório. Mas, pensando, em Pavarotti, me pergunto se ele teria deixado legado semelhante. Fico inclinado a dizer que não. Foi indiscutivelmente um grande tenor. Mas será que em algum momento ele teve uma interpretação capaz de mudar os rumos do gênero? Repasso a pergunta a vocês.
domingo, 9 de setembro de 2007
tilson thomas
Do maestro Michael Tilson Thomas em entrevista ao "The Scotsman": "Minha vida musical é conduzida por quatro questões: o que está acontecendo em termos de melodia, harmonia e forma? por que isto está acontecendo? enquanto músicos ou membros do público, o que isto significa para você? e o que você pensa a fazer a respeito?". Continua aqui.
gould apaixonado
Estamos nos aproximando dos 25 anos da morte do pianista Glenn Gould e o nome dele já volta às manchetes da mundo clássico. Primeiro, com a revelação, pelo jornal The Star, de Toronto, de cartas que comprovam o caso de amor que o pianista manteve com Cornelia Foss, mulher de Lukas Foss. Em uma das cartas, ela descreve a despedida - "Eu nunca vou esquecer do momento em que Lukas se despedia de mim na estação, sorrindo. 'Por que sorri? Estou te deixando para ficar com Glenn'. E ele respondeu: 'Não seja ridícula, você vai voltar'." Já o crítico da "Slate", de São Francisco, ouve a gravação de Simone Dinnerstein para as "Variações Goldberg" e se pergunta: um novo Gould? - perguntas deste tipo dão ótimos títulos de matéria, mas fazem pouco sentido: de qualquer forma, fica a referência de uma nova e, aparentemente, interessante artista.
novo fôlego?
A Deutche Grammophon triplicou seu número de lançamentos; a EMI Classics anunciou que está voltando a assinar contratos de exclusividade com artistas clássicos; por sua vez, a Sony-BMG afirma estar estudando possíveis 14 novos contratos - o primeiro deles, já fechado, com a violinista Lisa Batiashvili, que vai gravar um novo concerto de Magnus Lindberg. Novos contratos e lançamentos - seria a volta por cima das principais gravadoras? Não exatamente, diz Norman Lebrecht em sua coluna semanal.
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
pavarotti em estado grave
O estado de saúde do tenor Luciano Pavarotti piorou drasticamente. Segundo informações da imprensa italiana, já repercutidas por agências de todo o mundo, o tenor está inconsciente e seus rins já não funcionam. Ele está em casa, sendo acompanhado por médicos de um hospital de Módena. Terry Robson, agente do cantor, não desmentiu a notícia da agência, mas o porta-voz do hospital não quis fazer comentários sobre o estado de saúde do cantor. Ainda segundo a imprensa italiana, que já ruma em direção a Modena, familiares e amigos próximos têm sido vistos chegando à casa do tenor. Mais informações aqui.
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
leseira
Voltei. As duas semanas de ausência prometidas viraram três – e antes que sejam quatro, volto ao blog. Retomei as atividades no início da semana, sentindo muito ter perdido alguns concertos durante minha ausência – a Aida de Lorin Maazel, o início do Festival Música Nova, o recital de lançamento do livro de Sergio Casoy, a homenagem a Celine Imbert. Mas consegui pegar as duas apresentações do barítono Thomas Hampson na Sala São Paulo - que concertos, aliás. A musicalidade, a inteligência, a interpretação, tudo nele impressiona e foi uma experiência realmente especial ouvi-lo ao vivo, ainda mais com orquestra tão talentosa quanto a Sinfônica Jovem Gustav Mahler, regida por Phillipe Jordan (olho nele!). Infelizmente, a contralto francesa Nathalie Stutzmann, outra grande mahleriana, cancelou os concertos que faria neste fim de semana no Rio com a Sinfônica Petrobrás, em que iria interpretar o “Kindertotenlieder” (ela será substituída pelo pianista Dang Thai Son, que sola o "Concerto nº 1" de Chopin). E por falar em cancelamentos: Maria João Pires ataca novamente e não vem mais a São Paulo para o recital anunciado no Teatro Municipal –e, desta vez, nem motivo deu. Volta de férias, enfim, é sempre aquela leseira, mas aos poucos vou me inteirando das coisas. E me parece que a notícia do momento é a troca de guarda no Teatro Municipal do Rio. Nem seis meses depois de empossado, o secretário de Cultura Luiz Paulo Conde deixa o cargo. Luiz Paulo Sampaio, o novo diretor da casa, sempre deixou claro que depositava no apoio de Conde as chances de uma revitalização da casa. O que acontece agora? Mais informações em breve. Ah, já ia esquecendo: Tumitinhas, não resisti e, nas férias, arrematei mais uma Valquíria. Volto ao assunto...
terça-feira, 7 de agosto de 2007
descanso
Os últimos meses não foram fáceis, muito trabalho na redação e fora dela também, questões pessoais a serem resolvidas, alguns problemas de saúde, etc, etc, etc. Enfim, o corpo e a mente pediram água e, portanto, entro em férias por duas semanas. Pretendo escapar um pouco dos computadores e e-mails, então não sei com que periodicidade vou conseguir postar aqui no blog. Peço, portanto, desculpas adiantadas, recomendando a leitura dos sites linkados aqui do lado, sempre repletos de notícias e comentários sobre o nosso mundo da música. O risco, claro, é vocês perceberem que eu não faço a menor falta. A gente se fala daqui a duas semanas - ou a qualquer momento, em edição extraordinária.
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
novo livro de sergio casoy
O pesquisador Sergio Casoy lança este mês seu novo livro, "A Invenção da Ópera ou a História de um Engano Florentino", ensaio sobre a criação do gênero operístico editado pela Algol. O lançamento já tem data marcada - será no dia 21, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, com recital da meio-soprano Denise de Freitas, acompanhada ao cravo por Vânia Pajares. No programa, áruas de Alessandro Scarlatti, Antonio Caldara, Alessandro Stradella, Giuseppe Giordani, Giulio Caccini e Haendel, entre outros.
morre o violoncelista zygmunt kubala
Da Folha Online: O músico Zygmunt Kubala, um dos principais violoncelistas do país, será enterrado hoje no Rio. O polonês radicado no Brasil morreu anteontem à tarde, aos 64, em um concerto numa igreja de Ouro Branco (MG). Continua aqui.
aspas
Da soprano Céline Imbert, em entrevista ao Portal VivaMúsica, falando sobre seus 20 anos de carreira: "São duas décadas de dedicação ao canto - é uma vida! Sinto que sou uma realizadora porque sei que vem gente atrás de mim. Isso é bonito e gratificante porque a função da vida é transformar através da emoção. Um balanço das coisas que realizei prova que a vida tem altos e baixos, mas é a determinação, a paixão e insistência que fazem estar de pé e continuar. Eu já caí muito, mas é sempre a música que me levanta. Não consigo me imaginar fazendo outra coisa, pois me sinto inteira no momento em que canto." Leia mais aqui.
pela rede
No Sun Times, uma entrevista com Deborah Card, diretora executiva da Sinfônica de Chicago; Norman Lebrecht escreve sobre a escolha de Alan Gilbert para o posto de regente titular da Filarmônica de Nova York; Diana McVeagh, autora de “Elgar the Music Maker”, assina ensaio sobre a maneira como está sendo lembrado o 150º aniversário do compositor; no New York Times, críticas de lançamentos em CD, entre eles uma nova “Quinta” de Bruckner pela Orquestra de Cleveland; de Tanglewood, Allan Kozinn escreve sobre a programação dedicada à música contemporânea, que tem como tema a “geração de 1938” (leia-se John Harbison, John Corigliano, Joan Tower, Philip Glass e Charles Wuorinen, entre outros); de Bayreuth, Alan Riding e mais detalhes sobre o jogo de poder relacionado à sucessão de Wolfgang Wagner à frente do festival, tema que tem permeado a edição deste ano do festival; no Guardian, uma entrevista com o neto de Prokofiev, Gabriel, dono de uma boate londrina, onde tem misturado música clássica e música eletrônica feita por DJs; mais uma estréia na carreira do tenor Plácido Domingo – ele agora virou personagem da série animada The Simpsons; e, no Playbill Arts, informações sobre a venda da EMI. Boa leitura.
guarani
No Estadão de hoje, a matéria sobre o "Guarani" de Belém: "O Guarani é a mais célebre e, de longe, a mais produzida ópera de Carlos Gomes. Nos últimos cinco anos, de São Paulo a Manaus, passando por Rio, Belo Horizonte, Brasília, os principais teatros líricos do País levaram a seus palcos a obra. E, na última terça-feira, foi a vez do Teatro da Paz, em Belém, que, com uma nova produção da ópera deu início à primeira edição do Festival Internacional de Ópera da Amazônia, evento que substitui o Festival do Teatro da Paz, que desde 2001 vinha sendo realizado pelo governo do Estado em parceria com a produtora paulistana São Paulo Imagem Data - agora, a produção é toda local e as parcerias se voltam para outros lados, como o Teatro Amazonas, em Manaus, que também realiza anualmente seu festival." Continua aqui.
thomas hampson - entrevista
No Estadão de ontem, a entrevista que fiz com o barítono Thomas Hampson, que se apresenta no Cultura Artística no final do mês: "O barítono norte-americano Thomas Hampson conta que seu contato com a música começou por meio da poesia e da literatura. Natural, portanto, que desde cedo as canções de Schubert, Schumann, Mahler, Charles Ives, Strauss e muitos outros autores tenham sido parte importante de seu repertório. E não apenas como cantor - aos 51 anos, ele tem textos dedicados a esses autores e criou há alguns anos uma fundação, The Hampsong Foundation, com o objetivo de pesquisar e difundir obras pouco conhecidas, contando com o trabalho de um grupo numeroso de musicólogos e formando parcerias com bibliotecas e arquivos de todo o mundo. Neste universo, no entanto, a obra do austríaco Gustav Mahler se sobressai. Hampson tem diversos registros de seus ciclos de canções, com maestros como Leonard Bernstein e Claudio Abbado, e participou da preparação de nova edição das partituras. No fim do mês, nos dias 27 e 28, ele vem ao Brasil pela primeira vez, como solista da Orquestra Jovem Gustav Mahler. No programa, claro, canções do compositor austríaco (uma seleção do ciclo Des Knaben Wunderhorn), sobre quem ele falou na entrevista a seguir, concedida com exclusividade ao Estado. Continua aqui.
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
belém
Cheguei agora há pouco em Belém, onde começa amanhã (hoje, na verdade) o I Festival Internacional de Ópera da Amazônia, que substitui o Festival do Theatro da Paz, que até o ano passado era realizado aqui com produção da paulistana São Paulo Imagem Data. A produção, agora, é local e o festival, ao extender seu nome a toda a Amazônia, pretende formar parcerias com Manaus e teatros de países latino-americanos. Isso, pelo menos, é o que se sabe, imagino que nos próximos dias teremos mais informações - e voltaremos à questão, que no Brasil parece eterna, das mudanças artísticas inspiradas pelas mudanças políticas (aqui no Pará o governo do PT substitui o governo do PSDB, que ficou 8 anos no poder). Enfim, de volta à música, a ópera que abre o festival é "O Guarani", com regência de um especialista em Carlos Gomes, o maestro Roberto Duarte, e direção cênica de William Pereira; ao longo de agosto e setembro, mais dois títulos: "La Cenerentola" (Luiz Malheiro/Caetano Villela, produção do Festival Amazonas, de Manaus) e "Gianni Schicchi" (Mateus Araújo/William Pereira). Na foto, o belo Theatro da Paz. Voltamos a nos falar.
domingo, 29 de julho de 2007
campos do jordão, ópera nacional
Na Gazeta Mercantil, Leonardo Martinelli escreve texto inspirado sobre o Festival de Campos de Jordão – e a maneira como a cidade se transforma em julho – , além de uma entrevista com a maestrina Debora Waldman; no Estadão, Adriana Pavlova relembra a tentativa de criação, há 150 anos, da Escola Nacional de Ópera. Boa leitura, bom domingo.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
thomas hampson
Falei agora há pouco por telefone com o barítono norte-americano Thomas Hampson, que se apresenta no fim do mês em São Paulo ao lado da Sinfônica Jovem Gustav Mahler, pelo Cultura Artística. No programa, seleções dos Knaben Wunderhorn. Falamos, portanto, muito da obra de Mahler– gosto bastante das gravações feitas por ele, em especial as que tem Leonard Bernstein como maestro. Ele falou bastante do trabalho com “Lenny”, disse que era muito jovem e que, se pudesse realizar apenas um desejo, seria trabalhar novamente com ele, agora que é um cantor mais experiente. Hampson pareceu ser um cara profundamente inteligente, fala de literatura, de filosofia, política; passa minutos discursando sobre a poesia de Walt Whitman e contando porque acredita que é nas canções que se pode encontrar a alma, a essência de uma cultura. Falamos também de ópera, de Verdi, da sua predileção por “papéis com contexto”, como o Posa no “Don Carlo”, Macbeth e de seu desejo de, um dia, cantar Iago e Falstaff. Foi um papo interessante. A entrevista completa logo será publicada pelo Estadão. Por enquanto, dou a dica do site de sua fundação, the Hampsong Foundation, onde se pode ouvir algumas de suas gravações e ler sobre suas pesquisas de repertório em bibliotecas americanas.
bayreuth ao vivo
Começou agora há pouco, com uma nova produção de "Os Mestres Cantores de Nurenberg", a edição deste ano do Festival de Bayreuth. A direção cênica é de Katharina Wagner, a bisneta mais jovem do compositor e uma forte concorrente ao posto de diretora geral do festival (leia aqui). Aproveito para relembrar a dica dada pelo Poletti nos comentários ao post abaixo – rádios na internet tornam possível ouvir ao vivo as óperas do festival. Você encontra uma lista de emissoras aqui.
terça-feira, 24 de julho de 2007
verbier ao vivo
O Festival UBS Verbier, realizado anualmente na Suíça, está disponibilizando na internet, em transmissões ao vivo, seus principais concertos. Neste momento, a atração é a violinista Hillary Hahn – os próximos destaques incluem um recital do duo Nelson Freire/Martha Argerich, a pianista Helene Grimaud, Evgueni Kissin com Esa Pekka-Salonen e muito mais. Para acessar, basta clicar aqui e se registrar (é necessário apenas fornecer o e-mail).
segunda-feira, 23 de julho de 2007
confusão
Não sei se a impressão é só minha, mas percebo que, quanto mais leio sobre a questão da indústria fonográfica de clássicos, menos consigo chegar a uma conclusão sobre o estado real do mercado. Alguns pontos já não se discute: as vendas caíram, o número de CDs lançados só cai, os repertórios se repetem, a crise das grandes gravadoras abriu espaço para selos menores, etc. Ao mesmo tempo, porém, ainda nos chegam notícias de novos contratos de exclusividade sendo assinados por selos como Decca e EMI Classics que, aliás, acaba de anunciar uma parceria com o Metropolitan para lançamento de DVDs. Os números também são confusos. Recentemente, o crítico Alex Ross publicou em seu blog uma pesquisa que mostra como a venda de CDs clássicos caiu vertiginosamente e passou a representar apenas 2% do mercado global de gravações nos EUA. Na Europa, porém, a situação se inverte, para não falar na Ásia, onde há um crescimento significativo. E há, claro, a internet. Os clássicos já representam, segundo pesquisa de 2006, 13% do mercado virtual de downloads. E leio agora na "Newsweek" um artigo que mostra como esse número só tende a crescer. A autora do texto conversa com analistas e chega à conclusão de que a música clássica é o gênero ideal para o comércio on-line. Os motivos? 1) a complexidade das partituras e, conseqüentemente, das gravações as tornam difíceis de serem pirateadas – em outras palavras, o cliente prefere pagar e conseguir um arquivo melhor do que sair em busca de arquivos gratuitos mas de qualidade inferior, o que tem levado até mesmo grandes conglomerados, ainda hesitantes quanto ao mercado virtual, a investir na venda de faixas clássicas; 2) enquanto a maioria dos amantes da música popular busca faixas dos mesmos artistas, no mundo clássico a lógica se inverte: de quase metade das 146.031 faixas que a Naxos disponibiliza em seu site foram vendidas apenas 10 unidades – o suficiente, no entanto, para representar um quarto do lucro da companhia, estimado em US$ 82 milhões; ou seja, os gostos são variados e é possível achar interessados para qualquer tipo de gravação. Até aí, tudo bem. O que me pega são as conclusões que se tira a partir deste quadro. Vá lá, há um contexto favorável para que as vendas aumentem – e esse aumento pode mesmo levar ao surgimento de novas estrelas clássicas, fenômenos de venda, como no passado. Agora, a terceira conclusão da jornalista da "Newsweek" e seus especialistas é que me pega: para eles, o mercado virtual vai trazer um novo público para a música clássica. Os números são mesmo interessantes. No ano passado, a BBC disponibilizou para download gratuito a integral das sinfonias de Beethoven. Foram 1, 4 milhão de acessos e pesquisa mostra que boa parte dos clientes é de jovens que estavam tendo seu primeiro contato com a música clássica. Agora, aí é que complica: o que nos leva a crer que este público vai passar a ocupar as salas de concerto mundo afora? Cito outra pesquisa, feita por um norte-americano. Não me lembro exatamente dos números, mas a idéia é a seguinte: ele analisou a faixa etária dos freqüentadores de concertos de 30 anos atrás e chegou a uma média de idade entre 35 e 40 anos; fez o mesmo hoje e chegou a uma média em torno de 65 anos – ou seja, trata-se do mesmo público; e, segundo ele, a porcentagem de novos ouvintes é irrisória. A pesquisa talvez exagere quando diz, por exemplo, que a falta de público fará com que, em menos de dez anos, metade das orquestras americanas feche suas portas. Mas... será mesmo exagero? Bom, paro por aqui. Não sei se ajudei em alguma coisa com essas linhas. Talvez tenha deixado vocês ainda mais confusos. Eu, com certeza, fiquei.
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