quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
sergio casoy lança novo livro
Quem conhece Sergio Casoy sabe que há anos ele vem trabalhando em um livro importantíssimo - “Ópera em São Paulo: 1952-2005”, levantamento de tudo aquilo que foi feito no gênero na cidade, com títulos, datas de récitas, elencos, fotos e, mais importante, entrevistas com personalidades que fizeram e acompanharam estes pouco mais de 50 anos de história. É daquelas obras que já viraram referência antes mesmo de serem lançadas – quantas vezes nós da imprensa não ligamos para o Sergio em busca de informações, que ele sempre fornece com a cortesia e a conversa saborosa de sempre? Bom, depois de muita luta, a Edusp topou lançar o livro. A princípio, o lançamento estava previsto para o ano passado. Mas ficou para 2007. E agora já temos nova data: será no dia 27 de março, no Teatro Municipal de São Paulo, precedido pela primeira apresentação no teatro da ópera cômica “Rita”, de Donizetti, com a soprano Naomy Schölling, o tenor Anderson de Souza e o barítono Carlos Eduardo Vieira (direção musical e piano: Karin Uzun; direção cênica: João Malatian). Mais informações, no site da Bemelmans Comunicação.
terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
gerard mortier na new york city opera
Deu no New York Times: "Gerard Mortier, um dos mais proeminentes modernizadores da ópera, que tem como marca montagens muitas vezes chocantes, será o diretor geral e artístico da New York City Opera a partir de 2009. Mortier, atual diretor da muito maior e mais complexa Ópera Nacional de Paris, vai substituir Paul Kellog. A escolha de uma figura de importância internacional é um grande passo para o teatro nº 2 do Lincoln Center e representa um desafio ao teatro do outro lado da praça, o Metropolitan". Para ler o resto do texto, clique aqui. Para nós que estamos fora dos EUA, vale também ler o comentário de Alex Ross, da New Yorker, sobre o caso. "O regime de Mortier terá seus altos e baixos, mas seu trabalho com a ópera contemporânea é digno de nota e tê-lo competindo com Gelb certamente vai criar uma excitação sem precedentes na vida musica de Nova York. O que aconteceu com a nossa sonoleta vida operística? De repente, estamos pegando fogo", escreve ele em seu blog.
municipal anuncia primeiras óperas
Com o adiamento da reforma do Teatro Municipal de São Paulo, a programação de óperas, a princípio prevista apenas para o segundo semestre, vai começar já em abril no palco do teatro – que volta a receber também todas as séries de concertos que, anteriormente, por conta das obras, haviam sido deslocadas para o Auditório Ibirapuera, o Teatro Cultura Artística e o Auditório do Masp. Foram anunciados três títulos, duas novas produções e uma remontagem. São eles:
A Filha do Regimento, de Donizetti
Orquestra Sinfônica Municipal
José Maria Florêncio, regente
André Heller-Lopes, direção cênica
Rosana Lamosa, soprano
Flávio Leite, tenor
Manuel Álvarez, barítono
(21, 23, 25, 27 e 29 de abril)
O Chapéu de Palha de Florença, de Nino Rota
Orquestra Sinfônica Municipal
Henrique Morelenbaum, regente
João Malatian, remontagem
Edna D’Oliveira, soprano
Luciano Botelho, tenor
Regina Elena Mesquita, meio-soprano
(19, 21, 23, 25 e 27 de maio)
A Italiana em Argel, de Rossini
Orquestra Experimental de Repertório
Jamil Maluf, regente
Hugo Possolo, direção cênica
Luisa Francesconi, meio-soprano
Pepes do Valle, baixo
Andre Vidal, tenor
(23, 25, 27 e 29 de junho, 1º de julho)
A Filha do Regimento, de Donizetti
Orquestra Sinfônica Municipal
José Maria Florêncio, regente
André Heller-Lopes, direção cênica
Rosana Lamosa, soprano
Flávio Leite, tenor
Manuel Álvarez, barítono
(21, 23, 25, 27 e 29 de abril)
O Chapéu de Palha de Florença, de Nino Rota
Orquestra Sinfônica Municipal
Henrique Morelenbaum, regente
João Malatian, remontagem
Edna D’Oliveira, soprano
Luciano Botelho, tenor
Regina Elena Mesquita, meio-soprano
(19, 21, 23, 25 e 27 de maio)
A Italiana em Argel, de Rossini
Orquestra Experimental de Repertório
Jamil Maluf, regente
Hugo Possolo, direção cênica
Luisa Francesconi, meio-soprano
Pepes do Valle, baixo
Andre Vidal, tenor
(23, 25, 27 e 29 de junho, 1º de julho)
caso joyce hatto - repercussões
A nota distribuída pela EFE sobre a confissão do produtor William Barrington-Coupe, transcrita no post abaixo, tem um erro – a carta dele foi publicada na “Grammophone”, mas o primeiro destinatário foi o diretor do selo BIS, detentor dos direitos de uma das gravações copiadas. Aproveito a correção para colocar aqui links para matérias sobre a confissão, é só clicar no nome do jornal. The New York Times, Guardian, Telegraph, Gramophone.
produtor adulterou gravações de pianista
Notícia fresquinha, distribuída pela agência de notícias espanhola EFE: o produtor William Barrington-Coupe confessou que adulterou as gravações de sua mulher, a pianista Joyce Hatto. Abaixo, a íntegra da matéria:
O produtor inglês William Barrington-Coupe confessou em uma carta à revista "Grammophone" que adulterou as gravações da pianista Joyce Hatto, sua mulher, antes de editá-las em CDs e colocá-las à venda. Joyce começou a carreira nos anos 70 mas, por conta de um câncer, abandonou os palcos e passou a se dedicar a gravações em estúdio. Morta em junho do ano passado, deixou uma legião de fãs, encantados com suas gravações, lançadas um ano antes e elogiadas pela crítica internacional. Mas, no início do mês, a "Grammophone" descobriu que a maior parte de seus registros eram, na verdade, cópia do trabalho de outros pianistas. Em um primeiro momento, Barrington-Coupe havia negado o plágio. Na carta endereçada à revista, no entanto, voltou atrás. “Joyce começou a sentir muita dor ao tocar, o que a levava a muitos erros involuntários. Eu quis que sua vida, decepcionante em muitos aspectos, tivesse um final brilhante. Por isso procurei gravações de intérpretes de estilo parecido ao seu para utilizar as passagens que ela já não conseguia tocar.” A idéia surgiu no final dos anos 80, com a troca das fitas cassetes pela nova tecnologia do CD. Com o tempo, diz Barrington-Coupe, “fui ganhando confiança e passei a utilizar trechos cada vez maiores.” “É para mim muito triste perceber que as decisões insensatas que tomei para tornar seus últimos meses mais felizes acabaram prejudicando seu nome”, escreve. “Nunca mais pretendo mexer com isso e já destrui todos os restos de gravações que tinha dela. Nunca mais produzirei um disco. Agora, só quero um pouco de paz.” Perguntado se poderia oferecer uma lista precisa de quais gravações foram adulteradas, Barrington-Coupe disse apenas que estava cansado e que não queria mais tratar do assunto. Fez questão de ressaltar, no entanto, que sua mulher morreu sem saber o que havia acontecido.
O produtor inglês William Barrington-Coupe confessou em uma carta à revista "Grammophone" que adulterou as gravações da pianista Joyce Hatto, sua mulher, antes de editá-las em CDs e colocá-las à venda. Joyce começou a carreira nos anos 70 mas, por conta de um câncer, abandonou os palcos e passou a se dedicar a gravações em estúdio. Morta em junho do ano passado, deixou uma legião de fãs, encantados com suas gravações, lançadas um ano antes e elogiadas pela crítica internacional. Mas, no início do mês, a "Grammophone" descobriu que a maior parte de seus registros eram, na verdade, cópia do trabalho de outros pianistas. Em um primeiro momento, Barrington-Coupe havia negado o plágio. Na carta endereçada à revista, no entanto, voltou atrás. “Joyce começou a sentir muita dor ao tocar, o que a levava a muitos erros involuntários. Eu quis que sua vida, decepcionante em muitos aspectos, tivesse um final brilhante. Por isso procurei gravações de intérpretes de estilo parecido ao seu para utilizar as passagens que ela já não conseguia tocar.” A idéia surgiu no final dos anos 80, com a troca das fitas cassetes pela nova tecnologia do CD. Com o tempo, diz Barrington-Coupe, “fui ganhando confiança e passei a utilizar trechos cada vez maiores.” “É para mim muito triste perceber que as decisões insensatas que tomei para tornar seus últimos meses mais felizes acabaram prejudicando seu nome”, escreve. “Nunca mais pretendo mexer com isso e já destrui todos os restos de gravações que tinha dela. Nunca mais produzirei um disco. Agora, só quero um pouco de paz.” Perguntado se poderia oferecer uma lista precisa de quais gravações foram adulteradas, Barrington-Coupe disse apenas que estava cansado e que não queria mais tratar do assunto. Fez questão de ressaltar, no entanto, que sua mulher morreu sem saber o que havia acontecido.
a valquíria - enquete
Não costumo colocar posts com enquetes, mas acho que esta vale a pena. O maestro Lorin Maazel, como está em um post aí embaixo, voltará a reger no Metropolitan Opera depois de 45 anos de ausência. Será em janeiro e fevereiro do ano que vem, com A Valquíria, de Wagner. Ele afirmou que aceitou o convite porque o elenco que lhe ofereceram pareceu interessante -relembrando: Lisa Gasteen (Brünhilde), James Morris (Wotan), Adrianne Pieczonka e Deborah Voigt (Sieglinde), Stephanie Blythe e Michelle DeYoung (Fricka), Clifton Forbis e Simon O'Neill (Siegmund) e Mikhail Petrenko (Hunding). Isso leva à minha pergunta: em sua opinião, qual seria hoje um elenco ideal para "A Valquíria"? O Lauro Machado Coelho já deu sua lista lá embaixo, em um comentário ao post.
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
um bis, 74 anos depois
Nada mais pára o tenor peruano Juan Diego Flórez. Após sucessos consecutivos nos principais teatros do mundo, ele agora conquistou o exigente e complicado público do Scala. Mais: durante uma apresentação da ópera “A Filha do Regimento”, de Donizetti, repetiu a pedido do público a ária “Ah! mes amis”, aquela com os nove dós de peito no final. Foi o primeiro bis do Scala em 74 anos – o último havia sido dado pelo baixo Fiodor Chaliaplin, em 1933. No blog Opera Chic, há arquivos de áudio tanto da primeira ária como do bis. Para ouvir, clique aqui.
mais joyce hatto
Os supostos plágios da pianista britânica Joyce Hatto continuam a dar o que falar. Alex Ross, crítico da New Yorker, fala em seu blog que já se tem provas de que pelo menos 23 de suas gravações são mesmo cópias do trabalho de outros pianistas. Ele também indica um site, preparado por um de seus leitores, em que todos os links ligados à polêmica são relacionados, inclusive aqueles que levam a sites em que é possível comparar as gravações originais e as atribuídas a Hatto. Para ir para o site, clique aqui. O New York Times publicou também um artigo, "Shoot the Piano Player", analisando não apenas os plágios mas, mais importante, a reação a eles. Para ler, clique aqui.
dutoit substitui eschenbach em filadélfia
Há alguns dias, falamos aqui da dificuldade de entendimento entre o maestro Cristoph Eschenbach e a Orquestra de Filadélfia, o que levou o regente a desistir do posto de diretor artístico do grupo. Seu contrato termina em 2008, mas a orquestra já arranjou substituto: o maestro Charles Dutoit, ex-Sinfônica de Montreal que, aliás, anunciou recentemente Kent Nagano como seu novo diretor. Mais detalhes você encontra no New York Times – para ler, clique aqui. A propósito da vida musical americana, outra notícia: Lorin Maazel, diretor da Filarmônica de Nova York, voltará a reger no Metropolitan Opera depois de 45 anos de ausência. Será em janeiro e fevereiro do ano que vem, com A Valquíria, de Richard Wagner. “Eles me convidaram várias vezes mas nunca dava certo. A ópera não me interessava ou eu estava ocupado. Agora, não. Eles me ofereceram a ópera num período em que eu estava livre e gostei do elenco”, disse ele. O elenco: Lisa Gasteen (Brünhilde), James Morris (Wotan), Adrianne Pieczonka e Deborah Voigt (Sieglinde), Stephanie Blythe e Michelle DeYoung (Fricka), Clifton Forbis e Simon O'Neill (Siegmund) e Mikhail Petrenko (Hunding).
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
ian holender vai deixar ópera de viena
O diretor da ópera de Viena, Ian Holender, não vai renovar seu contrato, que se encerra em 2010. Mais informações, clique aqui.
coral paulistano canta guarnieri
O Coral Paulistano, corpo estável do Teatro Municipal, abre amanhã sua temporada com uma homenagem a Camargo Guarnieri, de quem se lembra este ano o centenário de nascimento. Justiça histórica – não apenas porque a música coral do compositor merece resgate urgente, mas também porque muitas de suas obras no gênero foram escritas especialmente para o grupo, criado por Mário de Andrade, que influenciou como poucos na orientação nacionalista adotada pelo autor.Sob regência de Mara Campos, o conjunto vai interpretar peças como a "Missa Diligite", "Vamus Aloanda", "Sinhô Lau", "Coisas Desse Brasil" e "Egbegi". O programa será complementado por obras de outros autores como Osvaldo Lacerda, Almeida Prado, Antonio Ribeiro e Aylton Escobar, todos eles alunos de Guarnieri, responsáveis por levar seus ensinamentos a uma nova geração de ouvintes. Além de Mara Campos, atual diretora artística e regente titular do conjunto, participam da apresentação do Coral o baixo Jan Szot, o pianista Renato Figueiredo e os percussionistas Nestor Gomes, Magno Bissoli, Reinaldo Calegari e Richard Fraser. O concerto será realizado no Auditório do Masp, o lar provisório do Coral Paulistano enquanto durarem as reformas no palco e na fachada do Teatro Municipal. Serviço: Sábado, dia 24, 16 horas. Masp – Grande Auditório. Av. Paulista, 1.578, 3251-5644. R$ 10
morre a cravista maria lúcia nogueira
Do Estadão de hoje: Morreu na terça-feira aos 58 anos a pianista e cravista Maria Lúcia do Amaral Nogueira, uma das mais importantes responsáveis pela divulgação do cravo e seu repertório no País. Nascida em Santos, Maria Lúcia começou a estudar piano aos 5 anos. Foi aluna de Dinorah de Carvalho e, após optar pelo cravo, estudou com Helena Jank, no Brasil, e com Hughette Dreyfus, na França. Após a conclusão do curso no Conservatório de Paris, apresentou-se em diversas salas de concerto européias e, de volta ao Brasil, elegeu como bandeiras a pesquisa e a divulgação do repertório barroco. Trabalhou ao lado de conjuntos e artistas como o flautista Ricardo Kanji e a Camerata Fukuda e, além dos cursos que oferecia, promoveu masterclasses de Hughette Dreyfus em São Paulo, Rio e Minas Gerais.Além da lembrança de recitais elogiados e da geração de cravistas que ajudou a formar, Maria Lúcia deixa como legado algumas gravações importantes. Nos anos 90, lançou pelo selo Paulus um álbum em que interpretava as "Sinfonias" e "Invenções" de Johann Sebastian Bach; do mesmo compositor, e pelo selo Eldorado, registrou três volumes duplos com as "Partitas". “Em suas mãos, os ritmos perdem qualquer conotação mecânica para ganhar uma dimensão verdadeiramente orgânica. E a polifonia harmônica das peças é valorizada como cor ordenada em construção. Tudo soa vital e expressivo. Suas leituras são uma autêntica raridade”, escreveu em maio de 1997 no "Jornal da Tarde" o crítico J. Jota de Moares a respeito do álbum com as "Sinfonias" e "Invenções". Após o velório, realizado no Hospital Albert Einstein, o corpo da artista foi cremado.
norman lebrecht sobre joyce hatto
Demorou, mas o polêmico colunista inglês Norman Lebrecht, autor de livros como "Quem Matou a Música Clássica" e "O Mito do Maestro", entrou na polêmica sobre os discos da pianista Joyce Hatto. Para ler sua coluna, clique aqui.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2007
marido de pianista nega plágio
William Barrington-Coupe, marido da pianista Joyce Hatto e dono do selo Concert Artist, rompeu enfim seu silêncio e negou que os discos de sua mulher sejam cópias do trabalho de outros pianistas. “Eu estava presente em todas as sessões de gravação, fui o engenheiro de som e assumo a responsabilidade por tudo o que meu selo lançou. Há 12 meses, ela não era muito conhecida. Se era tudo falso, por que eu colocaria o nome de minha mulher nos discos? Teria sido melhor colocar outro nome, algum nome russo talvez - teríamos vendido 10 vezes mais”, disse ele ao "Telegraph". Para ler a íntegra da entrevista, clique aqui.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
joyce hatto - repercussão
A polêmica sobre os discos da pianista inglesa Joyce Hatto já gera repercussões em grande parte da imprensa internacional. Aqui, links para textos do Times, do Telegraph, do International Herald Tribune, dos sites Classsics Today e Stereophile e do site da Pristine Classics, empresa especializada no tratamento de arquivos de áudio, onde você encontra a comparação entre as gravações da pianista e as originais.
thérèse raquin - crítica
Anne Midgette, do "New York Times", escreve sobre a estréia em NY de "Thérèse Raquin", de Tobias Picker. Para ler, clique aqui.
domingo, 18 de fevereiro de 2007
"a mosca", agora como ópera
O tenor e maestro Plácido Domingo e o diretor do Teatro Châtelet, Jean-Luc Choplin, anunciaram para 2008 a estréia de uma versão em ópera do terror "A Mosca", com música de Howard Shore. Domingo vai reger o espetetáculo e a direção cênica será de David Cronenberg, que já havia levado a história de ficção científica ao cinema. Para ler mais, clique aqui.
discos de pianista sob suspeita
Quando morreu, em junho do ano passado, a pianista britânica Joyce Hatto deixou para trás uma legião de fãs que nos últimos anos haviam criado um culto em torno de seu trabalho. Após um início de carreira promissor, ela abandonou os palcos nos anos 70 por motivos de saúde e passou a se dedicar apenas a gravações de autores como Chopin, Rachmaninoff e Liszt. Arquivados por muito tempo, os discos começaram a ser lançados nos últimos anos, tranformando-se logo em peças de colecionador, segredo revelado de um talento sobre o qual se conhecia muito pouco - o "New York Times" chegou a se referir a ela como uma das mais interessantes pianistas do século 20. Pois agora a "Gramophone" publica em seu site um artigo em que questiona a autenticidade da maior parte de suas gravações. O editor da revista, James Inverne, descobriu a fraude de maneira bem peculiar. Ao tentar salvar em seu computador uma faixa de um dos discos da pianista, a máquina lhe avisou que aquele arquivo já estava gravado, só que com o nome de outro pianista. Foi o ponto de partida de uma série de pesquisas que comprovaram os plágios. Mais informações você encontra no site da Gramophone, onde há também links para sites em que as gravações de Hatto e as originais podem ser comparadas. Para ler, clique aqui. A história já repercute em outros veículos, como o New York Times. Para ler, clique aqui.
mozart e beethoven - biografias
O crítico João Marcos Coelho comenta no "Cultura" do "Estadão" de hoje novas biografias de Mozart e Beethoven lançadas no Brasil. O texto segue abaixo.
Mozart e Beethoven, além das obviedades
Já se disse várias vezes que cada época reconstrói a imagem dos grandes artistas de acordo com suas visões de mundo. A nossa, neste início de século 21, é a visão multicultural, a de tentar compreender a importância e a especificidade de cada criador. Mas isso tem pouco ou nada a ver com as biografias mais leves, destinadas ao grande público, sobre os grandes artistas. Quando os biografados são compositores a coisa complica mais ainda. Pululam expressões vazias como “há momentos em que ele é único”, ou “ninguém se igualou a ele”, ou “ninguém suplanta sua universalidade”. Dois livros que obedecem a este figurino, mas conseguem ultrapassar as obviedades são lançados no Brasil. São as biografias: "Beethoven", de Edmund Morris (Objetiva, 288 págs., R$ 39,90) e "Mozart por trás da Máscara", de Lincoln Maiztegui Casas (Planeta, 368 págs, R$ 49,90). Os dois são jornalistas. Morris nasceu em Nairóbi, no Quênia, tem 67 anos, mas desde os 28 trabalhou em Londres e vive em Washington. Colabora com a "New Yorker" e especializou-se em biografias de presidentes norte-americanos. Maiztegui Casas é uruguaio de Montevidéu, viveu 18 anos na Europa, sobretudo na Espanha, fugindo da ditadura em seu país. Colaborou para jornais como "El País" e esta é sua primeira biografia. A surpresa fica por conta do fato de que o uruguaio construiu um livro bem mais interessante e equilibrado do que o celebrado autor de biografias colaborador da "New Yorker". Embora profundo conhecedor de Beethoven, Morris prefere certo descompromisso com os fatos em troca de boas sacadas que provocam sorrisos e até meias gargalhadas no leitor. Para caracterizar a grandeza do autor da "Missa Solemnis", por exemplo, espinafra outros compositores: Mahler é “masturbatório” e “Haydn é mais admirado pelos musicólogos do que pelo grande público”. Morris deixa claro que está escrevendo “a história de uma vida e não uma pesquisa sobre a obra de Beethoven”. Então deveria aprender com o excepcional livro de Lewis Lockwood (editado no Brasil há dois anos), que alterna capítulos para especialistas com análise das obras com comentários precisos e também interessantes sobre a vida de Beethoven. Não é necessário, como faz Morris na abertura de seu livro, recontar a velha máxima para atrair o leitor. Aquela pergunta feita a uma feminista nos seguintes termos: você aconselharia uma mulher de 23 anos, que perdeu quatro filhos, a abortar a quinta gravidez de um marido alcoólatra e violento? Sim? Então você teria abortado Beethoven. Dizer que “desde o início um radical, Beethoven tornou-se ainda mais radical com a idade” não é verdadeiro. Até a terceira sinfonia, sua música nada tinha de radical; devia muito a Haydn e Mozart. Há outros exemplos de generalizações inadequadas.Mas, não se pode crucificá-lo. Ele conhece muito de Beethoven e escreve de modo atraente. Chama a atenção para a décima das onze Bagatelas opus 119: “Algumas de suas bagatelas para piano, conhecidas como ‘ninharias da oficina de um mestre’, duram pouco mais de 1 minuto. Uma (a décima, Allegramente) encerra-se em apenas 9 segundos. Elas podem ser ninharias, mas segure-as contra a luz e elas brilham como metal precioso”. Na mosca. Há muito que aprender com este livro – e rir com as tiradas, mas sempre levando em conta que, como dizia Kraus, este tipo de sacada sempre contém meia-verdade e meia mentira. A tradução é boa, mas escorrega, como quando fala de peças para violino e evoca as “cordas abertas”: a expressão correta é cordas soltas (a corda solta vibra livremente sem que o dedo do executante a pressione).Maiztegui Casas, em seu "Mozart", felizmente só padece de um excesso positivo: o amor incontido pelo biografado. “Pertenço”, diz ele, “ao PMR – Partido Mozartiano Radical”. Mas isso não o leva a distorções. Ao contrário. Consegue sintetizar, num livro acessível ao grande público, muitas das mais importantes contribuições de musicólogos e estudiosos de Mozart. E, acima de tudo, Casas não tem pretensões. “Sem pretender ter descoberto nada, queria fazer algumas reflexões sobre o homem e o artista surgidas em longos anos de leituras e audições. Isso se reflete no uso farto que faz da correspondência de Mozart. Ou no fato de dedicar mais de metade de seu livro ao menino prodígio e ao período de Salzburgo; 150 páginas esmiúçam os formidáveis dez anos finais do compositor, vividos intensamente em Viena. Um exemplo fascinante é o modo como escreve sobre a "Flauta Mágica", incluindo a recepção crítica dos contemporâneos à atualidade, de Goethe a Massimo Mila, passando por Stravinski.Mas nem só de paixão se nutre Casas. Também de ódio. Foi, aliás, uma imensa revolta contra as inexatidões históricas e a figura idiotizante de Mozart mostradas na tela em "Amadeus" que o levou a escrever este belo livro: “Não aceitei nem aceitarei jamais a teoria de que o filme narra uma história imaginária (...) Para a imensa maioria dos milhões de espectadores que viram o filme em todo o mundo, Mozart será sempre o bobo da risada oligofrênica, o palhaço flatulento e ridículo que o filme mostra. Nesse sentido, "Amadeus" faz mais mal à imagem de Mozart que toda a historiografia e a literatura que o mostraram como um crianção ao longo de dois séculos (...) Grande parte do impulso que gerou este livro tem como fundamento a ira e a repulsa que esse filme, feito em má hora, provocou em mim.” Se todo mundo canalizasse sua raiva de modo tão positivo como Lincoln Maiztegui Casas, certamente viveríamos num mundo melhor.
Mozart e Beethoven, além das obviedades
Já se disse várias vezes que cada época reconstrói a imagem dos grandes artistas de acordo com suas visões de mundo. A nossa, neste início de século 21, é a vi
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
o brahms de nelson freire
Ando ouvindo esses dias a gravação do “Concerto n.º 2” de Brahms com Nelson Freire e o maestro Riccardo Chailly – e cada vez gosto mais do resultado. Hoje, no You Tube, encontrei o segundo movimento do mesmo concerto, também com Nelson, só que com a Osesp e o maestro Roberto Minczuk, vídeo de 2001, no Auditório Claudio Santoro, em Campos de Jordão. Para assistir, clique aqui. No mesmo link, você encontra a entrada para outro vídeo, uma apresentação do "Concerto nº 1", na íntegra, com a Sinfônica NHK, em Tóquio.
entrevista com osvaldo golijov
O argentino Osvaldo Golijov acaba de ganhar o Grammy de melhor composição contemporânea com sua ópera “Ainadamar”. A premiação gerou certa polêmica nos Estados Unidos – sua mistura de tendências e a inspiração na música popular fazem dele um compositor erudito?, perguntaram. O fato é que ele é hoje um dos compositores mais procurados – "Ainadamar" foi uma encomenda do Festival de Tanglewood; atualmente, ele está escrevendo a trilha do novo filme de Francis Ford Coppolla e, em 2010, estréia no Metropolitan sua nova ópera, encomenda do teatro. O "Boston Globe" publica hoje uma entrevista em que Golijov fala do Grammy e dos projetos em que está trabalhando. Para ler, clique aqui.
direitos autorais
Do Lauro: Estávamos falando, outro dia, de direitos autorais e, a esse respeito, o nosso amigo Tales Umberto manda duas notícias curiosas, que leu na "Gramophone” de fevereiro: "Cinco herdeiros do escritor austríaco Hugo von Hofmannsthal estão reclamando royalties dos herdeiros de Richard Strauss, relativos a nove obras do compositor, incluindo sucessos como “Elektra” e “Der Rosenkavalier”. A notícia foi dada por “The Globe and Mail”. Um tribunal, em Munique, está estudando o processo, e estima que os herdeiros de Hofmannsthal poderão ter direito a um quarto dos direitos autorais gerados por essas óperas, para as quais o poeta escreveu o libreto. Os pagamentos, nesse caso, chegariam a cerca de $ 1 milhão de dólares por ano" – o que dá uma idéia do que produzem os direitos de apresentação e gravação de eternos sucessos como “O Cavaleiro da Rosa” ou “Arabella”. Essa notícia é particularmente interessante, por envolver dois ícones da ópera no século 20, símbolos da perfeita integração entre poeta e compositor – mas, pelo visto, não entre herdeiros. Em vida, Strauss, um homem muito preocupado com a defesa dos direitos do músico, sempre cuidou dos interesses da família de seu colaborador. Isso, pelo visto, deixou de ser respeitado depois que ele foi embora. A segunda notícia que o Tales nos manda diz que “a associação comercial da indústria de gravações do Reino Unido, a BPI, decidiu intensificar sua campanha para que os direitos autorais sobre gravações sejam ampliados para mais de 50 anos, depois que uma ação do governo, a respeito de Propriedade Intelectual no Reino Unido, recusou o pedido. Músicos opinaram que, nos Estados Unidos, por exemplo, os direitos autorais duram 95 anos. Foi também argumentado que essa extensão criaria maiores resultados para que as companhias investissem na musica nova. Mas os argumentos em favor da extensão foram julgados inconvincentes, pois tal decisão não aumentaria os incentivos ao investimento e teriam impacto negativo sobre os consumidores. Outras recomendações incluem esclarecer o status legal da mudança de formato – o que significa, por exemplo, converter um arquivo de CD em MP3, para uso pessoal – e pedir que sejam adotadas medidas mais fortes, para impedir o downloading ilegal." A esse respeito, o Tales comenta: “Se os arquivos das gravadoras caírem em domínio público, muitas das gravações que até hoje são baluartes de qualidade serão apropriadas por outras companhias. Só para citar um exemplo: as extraordinárias gravações que Herbert von Karajan fez para Walter Legge, na EMI. Duas delas, pelo menos – a “Ariadne auf Naxos”, de Strauss, e o “Falstaff”, de Verdi – são insubstituíveis; e só Deus sabe onde iriam parar. Nunca a EMI fez outra gravação dessas óperas que as substituíssem, em termos de qualidade.” Quanto à questão do downloading – muito mais sofisticada, hoje, do que a pirataria dos heróicos tempos do Lp – parece ser muito difícil exercer qualquer tipo de controle sobre ela. E isso se refere não só a colocar na Internet registros tirados de CD, mas também a gravações feitas a partir de transmissões de rádio. Há óperas de que não existe gravação em CD – a “Germania”, de Alberto Franchetti, por exemplo – das quais se pode conseguir, nos E-mules da vida, uma boa transmissão radiofônica, com ótima qualidade de som. “Marie Victoire”, a segunda ópera de Ottorino Respighi, tinha ficado inédita. Em 2006, o Scala decidiu tirá-la do esquecimento, e montou-a regida por Gianluigi Gelmetti e cantada por Nelly Miricioiu e Bruce Ford. A transmissão de FM da RAI de Milão anda aí pela Internet, para quem quiser pescar.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
ópera em santiago
É bom saber o que nossos colegas latinos andam aprontando. O Lauro me mandou ontem a temporada de óperas do Teatro Municipal de Santiago. Tem coisas bem interessantes, o "Don Carlo" de Verdi, "Tristão e Isolda", "A Filha do Regimento", entre outros títulos. Abaixo, as datas e os elencos, para quem se animar.
Don Carlo (Verdi): Ildebrando D'Arcangelo (Felipe II), Marcus Hadodock (Don Carlo(, Mario Luperi (Inquisidor), Vladimir Stoyanov (Rodrigo), Verónica Villarroel (Elisabetta) e Luciana D’Intino (Eboli); Alexander Joel, regente, Roberto Laganá, diretor cênico (10, 13, 15, 16, 17, 18 e 19 de maio).
A Filha do Regimento (Donizetti): Sumi Jo (soprano), Bruce Sledge (Tonio), Andrea Concetti (Sulpicio), Victoria Livengood (Marquesa de Berkenfield), Nelly Meruane (Duquesa), Sergio Gallardo (Hortensio); Andriy Yurkevych, regente, Emilio Sagi, diretor cênicoo (11, 14, 15, 16, 18, 19 e 20 junho)
Tristão e Isolda (Wagner): John Treleaven (Tristão), Jeanne-Michèle Charbonet (Isolda), Boaz Daniel (Kurwenal), Petra Lang (Brangaene), Reinhard Hagen (Rei Mark); Jan Latham-Koenig, regente; Marcelo Lombardero, diretor(18, 21, 24 e 27 de julho)
Nabucco (Verdi): Roberto Frontali (Nabucco), José Azocar (Ismaele), Paata Burchuladze (Zaccaria), Susan Neves (Abigaile); Mauricio Benini, regente, Eric Vigie, diretor cênico (20, 23, 24, 25, 27, 28, 29 e 31 de agosto; 1º de setembro)
Madama Butterfly (Puccini): Hui He (Cio Cio San), Miroslav Dvorsky (Pinkerton), Stéphane Degout (Sharpless), Enkelejda Shkosa (Susuki); Roberto Rizzi, regente, Feita Asari, diretor cênico (14, 18, 20, 21, 24, 25, 27 e 29 de setembro)
A Flauta Mágica (Mozart): Xavier Mas (Tamino), Rachel Harnisch (Pamina), Kristinn Sigmundsson (Sarastro), Franck Leguérinel (Papageno), Aline Kutan (Rainha da Noite); Jan Latham-Konig, regente, Michael Hampe, diretor cênico (25, 27, 29, 30 e 31 de outubro; 2, 3, 4 e 6 de novembro)
O Morcego(Strauss): Sebastián Holecke (Gabriel von Eisenstein), Natalia Ushkova (Rosalinde), Valentina Farcas (Adele), Detlev Roth (Dr. Falke), David DQ Lee (Orlovsky); Frédéric Chaslin, regente, Christian Boesch, diretor cênico (21, 23, 26, 27, 28, 29 e 30 de novembro; 1º de dezembro)
Don Carlo (Verdi): Ildebrando D'Arcangelo (Felipe II), Marcus Hadodock (Don Carlo(, Mario Luperi (Inquisidor), Vladimir Stoyanov (Rodrigo), Verónica Villarroel (Elisabetta) e Luciana D’Intino (Eboli); Alexander Joel, regente, Roberto Laganá, diretor cênico (10, 13, 15, 16, 17, 18 e 19 de maio).
A Filha do Regimento (Donizetti): Sumi Jo (soprano), Bruce Sledge (Tonio), Andrea Concetti (Sulpicio), Victoria Livengood (Marquesa de Berkenfield), Nelly Meruane (Duquesa), Sergio Gallardo (Hortensio); Andriy Yurkevych, regente, Emilio Sagi, diretor cênicoo (11, 14, 15, 16, 18, 19 e 20 junho)
Tristão e Isolda (Wagner): John Treleaven (Tristão), Jeanne-Michèle Charbonet (Isolda), Boaz Daniel (Kurwenal), Petra Lang (Brangaene), Reinhard Hagen (Rei Mark); Jan Latham-Koenig, regente; Marcelo Lombardero, diretor(18, 21, 24 e 27 de julho)
Nabucco (Verdi): Roberto Frontali (Nabucco), José Azocar (Ismaele), Paata Burchuladze (Zaccaria), Susan Neves (Abigaile); Mauricio Benini, regente, Eric Vigie, diretor cênico (20, 23, 24, 25, 27, 28, 29 e 31 de agosto; 1º de setembro)
Madama Butterfly (Puccini): Hui He (Cio Cio San), Miroslav Dvorsky (Pinkerton), Stéphane Degout (Sharpless), Enkelejda Shkosa (Susuki); Roberto Rizzi, regente, Feita Asari, diretor cênico (14, 18, 20, 21, 24, 25, 27 e 29 de setembro)
A Flauta Mágica (Mozart): Xavier Mas (Tamino), Rachel Harnisch (Pamina), Kristinn Sigmundsson (Sarastro), Franck Leguérinel (Papageno), Aline Kutan (Rainha da Noite); Jan Latham-Konig, regente, Michael Hampe, diretor cênico (25, 27, 29, 30 e 31 de outubro; 2, 3, 4 e 6 de novembro)
O Morcego(Strauss): Sebastián Holecke (Gabriel von Eisenstein), Natalia Ushkova (Rosalinde), Valentina Farcas (Adele), Detlev Roth (Dr. Falke), David DQ Lee (Orlovsky); Frédéric Chaslin, regente, Christian Boesch, diretor cênico (21, 23, 26, 27, 28, 29 e 30 de novembro; 1º de dezembro)
rádios na internet
terça-feira, 13 de fevereiro de 2007
malazarte - dvd
Do Lauro: Uma das comemorações do centenário de Camargo Guarnieri será, em julho, a reapresentação, na temporada do Teatro São Pedro, de sua ópera em um ato “Pedro Malazarte”, sobre libreto de Mário de Andrade. Esta será uma produção inteiramente nova de Walter Neiva que, alguns anos atrás, fez uma interessante montagem dessa comédia nesse mesmo teatro e, em seguida, encenou-a em Manaus, no Festival do Teatro Amazonas. Regida pelo maestro Luiz Fernando Malheiro, esta versão de “Malazarte” terá como intérpretes Sebastião Teixeira, Ednéia de Oliveira e Paulo Queirós. Os responsáveis pelo espetáculo estão à procura de patrocínio que lhes permita documentá-lo em DVD – o que seria uma benvinda contribuição à restrita videoteca da ópera brasileira. O diretor Walter Neiva esteve recentemente na Europa: durante os meses de outubro e novembro de 2006, a sua montagem do “Don Pasquale”, de Gaetano Donizetti, foi apresentada na Polônia, com a orquestra da Ópera de Cracóvia regida por Ricardo Kanji e, em seguida, excursionou por quinze cidades da Holanda e três da Bélgica.
"on opera", resenha
Professor da Rutgers University, Jerry Fodor comenta no "Times" o livro “On Opera”, de Bernard Williams (Editora da Universidade de Yale), que traz ensaios sobre algumas das principais obras do repertório. “Teria sido divertido discutir ópera com Williams; ele sabia muito do tema, que amava. Isso a gente sente lendo os seus ensaios. Aqueles acostumados a filosofar para viver víamos nele um lembrete dos dias em que filósofos se preocupavam com mais do que a técnica e sabiam mais do que aquilo que liam nos jornais. Há muitos filósofos assim por aí, claro; mas Bernard Williams estava entre os melhores”, escreve ele sobre o autor. Para ler a resenha completa, clique aqui.
de volta a bach
“Back to Bach”. Este é o título da resenha feita por Paul Griffiths, autor de “A Concise History of Western Music”, de dois novos livros sobre o compositor – “Bach: A Life in Music”, de Peter Williams (Cambridge University Press) e “Bach: Life and Work”, de Martin Geck (Harcourt). Para ler, clique aqui.
mozart por alfred brendel
Vasculhando nos arquivos do “New York Review of Books”, suplemento de resenhas norte-americano, encontrei a reprodução de parte de uma entrevista concedida pelo pianista Alfred Brendel ao jornalista suíço Martin Meyer, publicada integralmente como livro. O assunto: Mozart. O texto é de 2002 o Ano Mozart já acabou. Mas continua sendo uma leitura das mais interessantes (clique aqui). A propósito, também no NYRB, há um texto de 1985, assinado por Brendel, sobre o compositor. “Que este seja o primeiro aviso ao intérprete de Mozart: o tocar piano, por mais impecável que seja, não pode ser considerado suficiente. As obras para piano de Mozart deveriam ser para o intérprete um receptáculo repleto de possibilidades musicais latentes que muitas vezes vão bem além do puramente pianístico”, escreve o pianista. Para ler, clique aqui.
nova ópera, baseada em Steinbeck
O crítico Bernard Holland comenta a estréia, em Minnesota, EUA, da ópera “The Grapes of Wrath”, escrita por Ricky Ian Gordon e Michael Korie a partir de “As Vinhas da Ira”, de John Steinbeck. Para ler, clique aqui. Ainda sobre Minnesota, uma crítica da apresentação da sinfônica local em concerto dedicado a Sibelius, sob regência de Osmo Vänska, o novo queridinho da imprensa norte-americana. Para ler, clique aqui.
oneguin no met - crítica
Também no “New York Times”, crítica elogiosa à remontagem de “Eugene Oneguin”, de Tchaikovski, no Metropolitan. Na foto, o barítono Dmitri Hvorostovsky e a soprano Renée Fleming como Oneguin e Tatiana. Para ler, clique aqui. A propósito, há no You Tube um vídeo com os dois fazendo o dueto final da ópera - não há informações sobre o contexto em que foi filmada a cena, mas ela não pertence a esta montagem do Met. Para ver, clique aqui.
entrevista com anja silja
Anthony Tommasini, do New York Times, publicou no fim de semana uma boa entrevista com a soprano alemã Anja Silja. Ela está nos Estados Unidos para uma série de apresentações como Kostelnicka, na “Jenufa”, de Janácek, em cartaz no MET. Falou da carreira, de aposentadoria e lembrou dos anos em que trabalhou ao lado de Wieland Wagner em Bayreuth. Para ler, clique aqui.
morre o barítono kostas paskalis
Morreu, aos 77 anos, o barítono grego Kostas Paskalis, que ficou conhecido nos anos 60 e 70 por suas interpretações dos principais barítonos de Verdi, em especial na Ópera de Viena. Para mais informações, clique aqui.
grammy - vencedores
Segue a lista de vencedores do prêmio Grammy nas categorias ligadas à música clássica. Nelson Freire, o único brasileiro indicado à premiação, concorria na categoria "Melhor performance solista com orquestra" pelo álbum com os concertos de Brahms, gravados com o maestro Riccardo Chailly.
Melhor engenharia de gravação:
Elgar - Enigma Variations
Britten - The Young Person’s Guide to the Orchestra
Sinfônica de Cincinnati, Paavo Jarvi, (regente), Michael Bishop (engenheiro)
Elaine Martone (produtor do ano)
Melhor álbum clássico:
Mahler – Sinfonia nº 7;
Sinfônica de São Francisco
Michael Tilson Thomas (regente)
Andreas Neubronner (produtor)
Melhor performance orquestral:
Mahler – Sinfonia nº 7
Sinfônica de São Francisco
Michael Tilson Thomas (regente)
Melhor gravação de ópera:
Golijov - Ainadamar
Sinfônica de Atlanta
Robert Spano (regente)
Valerie Gross e Sid McLauchlan (produtores)
Melhor performance coral:
Part - Da Pacem
Coro de Câmara da Filarmônica da Estônia
Paul Hillier (regente)
Melhor performance solista com orquestra:
Messiaen - Oiseaux Exotiques
Sinfônica de Câmara de Cleveland
John M. Williams (regente), Angelin Chang
Melhor performance solista:
Chopin - Noturnos
Maurizio Pollini, piano
Melhor performance de música de câmara:
Intimate Voices
Emerson String Quartet
Melhor performance vocal:
Rilke Songs
Lorraine Hunt Lieberson, mezzo-soprano
Melhor composição contemporânea:
Golijov - Ainadamar
Melhor álbum de crossover:
Simple Gifts
Bryn Terfel, baixo-barítono
Melhor engenharia de gravação:
Elgar - Enigma Variations
Britten - The Young Person’s Guide to the Orchestra
Sinfônica de Cincinnati, Paavo Jarvi, (regente), Michael Bishop (engenheiro)
Elaine Martone (produtor do ano)
Melhor álbum clássico:
Mahler – Sinfonia nº 7;
Sinfônica de São Francisco
Michael Tilson Thomas (regente)
Andreas Neubronner (produtor)
Melhor performance orquestral:
Mahler – Sinfonia nº 7
Sinfônica de São Francisco
Michael Tilson Thomas (regente)
Melhor gravação de ópera:
Golijov - Ainadamar
Sinfônica de Atlanta
Robert Spano (regente)
Valerie Gross e Sid McLauchlan (produtores)
Melhor performance coral:
Part - Da Pacem
Coro de Câmara da Filarmônica da Estônia
Paul Hillier (regente)
Melhor performance solista com orquestra:
Messiaen - Oiseaux Exotiques
Sinfônica de Câmara de Cleveland
John M. Williams (regente), Angelin Chang
Melhor performance solista:
Chopin - Noturnos
Maurizio Pollini, piano
Melhor performance de música de câmara:
Intimate Voices
Emerson String Quartet
Melhor performance vocal:
Rilke Songs
Lorraine Hunt Lieberson, mezzo-soprano
Melhor composição contemporânea:
Golijov - Ainadamar
Melhor álbum de crossover:
Simple Gifts
Bryn Terfel, baixo-barítono
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
hein!?
Mais notícias estranhas. O maestro suíço Michel Tabachnik foi absolvido pela segunda vez, no fim de dezembro, de acusações de ter incitado suicídios em massa de seguidores da Ordem do Templo Solar, uma organização que recebia dinheiro em troca da promessa de que, quando o fim do mundo chegasse, seus membros fariam parte de uma pequena elite que renasceria em uma estrela chamada Sirius. Tabachnik foi aluno de Boulez e Xenakis e, para quem não se lembra, esteve em São Paulo em 2000, regendo a Osesp em uma bela interpretação da “Sinfonia nº 4” de Mahler. Pois bem, um ano depois da visita ao Brasil, ele foi acusado de ajudar financeiramente o líder do grupo, Joseph di Mambo. Na ocasião, ele foi absolvido por falta de provas que demonstrassem claramente sua relação com o culto. Em outubro de 2006, no entanto, Tabachnik foi acusado novamente, não apenas de fornecer dinheiro mas também de escrever textos incitando os suicídios. Seus advogados conseguiram, porém, provar que os textos eram “digressões exotéricas” e que jamais poderiam ter inspirado violência. “O julgamento foi um pesadelo. Foram necessários 11 anos de humilhação e desgraça para que a corte francesa finalmente fizesse justiça”, disse o maestro.
o wando australiano e a diva escandalizada
A soprano neozelandesa Kiri Te Kanawa está sendo processada por um promotor de concertos australiano. O motivo? O cancelamento de uma série de apresentações ao lado do cantor popular John Farnham. Na quinta-feira, Kiri foi ouvida pelo juiz. E explicou que se viu obrigada a pular fora da turnê quando ficou sabendo que mulheres costumavam jogar suas calcinhas no palco durante apresentações de Farnham. “Como eu reagiria, pensando na minha trajetória, quando as calcinhas começassem a cair sobre nós, no palco?”, disse a soprano durante seu testemunho. Ainda não há data para a conclusão do processo. Se perder a causa, Kiri pode ter que desembolsar até US$ 1,5 mi.
curso de história da música
Estão abertas as inscrições para o curso “A História da Música Através de seus Mestres”, que será concedido pelo professor Lauro Machado Coelho no Espaço Cultural Augôsto Augusta. A idéia é tomar o estudo dos grandes nomes de cada período como a porta de entrada para o conhecimento da época em que viveram e produziram, e de suas características estilísticas específicas. Tudo isso em um contexto prático, apoiado em exemplos em áudio e vídeo, visando a dar uma idéia clara dos estilos de época e da evolução dos gêneros e das formas musicais. Entre os autores a serem estudados estão Monteverdi, Bach, Haendel, Vivaldi, Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert e os grandes autores do Romantismo. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (0--1) 3082-1830 ou pelo site do espaço. O início das aulas está previsto para o dia 7 de março e elas seguem, todas as quartas-feiras, até o dia 27 de junho.
relações perigosas
Crítico do “Los Angeles Times”, Mark Swed escreveu um artigo interessante sobre a relação entre maestros e orquestras. Ele começa mostrando como nos últimos 50 anos esta relação passou por uma mudança estrutural, partindo dos maestros tiranos em direção a um poder cada vez maior por parte dos músicos. Maior poder, no entanto, pode levar à sua má utilização, escreve Swed, que passa a tratar de alguns episódios recentes de conflito entre orquestras e maestros dentro dos EUA, como a recusa dos músicos de Baltimore em aceitar uma mulher, Marin Alsop, como regente principal, ou as polêmicas que tem levado a parceria da Sinfônica de Seattle com Gerard Schwarz a um triste fim. Mas tudo isso é só um prelúdio para que Swed ataque o tema que mais lhe interessa: a briga entre a Orquestra de Filadélfia e o maestro Cristoph Eschenbach. A decisão, por parte de Eschenbach, de não renovar seu contrato, que termina no ano que vem, é tema também de artigo da edição de fevereiro da Grammophone. A questão é simples – e é nesta simplicidade que está toda a sua complicação: de um lado, um bom maestro; de outro, uma boa orquestra; tinha tudo para dar certo, mas não deu. Swed está do lado de Eschenbach. E, além de defender a “nova vida” que ele deu à orquestra, critica apaixonadamente o modo como o fim da parceria está se dando: parece que até um livro de ficção foi lançado, tendo como personagem principal um diretor da Orquestra de Filadélfia (cuja descrição bate exatamente com a de Eschenbach), que se envolve sexualmente com uma menina de 12 anos. Há sempre várias versões possíveis para uma mesma história, mas vale a leitura do artigo, é só clicar aqui.
série dedicada ao lied
É uma pena, mas o lied ainda não encontrou um espaço cativo na programação musical de São Paulo – e na do Brasil como um todo, na verdade. Mas para os amantes do gênero, começa terça no Centro Cultural Banco do Brasil uma série que parece interessante, “Uma Temática Poética do Lied”. Serão seis apresentações, sempre às terças-feiras, com direção artística de Peter Dauelsberg e coordenação geral da soprano Marta Herr. Cada recital apresenta canções a partir de um recorte temático. O primeira, nesta terça, tem como tema a Religião – na seqüência, vêm Morte, Erotismo e Exotismo, Amor, Humor e Natureza. Não recebi os repertórios detalhados – e o site do CCBB não traz a informação, apenas os elencos (para ver, clique aqui). Mas o elenco e a diversidade de formações parecem valer a pena. A maioria é de cantores jovens – e é bom saber que tem gente nova se interessando pelo repertório de canções. Detalhe: as apresentações acontecem sempre em dois horários, às 13 horas e às 19h30. E assim que eu tiver o repertório em mãos, coloco aqui.
entrevista com mariss jansons
“O que eu quero é poder continuar ajudando no crescimento desta grande orquestra, interpretando um repertório que vai de Haydn aos compositores contemporâneos. Mas, sabe, mesmo com uma orquestra desse nível, nada acontece sozinho. Você precisa sempre trabalhar para atingir os melhores resultados. Talento é uma coisa, mas trabalho é trabalho”, diz o maestro Mariss Jansons em entrevista publicada no Guardian, de Londres, em que fala da sua relação com a Orquestra do Congertgebouw de Amsterdã e sobre o ofício do maestro. Para ler, clique aqui.
novas informações sobre rostropovich
Foram divulgadas ontem no diário"Komsomolskaya Pravda" mais informações sobre o estado de saúde do violoncelista e maestro Mstislav Rostropovich. Até então, o que se sabia era muito pouco: segundo sua assessoria de imprensa, ele havia sido internado em um hospital de Moscou depois de “passar mal” (não foram fornecidos detalhes), mas seu estado geral de saúde era bom. As informações do jornal russo são um pouco diferentes. Abaixo, reproduzo texto da agência Associated Press sobre a reportagem:
O violoncelista e maestro Mstislav Rostropovich está recebendo tratamento na principal clínica de oncologia da Rússia; visitas são restritas e os médicos estão preocupados com seu estado. De acordo com uma reportagem da edição de hoje do "Komsomolskaya Pravda", o hospital em que Rostropovich foi internado há dois dias é o Centro Blokhin para Tratamento de Câncer, em Moscou, o principal centro de oncologia do país. O jornal afirma que, “depois de passar muito mal” em Paris na segunda-feira, ele “recusou os serviços” dos médicos franceses e voou para a Rússia no dia seguinte. Ainda de acordo com o KP, ele sofreu uma “operação complexa” e seus médicos estão “muito preocupados” com sua condição. Apenas familiares podem visitá-lo – a única exceção foi aberta para o presidente Vladimir Putin, que esteve com o músico na terça-feira. Empregados do Centro Blokhin disseram ao KP que Rostropovich, agora, está passando pelo que descreveram como “um curso de tratamento conservador”. “Esperamos poder evitar uma nova operação”, disse um dos especialistas da clínica, que não quis se identifcar. O jornal afirma ainda que o músico havia sido levado às pressas para o Hospital Central de Moscou no dia 28 de dezembro por causa de uma úlcera, recebendo alta apenas depois do dia 5 de janeiro. A Associated Press procurou a assessora de imprensa de Rostropovich, Natalia Dollezhal, sobre o artigo do KP, mas ela preferiu não fazer comentários.
O violoncelista e maestro Mstislav Rostropovich está recebendo tratamento na principal clínica de oncologia da Rússia; visitas são restritas e os médicos estão preocupados com seu estado. De acordo com uma reportagem da edição de hoje do "Komsomolskaya Pravda", o hospital em que Rostropovich foi internado há dois dias é o Centro Blokhin para Tratamento de Câncer, em Moscou, o principal centro de oncologia do país. O jornal afirma que, “depois de passar muito mal” em Paris na segunda-feira, ele “recusou os serviços” dos médicos franceses e voou para a Rússia no dia seguinte. Ainda de acordo com o KP, ele sofreu uma “operação complexa” e seus médicos estão “muito preocupados” com sua condição. Apenas familiares podem visitá-lo – a única exceção foi aberta para o presidente Vladimir Putin, que esteve com o músico na terça-feira. Empregados do Centro Blokhin disseram ao KP que Rostropovich, agora, está passando pelo que descreveram como “um curso de tratamento conservador”. “Esperamos poder evitar uma nova operação”, disse um dos especialistas da clínica, que não quis se identifcar. O jornal afirma ainda que o músico havia sido levado às pressas para o Hospital Central de Moscou no dia 28 de dezembro por causa de uma úlcera, recebendo alta apenas depois do dia 5 de janeiro. A Associated Press procurou a assessora de imprensa de Rostropovich, Natalia Dollezhal, sobre o artigo do KP, mas ela preferiu não fazer comentários.
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
rostropovich é hospitalizado
O violoncelista e maestro Mstislav Rostropovich está internado desde ontem em um hospital de Moscou. Segundo sua assessora de imprensa, Natalia Dollezhal, seu estado é bom. “Ele não passou muito bem e achamos melhor que fosse internado para exames”, disse ela à agência Associated Press. Ontem, porém, Ronald Wilford, diretor da Columbia Artist Management, que representa Rostropovich há 35 anos, havia dado uma declaração na qual afirmava que a sua “situação não parecia nada boa” – e a má impressão sobre a gravidade da doença (não divulgada) de Rostropovich só foi reforçada pela visita que ele recebeu do presidente russo Vladimir Putin. Segundo Dollezhal, no entanto, o músico deve deixar o hospital em breve e continuar com os preparativos para o concerto que vai marcar seu 80º aniversário, em março. Ela disse ainda que Rostropovich estava internado desde a semana passada em um hospital de Paris mas que, na segunda, resolveu viajar para Moscou.
terça-feira, 6 de fevereiro de 2007
irish times
Noticiamos aqui há alguns dias a saída do maestro Celso Antunes do National Chamber Choir, da Irlanda, por divergências com os rumos tomados pela nova direção executiva do grupo. Volto ao assunto apenas para sugerir a leitura do editorial de segunda-feira do "Irish Times", o jornal irlandês de maior circulação, sobre o caso, entitulado "Choir Struggles". Para ler a íntegra, em inglês, clique aqui - o acesso ao site é fechado mas é possível se inscrever para um teste gratuito de 24 horas. De qualquer forma, em resumo, o texto diz que “choque seria uma descrição branda da reação do mundo musical à notícia”. Segundo o jornal, Antunes transformou “um honroso grupo meio chatinho, que raramente se alçava à altura de suas reais possibilidades, no mais dinâmico e ousado conjunto que a Irlanda já teve”. A programação montada por Antunes “não teve rival em termos de âmbito e audácia”, a ponto de o NCC passar a atrair a atenção de regentes estrangeiros, que passaram a vir como convidados”. Embora o NCC nunca tenha apresentando déficit, as propostas de corte e o estilo de gerenciamento que as autoridades responsáveis queriam imprimir ao grupo estiveram no centro das disputas que causaram o pedido de demissão do maestro. “Seja de que ângulo se encare a questão”, diz o autor do editorial, “os cinco anos do NCC sob Antunes foram a idade de ouro do canto coral profissional na Irlanda, e não será fácil ver onde o coro há de encontrar um sucessor com o mesmo senso de audácia musical e com o mesmo carisma e dedicação”.
ópera - 400 anos
Em 1607 estreava o "Orfeo" de Monteverdi. Portanto, 2007 é o ano do 400º aniversário da ópera. Quem já comemora é o suplemento cultural "Babelia", do jornal espanhol "El Pais", com um dossiê sobre o tema. Para começar a leitura, clique aqui - além do primeiro texto, você contra os links das outras matérias. Aliás, o Babelia é um suplemento no qual sempre vale dar uma olhada - e não só no que diz respeito às coisas da música. ps: a foto acima é de uma produção do Orfeo realizada na Bélgica.
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007
ira levin em brasília - crítica
Do Lauro: Recém nomeado regente titular da Sinfônica de Brasília, o maestro Ira Levin conduziu, no início da semana passada, os dois concertos de encerramento do 29º Curso Internacional de Verão, promovido pela Escola de Música da capital do País. E demonstrou à cidade o que pode esperar, tendo-o à frente de sua principal formação orquestral. O 29º Curso de Verão esteve perto de não se realizar, pois a administração anterior tinha negado a verba necessária para convocá-lo, alegando não querer deixar esse feito para o seu sucessor. A tenacidade do maestro Carlos Alberto Galvão, há anos diretor da EMB, que obteve do novo governador, José Roberto Arruda, os recursos necessários, permitiu que o curso fosse posto de pé em tempo recorde, garantindo a continuidade de um evento tradicional dentro da vida musical brasileira. Em meio aos diversos recitais de música vocal, instrumental e de câmara, realizados durante o 29º CIV, as duas apresentações mais importantes foram os concertos com a orquestra formada por uma centena de jovens bolsistas do curso (reforçada por nove professores como chefes de naipe). Não foi condescendente o programa a eles proposto por Ira Levin: peças de Villa-Lobos, Debussy, Mozart e Bruckner puseram à prova as habilidades dos instrumentistas. O obstáculo mais sério a vencer foi a acústica muito deficiente da Sala Villa-Lobos, a maior do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Inteiramente forrada de carpetes, que absorvem o som, e apresentando, na parte traseira, atrás da última fileira de poltronas, de um imenso espaço vazio em que o som se dispersa, essa típica construção de Niemeyer faz a orquestra soar achatada, nebulosa, como se a estivéssemos ouvindo em um radinho de pilha. Isso afeta, naturalmente, o resultado da interpretação, em obras em que os requintes de instrumentação são tão importantes. No primeiro concerto, na segunda-feira, o Prelúdio e a Fuga das Bachianas nº 7, de Villa-Lobos, e L’Après-midi d’un Faune, de Debussy, foram acompanhados de uma coreografia bastante convencional, mas eficiente, de Giselle Santoro (a da peça francesa, em especial, nem de longe tinha a ver com o poema de Stéphane Mallarmé que inspirou Debussy). Foi bastante convincente a execução; mas o ponto alto da apresentação foi o Concerto nº 24 em dó menor K 491, em que Ira Levin se apresentou como solista e regente. Um dos dois concertos de Mozart em tom menor – o outro é o nº 20 – o K 491 tem uma intensidade emocional e uma riqueza, na combinação dos discursos do piano e dos instrumentos, que Levin soube explorar em todas as suas minúcias. Foi encantadora a cantilena do Larghetto, cuja delicadeza não chega a dissimular a tristeza subjacente. E foi muito bem trabalhada a originalidade formal do elaborado Allegro inicial e, principalmente, do Allegretto final, ao mesmo tempo tema com variações e rondó. Na quarta-feira, a orquestra se apresentou com a Sinfonia nº 4 em mi bemol maior “Romântica”, de Anton Bruckner. Foi admirável – em que pesem os inevitáveis desequilíbrios entre cordas e sopros – o rendimento obtido por Ira Levin na execução dessa peça, que submete às madeiras e metais – em especial as trompas – exigências muito pesadas. A clareza arquitetônica com que foi feito o complexo Allegro molto moderato inicial contrastou com a simplicidade e o lirismo do Andante, com suas delicadas combinações de cordas em legato e pizzicato. E o movimento tecnicamente mais difícil, o Scherzo, com suas fanfarras evocando a floresta e a energia de uma caçada, foi aquele em que a jovem orquestra se saiu melhor. O Finale da Romântica é um movimento mal resolvido, com muitas idéias belíssimas, mas demasiado fragmentado, com partes que se justapõem, sem se integrarem realmente. Ainda assim, foi exuberante a maneira como Levin conduziu o crescendo que leva à coda, na qual os trombones e as tubas, sobre as tercinas das cordas, reafirmam impulsivamente o tema gerador do primeiro movimento.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
ópera de hamburgo, anos 60 e 70
Do Lauro: A imagem está datada, apesar dos esforços para recuperá-la. Mas é enorme o valor documentário de algumas das mais antigas filmagens em cores de ópera, feitas na Ópera de Hamburgo nas décadas de 60/70, quando seu diretor era Rolf Liebermann. Com a fina flor do elenco estável dessa casa alemã, esses filmes, que estão sendo lançados em DVD pelo selo ArtHaus, registram espetáculos de um padrão de conjunto que raramente encontramos, hoje, no mesmo grau. E dão uma idéia da idade de ouro do canto lírico naqueles tempos. "Die Hochzeit des Figaro" – a versão em alemão das "Bodas" mozartianas – é uma montagem de 1964, feita por Joachim Hess para a televisão de Hamburgo, e regida por Hans Schmidt-Isserstedt. Que delícia ver a Edith Mathis de 29 anos – mas parecendo ter apenas 20 – fazendo uma Susanna graciosíssima, ao lado do Fígaro de Heinz Blankenburg, um excelente cantor-ator hoje pouco lembrado, mas que teve o seu apogeu naquela fase. Uma outra cantora pouco conhecida é Elizabeth Steiner, um belo Cherubino – até quase feminino demais para o papel – mas de desempenho vocal sedutor. O casal Almaviva é representado por duas grandes estrelas da fase áurea de Hamburgo: o barítono finlandês Tom Krause; e a soprano americana Arlene Saunders (dentro do mesmo pacote lançado pela Art Haus, Saunders faz a Eva dos "Mestres Cantores de Nuremberg" – que tem Giorgio Tozzi como um Hans Sachs que nada fica a dever a seus coleags alemães). A execução dos números individuais (o “Si vuoi ballar” de Blankenburg; o encantador “Deh, vieni, non tornar”, de Mathis; as duas árias de Cherubino) é muito boa; mas o mais convincente – o que, numa ópera como as "Bodas" é essencial – é a boa interação dos intérpretes nas cenas de conjunto. Mais surpreendente ainda é a "Flauta Mágica" de exuberante fantasia, que o excepcional ator e diretor de cinema Sir Peter Ustinov encenou em 1971, sob a regência de Horst Stein. Se eu lhes disser que a pontinha do Orador é feita por Dietrich Fischer-Dieskau, vocês terão uma idéia do nível de qualidade do elenco. Hans Sotin é Sarastro, o sumo-sacerdote da Luz; e a estratosférica soprano coloratura holandesa Christina Deutekom, no auge da forma, faz as duas árias da Rainha da Noite de maneira esplêndida. Na curtíssima aparição dos Homens Armados, que recebem Tamino e Pamina para as provas da água e do fogo, o tenor é Helmut Melchert, renomado intérprete de Bach; e o baixo é um cantor em início de carreira... que se chama Kurt Moll! Sete anos depois das "Bodas", o tempo não parece ter passado para Edith Mathis, uma Pamina sempre juvenil (a voz, simples ouro puro!). E o Tamino que ela tem a seu lado é Nicolai Gedda, de quem são poucos os documentos em vídeo – o que torna essa "Flauta" ainda mais preciosa. Last but not the least, um outro cantor pouco conhecido, o americano Charles Workman, faz Papageno. Ótimo barítono, Workman é um comediante fabuloso – eu arriscaria a dizer que é o Papageno mais engraçado que já vi em vídeo. Vale a pena ficar atento a essa série da ArtHaus. Além das "Bodas", da "Flauta" e do "Meistersinger" citado acima, ela inclui uma boa versão do "Tsar e Carpinteiro", de Albert Lortzing, e um "Wozzeck" excepcional, regido por Bruno Maderna, em que Sena Jurinac faz uma Marie inesquecível. Talvez haja quem se lembre que essa série foi exibida em São Paulo, em 1974, no auditório do MASP, patrocinada pelo Instituto Goethe. Está mais do que na hora de revê-la – e guardá-la.
novo maestro para o municipal do rio
O maestro Silvio Barbato não é mais o regente-titular da Sinfônica do Teatro Municipal do Rio. O anúncio, sobre o qual o jornal "O Globo" dá materia hoje, foi feito pelo novo presidente da Fundação Teatro Municipal, Luiz Paulo Sampaio. Ele, na verdade, extinguiu o cargo de regente-titular – à frente da orquestra, vão se revezar maestros convidados que vão passar de três a seis meses cada um com o grupo. Foi criada, no entanto, a vaga de regente assistente, que será ocupada pelo jovem maestro e compositor Guilherme Bernstein-Seixas, autor de “O Caixeiro da Taverna”, ópera apresentada no ano passado pelo Teatro São Pedro. “Imutabilidade não é boa. Acredito na pluralidade de técnicas e estilos”, disse Sampaio. O tenor Eduardo Álvares, que ocupava o posto de diretor artístico, também foi exonerado – e, ao menos por enquanto, o cargo será ocupado pelo próprio presidente da fundação. Ele não explicou os motivos para as trocas, disse apenas que, quando muda o governo, “é comum haver exonerações de cargos comissionados”.
entrevista com john neschling
O “Segundo Caderno” de "O Globo" traz na capa da edição de hoje uma entrevista com John Neschling. O site do jornal é fechado, então descrevo aqui parte do que disse o maestro. Não há grandes novidades, na verdade. Ele voltou a falar do sucesso da turnê americana e lembrou que este ano a Osesp segue para a Europa, em 2008 para a Ásia e, em 2009, de novo para os EUA (será o ano do cinquentenário da morte de Villa-Lobos e a idéia é fazer lá a integral das "Bachianas"). Sobre as gravações: este mês sai pela Biscoito Fino o pacote com as sinfonias de Camargo Guarnieri, gravadas originalmente para o selo BIS; e, no fim do ano, será a vez das "Bachianas", com regência de Roberto Minczuk. Neschling aproveitou para se desculpar publicamente pela declaração feita no ano passado sobre o Municipal do Rio – “Se deixar de existir, não vai fazer a menor diferença” –, mas não explicou o que o levou a fazer tal afirmação. Com relação ao concurso de piano, diz que “foi ótimo”. “Evidentemente foi arranhado por um sujeito desqualificado que está sendo processado e vai pagar pelo que fez.” Está se referindo ao pianista israelense Ilan Rechtman, autor das denúncias de supostas irregularidades no processo de seleção dos candidatos. E, perguntado sobre os motivos que levaram à demissão da mulher de Rechtman, violoncelista da orquestra, jogou o problema para “a administração da orquestra”. “Foi justa causa. Certamente não foi por motivo musical.” Uma outra novidade: o cineasta José Joffily pretende filmar ainda este ano um documentário sobre a orquestra e a “vocação para a música”.
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007
para os "tebaldi freaks"
Do Lauro: Uma raridade verdiana: o ato III da Aida em Paris (5-6-1959), com Renata Tebaldi. O búlgaro Dimítri Uzunóv era um pedaço de pau que cantava. Mas, além de La Tebaldi em plena forma, vale a pena ouvir a excepcional Amneris de Rita Gorr, e o excelente Radamés de René Bianco. Ramfis é o italiano Giorgio Tadeo. O regente é o húngaro György Sebestyén, que fez carreira no Opéra de Paris como Georges Sébastien. Seguem os links:
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morre gian carlo menotti - 2
A morte do compositor italiano Gian Carlo Menotti começa a repercutir na imprensa internacional. Clique aqui para ler texto de Bernard Holland, no “New York Times”. Recomendo também a leitura dos quatro comentários deixados pelo Lauro no post original com a notícia do falecimento – para ler, clique aqui.
misturaram os takes? - 2
A respeito do post “Misturaram os Takes”, que falava de um boato que circula na internet sobre a gravação de “Um Baile de Máscaras” feita pelo trio Pavarotti/Tebaldi/Resnik, o colega Renato Rocha Mesquita manda de Belo Horizonte um esclarecimento, que reproduzo abaixo. Quem quiser relembrar do que se trata, pode clicar aqui para ler o post original. Mas, trocando em miúdos, a mensagem falava da possibilidade de, ao lançar a gravação, a Decca ter inadvertidamente misturado os takes bons com os ruins.
O "Ballo" Tebaldi/Pavarotti foi editado em CD em 1998, ou seja, há quase dez anos. E desde então não causou nenhuma celeuma. Se não me falha a memória auditiva, ele é rigorosamente idêntico ao que foi publicado nos anos setenta em discos pretos. O desgaste da Tebaldi e da Resnik é bastante sensível (andei zapeando os Cds hoje mesmo), mas nada que comprometa a edição que é histórica, pois foi a única oportunidade de o jovem Pavarotti gravar com a veterana Tebaldi. O pior momento é a cadenza do trio, na "cova" da Ulrica, do segundo ato - as vozes da Tebaldi e Resnik mal sustentam o melisma final -, mas nada que se possa lamentar, comparado ao atual estado do canto no mundo ( quem hoje em dia faz Amelia e Ulrica com a autoridade de uma Tebaldi e de uma Resnik?) De lá para cá, a ópera não foi reeditada em Cds. Acontece, e isso está no site da Decca, que foi lançado agora no final do ano passado um álbum de 5 Cds de duetos da Tebaldi, em uma nova série, "Masters Series", entre os quais se encontra o dueto "Teco io stò!" com o Pavarotti. Pode ser que essa nova edição tenha sido feita em cima de um take alternativo... mas não há nenhuma referência, como é habito da Decca indicar, a respeito de material "previously unreleased" ou "never released in CD". Não seria esse boato um daqueles "wishfull thinking" que de vez em quando surta por aí? Renato.
O "Ballo" Tebaldi/Pavarotti foi editado em CD em 1998, ou seja, há quase dez anos. E desde então não causou nenhuma celeuma. Se não me falha a memória auditiva, ele é rigorosamente idêntico ao que foi publicado nos anos setenta em discos pretos. O desgaste da Tebaldi e da Resnik é bastante sensível (andei zapeando os Cds hoje mesmo), mas nada que comprometa a edição que é histórica, pois foi a única oportunidade de o jovem Pavarotti gravar com a veterana Tebaldi. O pior momento é a cadenza do trio, na "cova" da Ulrica, do segundo ato - as vozes da Tebaldi e Resnik mal sustentam o melisma final -, mas nada que se possa lamentar, comparado ao atual estado do canto no mundo ( quem hoje em dia faz Amelia e Ulrica com a autoridade de uma Tebaldi e de uma Resnik?) De lá para cá, a ópera não foi reeditada em Cds. Acontece, e isso está no site da Decca, que foi lançado agora no final do ano passado um álbum de 5 Cds de duetos da Tebaldi, em uma nova série, "Masters Series", entre os quais se encontra o dueto "Teco io stò!" com o Pavarotti. Pode ser que essa nova edição tenha sido feita em cima de um take alternativo... mas não há nenhuma referência, como é habito da Decca indicar, a respeito de material "previously unreleased" ou "never released in CD". Não seria esse boato um daqueles "wishfull thinking" que de vez em quando surta por aí? Renato.
celso antunes deixa coro irlandês
Do Lauro: Após cinco anos como o regente titular do National Chamber Choir da Irlanda, o brasileiro Celso Antunes, que há anos reside em Colônia, na Alemanha, pediu demissão do cargo. Em mensagem que me enviou, assim justificou a sua decisão: “O Conselho Diretor do NCC é, atualmente, dominado por pessoas artisticamente insensíveis e desinformadas, cuja única crença é a de que o futuro do NCC deve ser norteado por estratégias voltadas para resultados comerciais, acima da preocupação com o nível de qualidade do conjunto (um dos mais respeitados da Europa, no gênero). Em vista disso, eles demitiram sumariamente a Diretora Artística do Coral, Karina Lundström, a quem há meses vinham tratando de maneira indesculpável. Tornou-se óbvio para mim que será impossível desenvolver projetos artisticamente válidos, se for necessário submeter-se à autoridade desses filisteus artísticos. Acrescente-se a isso o papel muito decepcionante desempenhado pelo Arts Council da Irlanda, nunca materializando um apoio que lhe foi constantemente pedido.” Em sua mensagem, Celso agradece ainda ao público e à imprensa irlandeses o apoio que lhe deram desde 2002; e a toda a equipe do NCC pela lealadade e entusiasmo com que trabalhou sob a sua batuta. É pena um maestro talentoso como Celso Antunes ver-se forçado a pôr um ponto final no trabalho da melhor qualidade que desenvolvia à frente do Coral da Irlanda, por razões tão melancólicas.
morre gian carlo menotti
Notícia que acaba de chegar pela Associated Press: Morreu na manhã de hoje em Monte Carlo o compositor italiano Gian Carlo Menotti. Ele estava com 95 anos. Segundo Francis Menotti, ele estava doente mas teve uma morte “tranqüila, em paz”. Criador do Festival de Spoletto, Menotti é autor de óperas importantes do século 20, como "Amelia al Ballo", "Amahl e os Visitantes da Noite", "O Telefone" e "O Cônsul".
centenário de guarnieri
No “Caderno 2” do Estadão de hoje um pacote sobre o centenário do compositor Camargo Guarnieri, que nasceu no dia 1º de fevereiro há exatos 100 anos. A matéria está colocada no portal do jornal em duas partes. Para ler a primeira parte, clique aqui. Para a segunda, clique aqui. O texto em que João Marcos Coelho fala das obras que mereceriam resgate, eu reproduzo abaixo já que o acesso a ela no portal está bloqueado.
A chance de ouvir um Guarnieri ainda desconhecido
As efemérides contribuem para que o público conheça melhor a obra dos grandes compositores, certo? Errado. Normalmente, só se observa mais do mesmo. E com Camargo Guarnieri deve acontecer a mesma coisa – os ouvidos interessados em conhecer melhor a sua obra terão provavelmente que se contentar com os mesmos ponteios de sempre, a "Dança Brasileira", a "Canção Sertaneja", a "Dança Negra". No domínio da ópera, "Pedro Malasarte", de 1932, deve ir ao palco pela terceira vez em quatro anos (por que não exercitar a curiosidade e encenar, por exemplo, "Um Homem Só", de 1960, com libreto de Gianfrancesco Guarnieri?). A síndrome perversa da repetição nos faz rodear feito peru de véspera de natal em torno do mesmo repertório. A obra de Guarnieri é muito mais do que as (boas) obras citadas. E como ainda temos o ano inteiro para comemorar seu centenário, que tal mostrá-la? Só de canções, são cerca de duzentas. Aliás, neste gênero, as com acompanhamento orquestral são as mais esquecidas e importantes: os "Quatro Poemas de Macunaíma"; a cantata "A Morte do Aviador"; e "O Caso do Vestido", de 1970, baseado em Drummond. As obras corais? Totalmente esquecidas. Também é inexplicável que as obras concertantes de Guarnieri permaneçam no limbo. Só de peças para piano e orquestra são uma dezena. E refletem um belíssimo itinerário que surge e se consolida nacionalista mas adentra o campo do inimigo (a música serial introduzida no Brasil por Koellreutter). São ótimos também o "Choro para Piano e Orquestra" de 1956 e o "Concertino" de 1961. Mas nem tente adivinhar qual foi a última vez que estas peças foram interpretadas no Brasil. As demais obras concertantes não são menos expressivas, mas compartilham com as de piano o fato de serem pouco ou nunca tocadas. É o caso dos dois concertos para violino e dos três saborosos "Choros" para cordas: violino, viola e violoncelo. Aliás, a série dos "Choros" prossegue invadindo o universo dos sopros: o de flauta, o de clarineta e o de fagote, uma de suas derradeiras obras concertantes, de 1991. Um conjunto de obras que merece ser ouvido com atenção. Muitos músicos brasileiros já montaram programas explorando a farta produção de câmara. Assim, haverá mais chances de o público ouvir os três quartetos de cordas; as sete sonatas para violino e piano (sobretudo a polêmica segunda, que Mário criticou duramente); a sonata para viola; e as três para violoncelo.
A chance de ouvir um Guarnieri ainda desconhecido
As efemérides contribuem para que o público conheça melhor a obra dos grandes compositores, certo? Errado. Normalmente, só se observa mais do mesmo. E com Camargo Guarnieri deve acontecer a mesma coisa – os ouvidos interessados em conhecer melhor a sua obra terão provavelmente que se contentar com os mesmos ponteios de sempre, a "Dança Brasileira", a "Canção Sertaneja", a "Dança Negra". No domínio da ópera, "Pedro Malasarte", de 1932, deve ir ao palco pela terceira vez em quatro anos (por que não exercitar a curiosidade e encenar, por exemplo, "Um Homem Só", de 1960, com libreto de Gianfrancesco Guarnieri?). A síndrome perversa da repetição nos faz rodear feito peru de véspera de natal em torno do mesmo repertório. A obra de Guarnieri é muito mais do que as (boas) obras citadas. E como ainda temos o ano inteiro para comemorar seu centenário, que tal mostrá-la? Só de canções, são cerca de duzentas. Aliás, neste gênero, as com acompanhamento orquestral são as mais esquecidas e importantes: os "Quatro Poemas de Macunaíma"; a cantata "A Morte do Aviador"; e "O Caso do Vestido", de 1970, baseado em Drummond. As obras corais? Totalmente esquecidas. Também é inexplicável que as obras concertantes de Guarnieri permaneçam no limbo. Só de peças para piano e orquestra são uma dezena. E refletem um belíssimo itinerário que surge e se consolida nacionalista mas adentra o campo do inimigo (a música serial introduzida no Brasil por Koellreutter). São ótimos também o "Choro para Piano e Orquestra" de 1956 e o "Concertino" de 1961. Mas nem tente adivinhar qual foi a última vez que estas peças foram interpretadas no Brasil. As demais obras concertantes não são menos expressivas, mas compartilham com as de piano o fato de serem pouco ou nunca tocadas. É o caso dos dois concertos para violino e dos três saborosos "Choros" para cordas: violino, viola e violoncelo. Aliás, a série dos "Choros" prossegue invadindo o universo dos sopros: o de flauta, o de clarineta e o de fagote, uma de suas derradeiras obras concertantes, de 1991. Um conjunto de obras que merece ser ouvido com atenção. Muitos músicos brasileiros já montaram programas explorando a farta produção de câmara. Assim, haverá mais chances de o público ouvir os três quartetos de cordas; as sete sonatas para violino e piano (sobretudo a polêmica segunda, que Mário criticou duramente); a sonata para viola; e as três para violoncelo.
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